Abaixo-assinado PROTESTO MATRÍCULA LETRAS FCLAR
Para: CONSELHO DO CURSO DE LETRAS - CAMPUS UNESP ARARAQUARA
Estranho os novos fatos que vem ocorrendo no cursos de Letras desta faculdade.
Em 2012, o Conselho de Curso de Graduação em Letras determinou que o acadêmico de graduação deve obrigatoriamente escolher uma língua estrangeira, apenas, para bacharelar-se e licenciar-se, pois, por limitações legais, explicitadas pelo MEC, não é possível a diplomação concomitante de duas línguas estrangeiras.
Estranha limitação essa da lei. Razões postas dizem que assim deve ser, pois desse modo o estudante não dispersa os estudos, permitindo-lhe concentração maior numa única língua estrangeira. A lei parece supor que o universitário não tem autonomia nem inteligência para decidir por si mesmo se tem tempo, vontade e capacidade para, se assim quiser, cursar duas línguas e, por consequência, diplomar-se nas duas.
O legislador também parece não confiar muito na formação dada aos estudantes nem na avaliação dos professores durante o curso, pois, como é de conhecimento público, por óbvio, só tem direito a diplomar-se aquele estudante que conseguiu passar nas avaliações para atingir a nota válida. Ou seja, se o estudante cursou duas línguas, foi avaliado nas duas e conseguiu aprovação em ambas, tudo indica que ele mereça o diploma pelas línguas que cursou.
Assim, partindo do princípio de que uma lei só tem razão de ser visando o bem comum. Pergunta-se: qual o prejuízo ao bem comum se um estudante for capaz de se formar em duas línguas estrangeiras concomitantemente dentro dos 7 anos que tem direito para concluir o curso de Letras? Por acaso, se assim proceder estaria colaborando para a corrupção das instituições e para a degradação do ambiente universitário?
Mas deixemos essa lei de lado, cuja sombra é grande e fiquemos na observação do aspecto que nos interessa aqui em Araraquara, no nosso curso de Letras.
É sabido que em Araraquara é tradicional o ensino de letras clássicas (latim e grego) e letras modernas. Assim, o que na prática vem ocorrendo há anos é que muitos graduandos daqui querem cursar concomitantemente uma língua clássica e um língua moderna. A clássica como base cultural e formativa, a moderna por evidentes maiores oportunidades de aula (leia-se sobrevivência). A solução então encontrada pelos graduandos daqui, tensionados entre uma e outra, foi cursar as duas.
Com muito esforço até é possível entender que se deva dar cumprimento a uma lei, mesmo ela sendo escancaradamente ruim. Assim, seria até compreensível que o Conselho de Curso da Graduação de Letras obrigue o aluno a escolher a língua em que queira diplomar-se. Agora limitar e evitar que o aluno matricule-se em outra língua estrangeira, proibindo sequer que a língua exista como optativa em seu currículo, é chegar às raias do absurdo e incoerência, é limitar a formação universitária e humanística à mediocridade acadêmica em vez de estimulá-la a um nível de excelência, é querer impor a especialidade de cabresto a todo custo em vez de uma formação abrangente e de amplas perspectivas, principalmente porque estamos falando de graduação e não pós-graduação.
Logo, olhando para o caso específico da tradição do curso de Letras na Unesp em Araraquara, nada justifica a proibição do graduando em cursar uma língua clássica e outra moderna de forma concomitante.
Então, que se mude o sistema já, que se mudem as determinações, que se mudem as orientações, pois ainda queremos acreditar que os sistemas e as orientações existem para servir e facilitar os estudos e não os estudos e nós a eles. Nós, os estudantes.
Matrícula para duas línguas já.
Araraquara, 20 de janeiro de 2012.