Moção de apelo em favor dos servidores penitenciários

O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo(SIFUSPESP) elaborou esta moção para que a sociedade e as organizações como um todo voltem seus olhos para os trabalhadores do sistema penal. Eles são indivíduos que enfrentam diariamente um trabalho com seus pés caminhando na tragédia.

A tragédia humana desferida pelo abandono dos governantes que dizem ser a segurança pública uma prioridade, mas que só colocam seus pés em uma unidade prisional no dia da inauguração. Que não presenciam a sobrevivência em uma superlotação e falta de condições dignas nem para o preso e nem para o trabalhador.

Como categoria, sentimo-nos abandonados no meio da tragédia e sentimos o peso de segurar com os próprios braços, sem efetivo suficiente, sem equipamentos adequados, apenas com o poder da palavra, todo o funcionamento de um sistema muitas vezes já dado como falido.

Nós trabalhamos sob a carga psíquica do estado de alerta constante, porque a qualquer momento sabemos que, na situação em que vivem os apenados, não é preciso muito para que a “cadeia vire”, ou seja que enfrentemos uma rebelião.

Vamos para nossos trabalhos pensando que poderemos morrer, saímos dali pensando que poderíamos ter morrido. Muitos de nós são assassinados nas ruas, outros morrem em motins, outros que passam por um motim como refém, tornam-se reféns do trauma.

Não é a toa que daí dados como uma da expectativa de vida de 45 anos aparecem. E todas as semanas presenciamos a morte de um companheiro, seja por suicídio, ataque cardíaco. Todos tão jovens.

Os afastamentos médicos são frequentes dentro dessa categoria por transtornos mentais, como a presença de estresse, síndrome de burnout, depressão unipolar ou bipolar, estresse pós-traumático, entre outras doenças como diabetes, problemas cardíacos e outras psicossomáticas.

Trabalhadores portadores de tais transtornos continuam suas funções por não terem acesso a um tratamento efetivo, à psicoterapia, ou um suporte que realmente traria um alívio para o sofrimento causado por tais doenças.

E aqui não deixamos de expor, e nos expor - por assim dizer - afirmando que também enfrentamos problemas que passam pelo abuso de substâncias psicoativas. O álcool, a droga mais barata e mais fácil, é a que afasta mais dos nossos companheiros das suas famílias, da nossa convivência e da vida. Entre outras substâncias.

Qualquer problema que passe pelo sistema prisional, seja da violência ou das drogas, passa pelo trabalhador e pela forma que esse trabalhador vê e enfrenta esse problema também, por isso consideramos importante a participação da nossa categoria neste seminário como oportunidade de abertura de diálogo para enfrentarmos o que quer que venha disso.

Assim, estamos aqui num clamor para que entidades nacionais e internacionais levantem a bandeira dos direitos humanos para o trabalhador do sistema prisional. Só assim poderemos mudar a realidade de alguma forma.



Fábio César Ferreira Jabá - Presidente do SIFUSPESP
São Paulo, 16 de novembro de 2017

ASSINAR Abaixo-Assinado

Qual a sua opinião?