Petição Pública contra o ensino a distância e pela permanência estudantil na UNIFESP!
Para: Reitoria, Pró-reitoria de Graduação e Pró-reitoria de Assuntos Estudantis da Universidade Federal de São Paulo
A pandemia causada pelo coronavírus (COVID-19) e as recomendações dos órgãos competentes a nível nacional e internacional para que se estabelecesse um período de quarentena no Brasil, assim como a aplicação de outras diversas
medidas para a contenção da contaminação pelo vírus, culminou na decisão da gestão da universidade de suspender as atividades em todos os campi por tempo indeterminado.
Assim que anunciada a paralisação das atividades a Pró-reitoria de Graduação solicitou aos cursos que fizessem um levantamento de quais das suas unidades curriculares conseguiriam transmitir seu conteúdo de maneira online, para
que então essa possibilidade fosse debatida nas comissões de curso, nas câmaras de graduação, conselhos de campus e enfim nos conselhos superiores da universidade. O fato é que durante esse período os docentes de diversas UCs, em muitos dos campi, orientaram os estudantes a realizar uma série de atividades online (seja por google classroom, hangout, e-mail etc).
O Diretório Central dos Estudantes da UNIFESP e todos os estudantes abaixo-assinados vêm por meio desta repudiar qualquer tipo de atividade de caráter virtual que seja obrigatória, substitutiva ao conteúdo presencial e que não considere a realidade e as condições materiais de nossos estudantes. Rechaçamos também a portaria assinada pelo Ministério da Educação que “flexibiliza” o EaD nas universidades, mais uma medida que ataca diretamente os estudantes e os IFES. A
universidade pública não deve reproduzir a lógica e atender aos interesses dos mais ricos desse país, que apoiam que a maior parte da população continue trabalhando, estudando e sendo “produtivos” durante esse período de medos e incertezas.
A discussão sobre condições ou não de seguir num “plano EaD” vai muito além de ter um computador/notebook ou não. É também sobre permanência. Nós consideramos que o ensino a distância
NÃO SUBSTITUI em qualidade, as aulas presenciais da UNIFESP. Aplicar o Ead como modalidade substitutiva para conteúdos que foram pensados e planejados para o modelo presencial é, mais uma vez, sucatear o ensino das universidades públicas, já que ignora o fato de estas possuírem como um de seus principais ideais o ensino que vá para além das salas de aula e que incentiva outras formas de aprendizado, não valorizando portanto um ensino voltado a apenas aulas técnicas e teóricas;
DESVALORIZA o processo pedagógico e precariza o trabalho docente, que além de possuírem um plano pedagógico diferente, não receberam nenhum preparo para atuarem dentro dessa modalidade, e serão privados da possibilidade de cuidarem
de suas famílias neste momento de tanto medo e apreensão.
NÃO ABRANGE os três pilares da Universidade Pública: ensino, pesquisa e extensão.
EXCLUDENTE aos estudantes PCD’s e aos que não possuem acesso a internet e espaço adequado para estudar por plataforma digitais;
EXCLUDENTE às e aos estudantes que são encarregadas do cuidado de seus filhos (principalmente com o fechamento das creches e escolas) e outros familiares, aos estudantes que trabalham e aos estudantes pobres.
A UNIFESP e sua PRAE são referências nas políticas de permanência e não pode deixar os estudantes cotistas, mulheres mães, estudantes trabalhadores e trabalhadoras - que são os principais afetados por essa crise instaurada pela pandemia e pelo governo Bolsonaro, dos empresários e dos banqueiros - a mercê das incertezas, sem saber como passarão por esse período em suas casas, com suas famílias, e se por fim conseguirão retomar seus estudos e finalizar a graduação.
Exigimos portanto um posicionamento da gestão da Universidade Federal de São Paulo, que seja o de repudiar junto aos estudantes e às entidades estudantis todas as formas de ensino a distância, priorizando assim a permanência estudantil, se somando à luta contra as desigualdades no país e em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.
Reivindicamos também:
- Revogação da EC do teto de gastos (EC 95)
- Mais verbas para a saúde e educação
- Mais investimentos para o Hospital Universitário e firme combate à
precarização e às privatizações
- Garantia de bolsas acadêmicas e de permanência estudantil
- Que os créditos do Restaurante Universitário não sejam invalidados