Abaixo-assinado Solidariedade aos Companheiros Cloves e Darci
Para: Companheiros de Cloves e Darci
A nação brasileira passa por um bom momento da sua história. A esperança de uma vida melhor e com maior dignidade viceja em uma vasta maioria. E o Brasil transborda esta esperança para outras nações e povos. A esperança é o que move os indivíduos e os povos, nos seus momentos melhores ou quando mergulhados nas trevas mais profundas de uma ditadura; é a força que desenha o futuro, rumo à conquista da utopia concreta, segundo Ernest Bloch.
Esses avanços são os resultados da luta cotidiana de milhões de homens e mulheres, que possuem maior ou menor consciência, mas que estão sempre dispostos a labuta e a solidariedade. São pessoas comuns em sua grandeza.
Mas a luta de classes pode ser áspera e cruel, cobrando de alguns o dever de se transformarem em heróis, mesmo que não tenham buscado este doloroso destino.
Este é o caso de dois militantes o Cloves de Castro, operário metalúrgico e da professora de alfabetização de adultos e advogada, Darci Toshiko Miayki. Jovens ainda sofreram a vergonha de verem sua pátria agredida por um golpe militar fascistizante. Decidiram como tantos outros – por exemplo, a jovem mineira Dilma Rousseff - se opor a esta infâmia. Os fluxos dos acontecimentos os levaram a militar na Ação de Libertação Nacional (ALN) onde dedicaram o melhor de si, com esforços e sacrifícios.
Em momentos e lugares diferentes caíram nas garras da repressão e foram estraçalhados nos corpos e no espírito nos porões da ditadura. Comportaram-se com dignidade, inimaginável a quem não passou por este círculo dantesco do inferno. Depois, dias e noites que se transformaram anos de cárcere.
Chegou a democratização e estes dois revolucionários continuaram suas vidas com as dificuldades de todos para sobreviver, mas sem jamais deixar apagar as chamas do ideal que acenderam no início da vida, sendo militantes sociais até os dias de hoje.
Nós que assinamos esta missiva, os conhecemos, e alguns tivemos a honra de militarmos com eles ainda nos duros anos da ditadura militar. Entre os muitos livros que foram escritos sobre o período, dois afirmam que os companheiros Cloves e Darci traíram a organização que faziam parte e aos seus companheiros. Rechaçamos de forma categórica tal aleivosia, e insistimos em declarar a nossa mais alta estima a estes dois heróicos companheiros.
A história quando escrita tem que ser séria, documentada principalmente quando faz afirmações de tal gênero, que podem causar danos morais profundos e irremediáveis. Não pode ser o “ouvi falar”. Autores que assim se comportam, diminuem a si próprios e tendem a destruir a esperança.
Recordando a Bíblia judaica – cristã: ali está escrito que o único pecado sem remissão é o pecado contra o Espírito e o Espírito representa a esperança.
Atenção, em não cair nesta culpa e perseverar no erro.
