MOVIMENTO AUTOCRÍTICA 15: Vamos conversar?
Para: Filiados ao MDB / POA
O MDB é um dos partidos mais antigos em atividade no Brasil e a nossa trajetória se confunde com a própria defesa da democracia, seja com o combate à Ditadura, as lutas pela Anistia, o fim da tortura, o movimento “Diretas Já” e a garantia de uma nova constituinte. Infelizmente este passado foi manchado nos últimos 30 anos. Com uma política adesista da cúpula nacional, o partido, desde a redemocratização, participou de todos os governos federais, independentemente do viés ideológico de quem estava no poder.
Tal postura transformou o MDB nacional em um partido marcado pelo fisiologismo, sem qualquer identidade política e sem um projeto para o Brasil. Os interesses dos caciques, que fazem negociatas em troca de cargos, nunca esteve próximo dos anseios da população. Sem contar que muitas destas lideranças nacionais estão envolvidas em casos de corrupção. O resultado disso é a pior derrota que a legenda teve desde a sua fundação, tendo feito apenas 34 deputados federais, sendo hoje uma bancada sem influência na Câmara e no país.
No Rio Grande do Sul ainda é diferente. O MDB teve a oportunidade de governar o estado por quatro vezes, com Pedro Simon, Antônio Britto, Germano Rigotto e, agora, José Ivo Sartori. Sempre que governou, o partido deixou marcas importantes para o desenvolvimento do estado e o bem-estar das pessoas. E quando oposição, nunca fora irresponsável com as pautas de interesses coletivos.
Essa conduta séria também levou o partido a administrar as principais cidades gaúchas por várias oportunidades – e ainda hoje governa mais de uma centena de municípios gaúchos –, entre elas Porto Alegre, sob a liderança de José Fogaça, com uma postura de preservar as conquistas e construir mudanças. Durante este período, que teve sequência na administração de José Fortunati, podemos listar inúmeras ações e obras que ainda hoje são reconhecidas pela população, como, por exemplo: a construção de mais de 60 novas Creches, a continuidade e inovação do Orçamento Participativo, a implantação do SUAS, a elevação do tratamento de esgoto para quase 70% (via PISA), o combate aos alagamentos com obras estruturantes, a nova Orla do Guaíba, a nova Chocolatão, o equilíbrio das contas públicas, a Governança Solidária, o Camelódromo, entre outras. Entendemos que a crise financeira dificulta a administração pública, mas sempre que estivemos no poder tivemos a criatividade necessária para encontrar soluções para o bem das pessoas, sem ficar buscando culpados.
Agora, chegou o momento de refletir sobre os rumos que o partido deve tomar nos próximos anos. Seja em 2016, nas eleições municipais, seja em 2018, nas eleições estaduais, os eleitores deram um recado explícito: queriam mudança. E os projetos emedebistas foram derrotados. Cabe, portanto, que o MDB respeite esta escolha e assuma o papel de oposição colaborativa na Assembleia, assim como faz na Câmara Municipal, sempre pensando no bem das pessoas. Além disso, emerge a necessidade de uma permanente avaliação interna. A Executiva do MDB-RS já iniciou um processo de autocrítica que culminará com um Congresso Estadual para o mês de março de 2019. Pensamos que o mesmo pode acontecer em Porto Alegre, tendo em vista as notícias que estão circulando por aí de que a Executiva Municipal do MDB tem feito tratativas para participar no governo local. Este é um tema de tamanha importância para a vida da cidade e do nosso partido que ele não pode ser tratado apenas pela Executiva. Participar de governos não é, por si só, um equívoco, mas para discutir qualquer participação é preciso, antes de falar em ocupação de espaços, ter uma pauta política e administrativa para melhorar a vida das pessoas e da cidade, o que não estamos vendo até o presente momento.
Nos preocupa que o atual governo municipal não vem cumprindo os compromissos que assumiu durante a campanha. Marchezan disse que não atrasaria salários, mas está pagando parcelado aos servidores. Ele afirmou que diminuiria os cargos de confiança, mas manteve o mesmo número. Disse que acabaria com a “indústria das multas”, mas nunca se multou tanto em Porto Alegre quanto neste governo. Além disso, o atual prefeito propôs uma reestruturação administrativa que, depois de quase dois anos, não trouxe nenhuma mudança real que qualificasse os serviços públicos. E ainda precisamos levar lembrar a falta de diálogo de Marchezan com os vereadores, com o funcionalismo público e com a sociedade civil. Sem contar que muitas obras deixadas quase prontas pelo governo anterior não foram terminadas, que o Orçamento Participativo foi abandonado, que a Governança Solidária não existe mais, entre outras questões. Nunca se viu uma cidade tão abandonada quanto agora.
Por essa razão, os militantes signatários deste documento propõem que seja realizado um Congresso Municipal do MDB de Porto Alegre, imediatamente, em que todos os filiados que queiram participar tenham vez e voz para discutir o futuro do partido e se querem ou não entrar neste governo