COMEMORAÇÃO DO DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE SOROCABA
Para: Ilmo. Sr. Márcio Bortolli Carrara - Secretário da Educação do Município de Sorocaba e Ilmo. Sr. Dylan Roberto Viana Dantas - Vereador do Município de Sorocaba
SOROCABA, 25 DE MAIO DE 2022.
Sou Bruna Souza Soares, 29 anos e mãe de uma aluna de 06 anos da Rede Municipal de Ensino da Cidade de Sorocaba-SP.
Esta Petição Pública é para externar minha completa indignação quanto a NÃO COMEMORAÇÃO DO DIA DAS MÃES NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DA CIDADE DE SOROCABA-SP, O MEU PROFUNDO DESCONTENTAMENTO EM RELAÇÃO A RESPOSTA DO DIRETOR DA ESCOLA QUANTO A ESSE ASSUNTO e, propor a REALIZAÇÃO DE UMA ASSEMBLEIA COM TODOS OS PRINCIPAIS INTERESSADOS, QUE SÃO OS PAIS OU RESPONSÁVEIS PELOS ALUNOS, PARA JUNTOS DISCUTIRMOS, VOTARMOS E, DECIDIRMOS SE CONTINUAREMOS OU NÃO A COMEMORAR ESSE TIPO DE DATA NAS ESCOLAS DE NOSSA CIDADE.
Confesso que nas últimas duas semanas relutei em escrever esta Petição Pública. Mas a desagradável experiência que vive durante a última reunião de pais e mestres que aconteceu em 12/05, às 9h30min, na Escola Municipal Reverendo Augusto da Silva Dourado - Éden, me fez mudar de ideia. Relutei por medo! Medo de expor minha filha e causar algum tipo de constrangimento em seu convívio escolar. Porém, o medo de me entregar a essa espiral do silêncio em que as atuais questões ideológicas tentam nos submeter todos os dias, e não lutar pelo que eu acredito, me fez pensar e tomar uma atitude, por mim e principalmente pela minha filha!
Durante a reunião, o Diretor da escola passou na sala em que estávamos para fazer algumas colocações e dar alguns recados. No final, ele perguntou se alguém tinha dúvidas ou se gostaria de acrescentar algo. Foi aí que me pronunciei quanto ao meu descontentamento em não haver tido qualquer comemoração referente ao Dia das Mães. O Diretor, então, argumentou que algumas datas não serão mais comemoradas, por uma questão de “inclusão”. Sendo elas: Dia das Mães, Dia dos Pais, Páscoa e Natal – nos dois últimos – levando em consideração que algum aluno pode não ser Cristão. De acordo com ele, as definições sobre não comemorar essas datas tradicionais, foram estabelecidas pelos membros do conselho da escola em questão.
Vale ressaltar que de acordo com dados do último Censo do IBGE, a grande maioria da população brasileira se diz cristã: sendo o Catolicismo Romano representado por 64,6% da população, Protestantismo 22,2%, Sem Religião 8%, Espiritismo 2 % e, Outros 3,2%.
No caso específico do Dia das Mães e dos Pais, vou citar alguns dos argumentos que ele utilizou para valer da não comemoração:
• A escola não deve seguir os moldes de quando ele começou a docência em 1977;
• As famílias estão mudando e não possuem o mesmo padrão de composição;
• Algumas crianças são filhas de duas mães ou dois pais;
• Algumas crianças foram criadas por avós, avôs, tias, tios, entre outros;
• Algumas crianças têm suas mães ou pais reclusos em presídios;
• Algumas crianças têm suas mães ou pais dependentes de vícios químicos, o que os faz não serem presentes na vida escolar;
Contra-argumentei todos eles:
• Concordo que não devemos seguir o padrão de escola de 45 anos atrás, as inovações acontecem o tempo todo e cada vez em uma escala de tempo menor, precisamos nos adaptar para não sermos engolidos. Mesmo com todos os avanços que ocorreram no mundo, os deveres da escola de 45 anos atrás e de hoje, continuam sendo os mesmos! Que além de pedagógico, é social e cultural. E isso não mudou!
