Abaixo-assinado VESTIBULAR UFRN SEM USO DO ENEM
Para: Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe)
Unificar o vestibular das universidades federais, influenciar os processos seletivos das particulares e reorganizar o currículo do Ensino Médio. Estes eram os principais objetivos do plano de reformulação do Enem, apresentado pelo MEC no início de 2009.
Textos longos com inúmeras informações desnecessárias e questões que exigem amplo conhecimento em determinado assunto fizeram parte da prova. O tempo para realização é um absurdo, em torno de 3 minutos por questão. As questões são incompatíveis aos ideais propostos pelos organizadores: reduzir o índice de desigualdade social, tão profundo em nosso país e fazer com que todos os cidadãos apresentem uma visão crítica sobre variados temas. Ficamos pensando em um morador da periferia, que estuda em uma escola totalmente defasada, realizar o exame. Com certeza, esta pessoa ficará muito decepcionada quando, na verdade, não lhe foram oferecidas oportunidades suficientes de progredir. Alunos de escolas muito conceituadas encontraram diversos problemas com a complexidade das questões. Imaginem um aluno que frequenta uma escola ruim e tem o desejo de mudar, de melhorar socialmente, profissionalmente e culturalmente? Este ficará desestimulado por um sistema que oprime e oferece pouquíssimas oportunidades aos menos favorecidos.
O descaso com a educação é uma vergonha: professores mal pagos, infra-estruturas educacionais indecentes, alunos sem vontade alguma de estudar. Precisamos fazer algo urgentemente para mudar este cenário de falta de perspectivas, de incertezas, que toma conta de todos nós. Como se não bastassem uma prova mal feita e adiada, o Enem cometeu mais uma pérola: publicou domingo, após a realização do exame, o “gabarito”. Este gabarito considerava correto respostas que eram totalmente absurdas ao que fora perguntado. Depois de algum tempo, o Enem deu uma acochambrada, na linguagem popular, um “jeitinho brasileiro” e colocou o gabarito correto como se nada tivesse acontecido.
O ministro da Educação afirma ainda que o Inep está abalado por exemplo pelo furto da prova e que é preciso melhorar a auto-estima da equipe e dos participantes. É muito difícil isso acontecer, pois, de um exame em que a prova é furtada e/ou adiada, as questões são mal feitas e o gabarito é publicado errado, o que você vai esperar? Você irá confiar na credibilidade do Enem? Depois do que aconteceu, é provável que muitas universidades diminuam a importância disso, que nem pode ser considerado um exame.
E como se não bastasse a UFRN, com um argumento fraco que será uma ilha na região, única universidade federal do nordeste a não aderir ao Enem, ainda quer acreditar nesse exame? Cabe a nós, sociedade civil organizada, impedir que isso ocorra e exigir que se mantenham todos os critérios atualmente estabelecidos e usados nos últimos vestibulares elaborados por aquela instituição de ensino superior.
Diante do exposto, solicitamos que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) não aprove o uso do Exame Nacional do Ensino Médio como critério de seleção para 50% das vagas do Vestibular 2013, através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) que ocorrerá no final deste ano.
Os signatários
