Abaixo-assinado Emprego para graduados
Para: PRESIDENTA DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
VOSSA EXCELÊNCIA PRESIDENTA DILMA VANA ROUSSEFF
Escrevo a Senhora para perguntar quando o estudo no Brasil realmente será beneficiado? Sou jornalista graduada com boas notas, fiz especialização também me formando com eximia grandeza, sou também formada em nível técnico nos cursos de comércio exterior, comissária de vôo, manutenção de microcomputadores, supervisão de ouvidoria e qualidade; locução de rádio e TV, e ainda, fiz intercâmbio para ganhar fluência no idioma espanhol, como se pode ver não me faltou vontade de estudar e habilidade para obter conhecimentos. Ainda assim estou sem emprego fixo desde que me formei (2006).
Meus rendimentos que adquiri com empregos informais e ficaram por três anos na poupança renderam quase nada e com o nascimento do meu único filho chegaram ao fim. Ontem ao comprar jornal e procurar emprego meu desespero chegou ao limite não havia uma única vaga para um profissional na área das ciências sociais. Li que tem crescido o número de estrangeiros que conseguem emprego no Brasil, e ainda, para me deixar mais desesperada que houve o aumento de vagas de emprego em São Paulo. Quero então saber qual é o meu erro? É não ter quem me apadrinhe numa empresa? É não aceitar prestar favores sexuais?
Quando estive no Peru estudando para um dia chegar à carreira diplomática meus colegas europeus, norte-americanos, africanos e do novíssimo continente me perguntavam como era possível com tantas qualificações profissionais, num país que diz-se emergente eu poderia estar desempregada? Em qualquer país desenvolvido eu estaria escolhendo em que empresa trabalhar. Teria um carro próprio e estaria preparando-me para adquirir meu próprio lar. Em menos de um mês na cidade de Cuzco consegui emprego na semana internacional de moda e no meu país, nem mesmo sou chamada para entrevistas de emprego.
Estou com 32 anos e entrei no mercado de trabalho aos 18 e ainda hoje não vi o Brasil mudar. Tenho amigos também da classe média na mesma situação que estou. Os das outras classes estão todos empregados, porque tiveram pais para conseguir favores em outras empresas, por continuarem negócios de família ou por que não tem qualificação e conseguem trabalhos com facilidade. Meu presidente não é o Barak Obama que sabe que precisa cuidar da classe média, então reporto-me a Senhora: quando os alunos formados com esforço dos pais terão sua vez no mercado de trabalho brasileiro? Sinto vergonha dos meus pais com a situação que vivo, para eles que viveram uma época diferente da minha, fica difícil explicar que com todo o estudo que adquiri não existem empregos para trabalhar.
Gostaria de descobrir aonde devo procurar emprego no Brasil (?) – que existam vagas de verdade – que não sejam concursos de gaveta, que não sejam vagas dentro de sites que te cobram para ver onde está o mercado de trabalho que se está legitimado a ficar fora? Quero ter as mesmas chances que os jovens dos países desenvolvidos. Quero ter condições de criar meu filho com a certeza que poderei pagar por seus estudos – como meus pais pagaram para mim. Quero poder pagar meu remédio controlado e de uso contínuo. Quero ter uma vida social e cultural que custa muitíssimo alto no meu país, mas com a certeza que tal hábito indispensável não pesará no orçamento da minha família e no prato do meu filho.
Senhora Presidenta, a senhora é mãe e mulher como eu, sabe como é perverso e sacrificante as exigências que sofre uma mãe de família gostaria que me apontasse como adquirir esperanças, novos horizontes e forças para acreditar que posso crescer dentro do meu país? E onde encontrar o meu trabalho que está sendo negligenciado apesar de todas as minhas forças em buscar uma chance de sustentar meu filho e honrar minhas contas?! Quando terminaremos nossos estudos sabendo que haverão chances para buscarmos uma retribuição a tudo que investimos como estudantes? Para que tantos fundos de investimento para quem começa uma graduação se não existe mercado para pagar por esses investimentos no futuro? Quando o Brasil cuidará dos seus jovens?
Atenciosamente, Andréa Lima Muniz
