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CARTA ABERTA DOS PSICANALISTAS EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Para: Cidadãs e cidadãos brasileiros

Nós, psicanalistas de diferentes associações/instituições, em nome próprio, viemos a público manifestar nossa posição em defesa do Estado Democrático de Direito e expressar nosso mais veemente repúdio ao fascismo, que, ultimamente, vem se alastrando de forma significativa e, porque não dizer, de forma assustadora, na vida social da nação brasileira.

Entendemos que, para nos constituirmos como seres falantes, é imprescindível que tenhamos inscrito um pacto que reja a vida civilizada, a dignidade e o respeito ao outro; uma Lei Simbólica. O percurso do candidato que se apresenta à presidência da Repúlblica, Jair Bolsonaro, tanto em seu discurso, quanto em suas ações, evidencia, sem equívocos, uma postura e um posicionamento conduzidos, inteiramentre, à revelia desta Lei Simbólica, à medida em que faz a sua própria lei, de modo ostensivamente arbitrário, à margem dos âmbitos instituicionais e à revelia de qualquer mediação dialógica a partir dos poderes instituídos, portanto, à margem das leis que regem o pacto social reconhecido e referendado, colocando, sobretudo, em risco o sentido da legalidade deste pacto.

A convocação feita em um gesto-slogan da campanha do candidato Bolsonaro é a convocação para a transgressão coletiva de um interdito primário, fundador e radical, que é a interdição de matar. Os efeitos dessa convocação têm sido cada vez mais frequentes e mais cruéis, revelando que, agora, as expressões de ódio estão ultrapassando os perigosos limites de sentimento de ódio para o gozo expresso no ato de odiar, pela via concreta da violência sobre o corpo do outro, no ímpeto de exterminar esse outro em sua diferença, seja ela qual for. O gesto de ódio avançou da esfera particular do sujeito para a disseminação coletiva do horror, através da violência física e mental materializada nas suas diversas traduções. A barbárie, assim, instaura-se, contundente e cada vez mais forte em todo corpo social.

O caminho tomado que abole o diálogo e passa à supressão total do outro, termina por destituir a política de uma das suas principalidades: a instauração da ordem pública. O psicanalista, por sua vez, filia-se ao lado basilar da política, por esta se vincular, de forma inalienável, na sustentação do dizer; através da circulação da palavra na cidade. Isso tudo faz com que não nos furtemos ao ato deliberado de escrita desta Carta.

Entendemos, desde Freud, ou seja, desde a instauração da Psicanálise em seus princípios fundantes, que há em nós uma dimensão obscura, indomada, de pulsões agressivas sobre as quais precisamos, permanentemente, fazer um trabalho de linguagem, diga-se, de forma extensiva, em rumo ao civilizatório. No espaço onde cada cidadão dito “de bem” é capturado pelo discurso de ódio, será, neste suposto lugar, o ponto em que cada um será capturado pelas tendências mortíferas que habitam singularmente em todos os sujeitos. Quando isso se exerce, em larga escala, temos consequências catastróficas, como a atrocidade histórica que foi o nazismo, por exemplo. O Estado, desta forma, deixa de ser uma instância de função também coercitiva para garantir a lei aplicada a todos e passa a usar da prerrogativa do seu poder de coerção para manter um poder autocrático.

Reafirmamos, com esta Carta, nossa defesa pública, responsável e consciente, em prol do Estado Democrático de Direito e, ao mesmo tempo, convidamos e convocamos cada cidadã e cidadão, enfim, todos nós, para assegurar, agora e sempre, inarredável e permanentemente, o trabalho, individual e coletivo, de retomada do pacto civilizatório que nos permite viver, uns com os outros, com respeito às diferenças, comprometidos com os direitos humanos, respeitosos à Constituição que organiza e conduz a vida coletiva civilizada. Constituição que, hoje, apresenta-se comprometida no seu exercício, pois, carece do seu cumprimento, inclusive, por aqueles que têm por profissão, e/ou missão, assegurá-la, em toda a sua integralidade, no Brasil.

Assinamos,

Maria Emília de Carvalho Lapa - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Manoel Ferreira - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)
Amélia Lyra - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF) e Association Lacanienne Internationale
Roberta Cristina Rodrigues Aymar - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB) e Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise
José Carlos Lapenda - Escola Brasileira de Psicanálise (EBP)
Luiz Felipe Andrade - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Gracia Azevedo - Fórum de Psicanálise do Recife
Ana Izabel Correa - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Ivan Corrêa - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Verônica de Carvalho Belfort - Psicóloga e Psicanalista
Gleci Mar Machado de Lima - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Jacques Laberge - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)
Ana Lúcia Falcão - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)
Doris Rinaldi - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)
Sonia Sarmento - Psicanalista
Josilene Rodrigues Xavier - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Edna Freitas - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Maria De Fatima Belo De Morais - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Rodrigo Passarelli de Brito - Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise
Carla Novaes Carvalho - Fórum de Psicanálise do Recife
Denilson Bezerra Marques - Fórum de Psicanálise do Recife
Isabela Cribari - Círculo Psicanalítico de Pernambuco (CPP)
Severina Silvia Maria Oliveira Ferreira - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)
Marcela Carolina Schild Vieira Emiliozzi - Psicanalista
Gláucia Faria da Silva - Psicanalista
Ladjane Ramos Caporal - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Teresa Pinheiro - IPUB/UFRJ
Carlos Menezes - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Charlyston Noronha - Fórum de Psicanálise do Recife
Felipe Augusto de Almeida Pessoa - Fórum de Psicanálise do Recife
Mônica Vieira de Souza - Psicóloga e Psicanalista.
Eliane Albuquerque - Centro de Estudos Freudianos do Recife (CEF)
Marcelo Bouwman - Círculo Psicanalítico de Pernambuco (CPP)
Gilda Kelner - Círculo Psicanalítico de Pernambuco (CPP)
Letícia Patriota Da Fonseca - Association Lacanienne Internationale e Espaço Moebius
Francisca Guerra - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)
Eliene Rodrigues - Psicanalista
Dulce Luna - Círculo Psicanalítico de Pernambuco (CPP)
Ana Maria Campello Lima - Fórum de Psicanálise do Recife
João Alberto Carvalho - Círculo Psicanalítico de Pernambuco (CPP)
Lúcia Carneiro Leão - Fórum de Psicanálise do Recife
Joana Barros da Costa - Tempo Freudiano Associação Psicanalítica.
Fatima di Matteo - Círculo Psicanalítico de Pernambuco (CPP)
Alba Paiva - Psicanalista
Helena Floresta - Psicanalista
Heluane Peters - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)
Mércia Irabel Soares - Fórum de Psicanálise do Recife
Manuel Losada - Psicanalista
Antônio Guinho - Intersecção Psicanalítica do Brasil (IPB)




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