Abaixo-assinado Dos artistas e fazedores de cultura em apoio à candidatura de Renato Roseno
Para: Artistas e fazedores de cultura de Fortaleza
MANIFESTO PELO DIREITO DE INVENTAR OS MUNDOS QUE HABITAMOS
De quantos sonhos materializamos uma realidade? De quantos desejos inventamos novos mundos?
Mais um dia/noite onde somos convidados a tecer encontros, cuidando de uma rede de pequenos gestos, capazes de sustentar grandes vontades. Mais um dia/noite onde instauramos novos espaços, onde bons encontros alimentam práticas e esforços, agregando boas vontades, contribuindo para que o habitar seja mais que uma circunstância, seja umainvenção. Mais uma oportunidade de dar a ver o essencial, nem tão óbvio assim: ética e estética não se separam!
Têm sido assim, os nossos dias: bandeiras em punho, gritos de ordem, gestos fortes e cansados, mas que insistem, porque na própria insistência se renovam. Nós, fazedores de arte e inventores de vida, implicados numa mesma recusa, seguimos alargando os possíveis, bravos e doces – dóceis jamais! (Não parece haver sempre alguma doçura nos atos que surgem de um idealismo? Quem dera ser hoje outro tempo, onde doçura não provocasse tanta desconfiança em nossos corpos endurecidos, e onde não precisássemos lembrar recorrentemente que idealismo não é má fé, assim como esperteza não é inteligência.)
Um encontro com Renato Roseno nos instiga a dizer: somos artistas interessados em afirmar, juntos, que nada é impossível de mudar! Momento necessário de contágio, atravessamentos, intensidades e afetos partilhados, porque é na experiência da partilha que irremediavelmente o outro nos convoca.
Todo processo de aproximação se faz lento. As pessoas se achegam devagar, de mansinho. As cadeiras nas calçadas e os bancos de praças acolhem diferentes expectativas: uns afirmam, outros perguntam, outros ainda observam. É assim mesmo, o exercício primeiro de mapeamento sensorial dos afetos: o que nos mobiliza? qual a Fortaleza que te move? onde nossas Fortalezas se encontram?
Labuta difícil, essa, de encontrar sentido e desejo, nesse jogo pérfido no qual a política se converteu. Desafio hercúleo permanecer na cena, tentando abrir espaço no meio do inferno para alimentar um outro refazimento, investindo na política como queremos.
São muitas as urgências e enormes as impossibilidades. Mas eis o que fica claro, nas falas manifestas: não se trata apenas de ganhar ou perder uma eleição, trata-se de inventar novas regras para esse jogo. Trata-se da possibilidade de inventar o próprio jogo: a Vida. Trata-se de abrir espaço para o que já não está, para o que não é dado existir. Inventar, portanto, é tornar possível. Inventar o jogo, a vida, as relações, os mundos. Aqui trata-se do direito de habitar os mundos que inventamos. Ou, ainda, do direito de inventar os mundos que habitamos.
Na invenção de si, é que cada um de nós inventa-se como comunidade, e assim inventamos mundos. E operamos no afeto, porque entendemos afeto como intensidade. Existimos e agimos por todos os afetos de que somos capazes, por nossa capacidade de afetar e sermos afetados.
Isso importa: entendermos que inventar e habitar são duas operações de uma mesma prática, existir. E porque somos natureza, tudo está por ser ser construído ou instaurado, e tudo o que fazemos/criamos interfere na existência, nossa e do outro. Por conseqüência, tudo o que deixamos de fazer/criar, também.
A construção de um Comum - lugar, sentido, território - possível de habitarmos, se ressente de tanta inércia e omissão. Sem isso, sem uma implicação coletiva nessa construção, capaz de possibilitar e fortalecer novos pactos, somos deserto, terra árida e estéril, onde nenhum plantio vingará. Pior: continuaremos a habitar a Terra das Velhas Práticas e Alianças, o velho mundo.
Eis a aposta que Renato nos propõe: a invenção da cidade é a invenção do encontro! Como fazermos da cidade territórios de resistência coletivas, plásticos e permeáveis ao que há de vir, ao que precisa vir? Como avançar com novas estratégias para velhos problemas, instaurando práticas mais éticas de partilhas e afirmando a esfera pública? Como investir em novas condições de convivialidade e bem viver?
Arte e Vida, indissociáveis.
Desafios à mostra, aposta lançada, convite aceito.
Seguimos juntos! Porque a vida está acima do lucro. Que venham os novos encontros.
Apoiamos a candidatura de Renato Roseno pois acreditamos que Nada é impossível de Mudar.
