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Abaixo-assinado Campanha “EU GOSTARIA DE TER SIDO INFORMADO/A SOBRE A DIVERSIDADE”

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Campanha “EU GOSTARIA DE TER SIDO INFORMADO/A SOBRE A DIVERSIDADE”

Eu gostaria de ter tido esclarecimento sobre a diversidade sexual e de identidade de gênero quando estava na escola. Eu gostaria de ter sido informada que existia mais de uma forma de se relacionar além de um homem e uma mulher. Eu gostaria de saber que não é porque eu nasci com um determinado sexo, que isso determine meu gênero.

Um depoimento: Se eu fosse heterossexual, saber que homens relacionam-se entre si e mulheres relacionam-se entre si durante a infância não me faria ser homossexual, me faria ser uma pessoa menos preconceituosa. E mesmo sem ter tido a informação disso, hoje eu sou homossexual, tendo sido criada por pais heterossexuais que se amam e estão juntos até hoje. Eu já sabia que gostava de meninas com 8 anos de idade, mas por conta de um sistema social, político, familiar, etc., só fui aceitar isso com 16 anos. Eu já sabia desde criança que eu não era uma menina como as outras meninas. Gostaria de ter ouvido na minha primeira série primária que gostar de meninas é algo que acontece, é natural, é normal assim como gostar de meninos. Eu gostaria de ter sido apresentada por meus professores ao “kit gay” na escola onde estudei desde o primário. É um erro pensar que a homossexualidade se resume a práticas sexuais. É o "primeiro amor" de infância, é o beijo roubado, é o apaixonamento de cartas românticas e borboletas no estômago, é a sensibilidade do amor, é o plano conjunto de conjugalidade de família também. Eu teria sido sim, muito mais feliz. E a minha história não é única. Quem pode falar mais do surgimento do sentimento e do desejo homossexual que os próprios homossexuais? Claro que muitos homossexuais também só se conscientizaram de sua sexualidade quando jovens, quando adultos, e quem disse que não houve um recurso muito forte de homofobia fazendo com que as coisas fossem assim?

A sexualidade humana não se compõe de um ou outro fator. É reducionista dizer que um kit gay, um folheto de festa, um filme, uma propaganda na tv, ver dois homens ou duas mulheres se beijando em público, ter pais homossexuais induzirá uma criança ou um jovem ou uma pessoa adulta a ser homossexual ou a ser heterossexual. Não se 'vira' heterossexual nem homossexual de uma hora para outra, é um processo longo de produção da sexualidade que se inicia desde os primeiros momentos da vida, nos contatos com o corpo, as sensações de prazer, dor, afetos, nos processos de identificação desejantes, românticos, familiares, com outras crianças, com outros adultos, com a experiência com a rejeição, com a discriminição, com o acolhimento, com o amor, é um misto que para cada um, cada fator tem seu peso, tem seu momento, ou não faz a mínima diferença. Nossa subjetividade é composta de experiências muito particulares para cada pessoa, e é muito mais complexa do que imaginamos. Se diante de tantos fatos que "induzem" à heterossexualidade (livros infantis, desenhos, novelas, casamentos, e a vida cotidiana em si) ainda vemos que, 10% da população é exclusivamente homossexual, isso quer dizer que a produção da homossexualidade está em porções da nossa subjetividade que não temos como explicar. A ciência não sabe explicar porque uma pessoa é homossexual, não se sabe porque uma pessoa é heterossexual também! Sabemos que a maioria é heterossexual porque existe uma compulsoriedade social que leva todos nós à heterossexualidade, e que muitos se tornam infelizes no meio dessa caminhada inversa ao seu desejo. Muitos homens se casam e têm filhos, e buscam outros homens pela noite, muitas mulheres são infelizes em seus casamentos e só permanecem nele por uma regra social ou pelos filhos, sem coragem de ser feliz. Muitos homossexuais não se assumem, isto é fato, diante de tanta homofobia (e isso que dizer violência, exclusão, rejeição), inclusive em sua própria família. Será que sabemos ser éticos em relação à sexualidade e em relação aos desejos? A filósofa Marilena Chauí nos explica o que é ética:

[...] uma ação só será ética se consciente, livre e responsável e será virtuosa se realizada em conformidade com o bom e o justo. A ação ética só é virtuosa se for livre e só o será se for autônoma, isto é, se resultar de uma decisão interior do próprio agente e não de uma pressão externa. Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito entre a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores morais de sua sociedade (os valores são dados externos ao sujeito).

Podemos dizer que exercer uma ética no ramo da sexualidade humana é fazer da fluidez do desejo um ato livre, consciente e responsável, e não manipulado por um discurso de disciplinarização e regulação, portanto, de controle heteronormativo. A partir disto, em momento algum podemos dizer que uma pessoa homossexual deve ter inibida a sua homossexualidade ou sua expressão de afeto e erotismo por seus pares quando a expressão de afeto e erotismo é permitida aos cidadãos heterossexuais e não lhes é proibida a livre vivência de sua sexualidade. Assim como somos cotidianamente informados, desde crianças, que homens e mulheres se relacionam em relações heterossexuais, também temos o direito de ser informados que também existem relações homossexuais e que estas são legítimas quanto a heterossexual, que não são doenças, que não são loucuras, que não são aberrações, especialmente em um ambiente onde cotidianamente se fala sobre isso de modo discriminatório, pejorativo, humilhante e violento por meio de agressões e piadas, como na escola. Assim, se uma criança tem contato com a palavra “viado” e “sapatão” desde a infância, essa criança também tem o direito de saber o que realmente isso significa, sem tornar-se um cidadão violento e discriminatório no futuro, e/ou, também, um cidadão infeliz. Se a democracia e a igualdade entre as pessoas é o nosso ideal de sociedade, a democracia e a igualdade devem existir inclusive no âmbito da ética do desejo.

Tanto para pessoas heterossexuais quanto para pessoas homossexuais, lanço a Campanha “EU GOSTARIA DE TER SIDO INFORMADO/A SOBRE A DIVERSIDADE”


Comentários: “Sou homossexual, não sou homem, não sou mulher, sou cidadã brasileira”
Moro em São José dos Campos, tenho 29 anos.




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