Moção de Repúdio à prisão do jornalista Matheus Chaparini
Para: Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Moção de Repúdio
Os participantes do 37º Congresso Estadual dos Jornalistas, reunidos em Caxias do Sul nos dias 24 e 25 de junho de 2016, manifestam, de forma veemente, o repúdio à violência cometida pelo Estado do Rio Grande do Sul por ocasião da prisão do jornalista Mateus Chaparini no dia 15 de junho de 2016. Desde o inicio da operação deflagrada pela Brigada Militar para desocupar o prédio da Secretaria da Fazenda, onde se encontravam os secundaristas, o profissional se identificou como repórter do Jornal Já e, mesmo assim, foi preso juntamente com os estudantes e com o cinegrafista independente Kevin D’Arc.
Além disso, o jornalista manteve a identificação na Delegacia de Polícia e, apesar disso, foi encaminhado para o Presídio Central, onde permaneceu até a madrugada do dia 16. Mesmo assim, está respondendo a processo por dano qualificado em patrimônio público, associação criminosa, esbulho possessório e corrupção de menores.
Entendemos que a ação da Brigada Militar não está de acordo com um momento democrático e desrespeita os direitos humanos e a cidadania, que deveria servir de norte para nossos governantes. A prisão arbitrária do jornalista e do cinegrafista é, com toda a certeza, um ataque direto a liberdade de imprensa e de expressão. As autoridades usam de dois pesos e de duas medidas, pois tratam de forma diferente os profissionais da mídia independente na comparação com os que atuam em veículos tradicionais.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul está acompanhando o caso em diversas frentes. Além de colocar seus advogados à disposição de Matheus Chaparini, solicitou que o Ministério Público do Rio Grande do Sul apure a arbitrariedade. A entidade também entregou um ofício ao presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim, e participou de encontro com deputados do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa para cobrar uma ação do governador José Ivo Sartori, que se mantém insensível e acolhe a versão de que o jornalista não se identificou no momento da retirada, como se isto justificasse a sua detenção.
Assim, manifestamos nosso repúdio com a posição do governador que, na condição de comandante em chefe da Brigada Militar, autorizou a ação e não se sensibilizou sequer com os vídeos que mostram as arbitrariedades cometidas. Conclamamos, portanto, que chefe do Executivo gaúcho volte a manter diálogo com as entidades que denunciam o ato e respeite os diferentes movimentos sociais, que têm direito à livre manifestação de seus interesses.