CARTA DOS MERENDEIROS DE MACEIÓ PARA A SEMED

Cara secretaria, diante das últimas notícias e pretensões desta secretaria na elaboração de protocolos de retomada das aulas por parte das escolas municipais, vimos por meio desta carta aberta evidenciar questões já sabidas pelos integrantes do setor responsável pela alimentação escolar do município, mas que valem ainda assim serem consideradas antes de mais nada:

1- Considerar que, desde que a prefeitura decidiu por paralisar as aulas, ainda em março de 2020, os merendeiros nunca foram mobilizados ou chamados a integrar nenhum projeto ou momento oficial de formação por parte da SEMED. Por conta própria, e ainda deslocados, grande parte de nós temos feito cursos, formações, assistido lives e reuniões que tenham relação com manuseio e alimentação no contexto da crise causada pela pandemia. Mas, consideramos um grande erro, que, em um momento como esse, não tenhamos um direcionamento efetivo, até mesmo para que possamos construir o relatório individual obrigatório;

2- Considerar que, mesmo antes da pandemia, há anos a SEMED não oferta todos os EPIs necessários para o bom andamento do trabalho dos merendeiros, no intuito de garantir nossa segurança. Os funcionários lotados pelo último concurso de 2017, por exemplo, sequer receberam uniformes;

3- Considerar que a maioria de nós cozinhamos almoços e jantas com diversos níveis na preparação, fato que esta secretaria insiste em chamar de refeição ligeira para não nos pagar como cozinheiros;

4- Considerar que nos submetemos aos vários riscos por conta da temperatura de nossas cozinhas, que também insistem em dizer que somos exagerados para não nos pagar os devidos;

5- Considerar a escassez de funcionários lotados em cada escola, já que a SEMED adotou um cálculo irresponsável de 1 funcionário para cada 100 crianças. Isso tem impacto na qualidade e na saúde de nosso trabalho. Em um CMEI com 100 crianças, por exemplo, fica de responsabilidade para 1 funcionário: preparar várias refeições diferenciadas, incluindo as dos bebês, e ainda limpar a cozinha e cuidar do estoque. Somos humanos! Lembramos também que o salário base para os concursados de 2017 é R$827 e que esta mesma prefeitura se utiliza de gratificações como o difícil acesso, anuênio ou as horas extras para complementar o salário mínimo obrigatório;

6- Considerar que nossas cozinhas não são ambientes arejados, e, a grande maioria não possuem pias para a lavagem de mãos, por exemplo.

7- Considerar que temos um quadro de merendeiras e merendeiros com diversos quadros de saúde problemáticos, muitos deles conquistados no dia a dia precário de nosso trabalho. E temos os que, mesmo aptos e dispostos ao trabalho, se enquadram no grupo de risco. O tele trabalho para eles, numa possível volta, tem sido vista com preocupação, já que esta prefeitura, em 2019, adotou por meses um desconto indevido aos que se utilizaram do direito a serem afastados por doença e receberem integralmente seus salários.


Diante destas considerações, solicitamos que, quaisquer iniciativas de retomadas incluam:
• Formação técnica dos merendeiros para novos procedimentos no manuseio e preparação dos alimentos pós retomada;
• Preparação física das cozinhas;
• Reforço de funcionários da limpeza das escolas;
• Testagem em massa dos funcionários aptos a trabalhar;
• Aferição de temperatura todos os dias antes de iniciar o trabalho;
• Oferta de uniformes completos aos cozinheiros;
• Oferta de álcool em gel 70 específicos para mãos;
• Oferta de protetores faciais de acrílico;
• Oferta de máscaras, luvas e aventais descartáveis;
• Afastamento com remuneração integral aos servidores em grupo de risco.

Qual a sua opinião?