Guapimirim contra o desmatamento para a construção de um shopping
Para: Exma. Sra. Prefeita de Guapimirim, Marina Pereira da Rocha Fernandez
Em 2019, o ex-prefeito de Guapimirim, Zelito Tringuelê, anunciou durante um evento voltado aos servidores públicos a construção de um shopping de lojas comerciais no lugar onde atualmente se encontra o único trecho de floresta que resistiu ao crescimento urbano dos últimos anos. A área fica no início da Avenida Dedo de Deus, entre o Posto Ipiranga e o condomínio Bosque dos Cambucás). A área tem aproximadamente 1 hectare e abriga mais de 100 árvores de diferentes espécies, em um ecossistema que abrange também animais e outras formas de vida, além de ser um corredor ecológico conectado a um morro com vegetação preservada e de contribuir para a recarga do lençol freático e a proteção do solo contra processos erosivos. Após uma ampla mobilização social por meio das redes sociais e deste abaixo-assinado, o projeto foi deixado de lado na época. Agora, na gestão da prefeita Marina do Modelo, a construção do empreendimento foi aprovada e acaba de iniciar.
Quem mora em Guapi há muito tempo deve se lembrar daquele friozinho que sentíamos quando entrávamos na cidade pela avenida principal. A partir da Estrada Imperial havia um grande trecho de floresta que tornava a temperatura do local mais baixa mesmo em dias mais quentes. É o chamado microclima: uma variação do padrão climático geral em decorrência de condições físicas específicas de um pequeno espaço, como a topografia, a vegetação e o solo. Há alguns anos atrás, foi erguido ali um condomínio sem que a população fosse previamente consultada (pelo menos não de maneira transparente e abrangente). Em 2019, também próximo dali, árvores centenárias deram lugar a um posto de gasolina construído outra vez sem uma consulta pública. Sobrou apenas um hectare de floresta que, apesar de tudo, ainda garante a paisagem natural e também mais conforto climático para quem chega à cidade.
Guapimirim tem quase 80% do território em área de proteção ambiental. Na prática, não é bem assim, uma vez que a fiscalização ainda carece de atenção por parte de todas as instâncias do poder público (municipal, estadual e federal). Mesmo frente às atuais discussões em pauta no país, como as queimadas da Amazônia e a tragédia do óleo que atingiu o litoral nordestino, os gestores públicos municipais ignoram o desenvolvimento sustentável de Guapimirim ao se articularem a favor do desmatamento de uma área verde importante, destruindo a natureza, desconfigurando a identidade local, abalando o senso de pertencimento da população, indo no sentido contrário do turismo local, gerando impactos socioambientais e minimizando o potencial do empreendimento, uma vez que há outros locais mais apropriados para a construção de um shopping em Guapimirim - como, por exemplo, as inúmeras áreas improdutivas, de pasto ou sem vegetação às margens da Rodovia Rio-Teresópolis ou no bairro Cotia. Um shopping em algum ponto entre o Parque Santa Eugênia, Parada Modelo e o pórtico principal de Guapimirim atenderia tanto aos munícipes quanto aos milhares de motoristas que passam pela via diariamente, potencializando o alcance de público e de lucratividade dos lojistas, gerando consequentemente mais emprego e renda entre os moradores.
Sim, é possível buscar o desenvolvimento com equilíbrio, sem prejudicar o meio ambiente, a vida e as próximas gerações. Se você acredita que o patrimônio natural (juntamente com o histórico-cultural) é a nossa maior riqueza, assine este abaixo assinado e mobilize mais pessoas a favor desta causa: #EmbargaMarina