A comemoração do Dia das Mães acontece desde 12 de maio de 1907, quando Anna Jarvis, dois anos após o falecimento de sua mãe, (Ann Maria Reeves Jarvis, fundadora do Mothers Days Works Clubs, em 1958, que tinha por principal objetivo diminuir a mortalidade de crianças em famílias de trabalhadores) criou um memorial para homenageá-la e começou sua jornada para que essa data se tornasse um feriado reconhecido. O que veio a acontecer 7 anos depois, em 8 de maio de 1914, quando a resolução “Joint Resolution Designating the Second Sunday in May as Mother’s Day”, foi aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, instaurando o segundo domingo do mês de maio como Dia das Mães.
No Brasil a data começou a ser comemorada em Porto alegre - 1918, pela Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS), através do então Secretário-geral da instituição, Frank Long. Mas apenas em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data comemorativa.
Dito isto, fica claro que além de sua importância SOCIAL e CULTURAL, o Dia das Mães é também uma data HISTÓRICA!
No site da Secretaria da Educação, encontramos a seguinte descrição quanto ao seu papel na vida escolar: “Implementar e gerir políticas públicas educativas que garantam o desenvolvimento físico, SOCIAL, econômico, político e CULTURAL de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos como seres ao mesmo tempo únicos, integrais e plenos, com muita responsabilidade administrativa, política e social a fim de garantir a educação pública como direito humano fundamental”.
Portanto, está claro que as escolas municipais que não estão comemorando essas datas, consequentemente agem com negligência;
• Concordo também que os padrões de composições familiares estão mudando, mas toda família tem uma representatividade Materna e Paterna, seja ela composta como for;
• As crianças que são filhas de duas mães, comemoram o Dia das Mães, e as crianças que têm dois pais, comemoram o Dia dos Pais. Cada uma em sua respectiva data;
• Os que foram criados por avós, avôs, tias, tios, entre outros, como eu disse anteriormente, têm uma representatividade Materna e Paterna, seja ela composta por quem for;
• Sobre as crianças que têm suas mães ou pais reclusos em presídios, essas, certamente estão sendo assistidas por algum representante legal que pode ser homenageado (a) nessas datas. O que não pode de forma alguma é, além do filho (a) do recluso (a), que também acaba sofrendo e sendo penalizado pela sentença da reclusão de seus genitores, eu e minha filha que exercemos nossos deveres corretamente e não estamos em débito com a justiça, sermos penalizadas e não termos o direito de comemorar essa data na escola;
• Quanto as crianças que, infelizmente, têm suas mães ou pais em situação de dependência química, penso como no tópico anterior, não podemos ser penalizados por atitudes e escolhas de terceiros. A falar por mim, que sou mãe ativa e presente na escolar da minha filha. E nesses casos de dependência química, acredito ainda, que a escola deveria começar a pensar num projeto de conscientização sobre como são devastadores os efeitos de quaisquer tipos de entorpecentes, não só para a saúde física e mental, mas para vida pessoal, profissional, social, sentimental, entre outros.
Finalizei meu posicionamento com o seguinte questionamento: SE ESSAS DECISÕES TOMADAS PELAS ESCOLAS TÊM O OBJETIVO DE INCLUSÃO, QUAL A LÓGICA EM À MEDIDA QUE SE INCLUI ALGUMAS CRIANÇAS, EXCLUIR TODAS AS OUTRAS E NÃO AS FAZER TAMBÉM REPRESENTADAS EM SEUS PADRÕES TRADICIONAIS / CONSERVADORES?
A resposta do Diretor foi clara: “SE VOCÊ QUER CONSERVAR ESSES VALORES, O FAÇA NA SUA CASA. NA ESCOLA COMEMORAREMOS APENAS O DIA DA FAMÍLIA, ASSIM TODOS ESTARÃO REPRESENTADOS POR SUAS DIVERSAS COMPOSIÇÕES”.
Vale ressaltar que durante toda essa discussão de ideias entre mim e o professor, basicamente não consegui falar, pois ele me interrompia a todo momento e não deixava que concluísse meu raciocínio. Mudava completamente o teor da conversa falando sobre a importância do feminismo, e que se hoje eu posso trabalhar fora de casa ou votar, é graças ao movimento.
Mas não irei entrar nessa seara! Primeiro, porque o Feminismo não me representa! Segundo, porque não irei fugir do tema como ele fez, minha preocupação é uma base cultural importantíssima que vem sem negligenciada na escola da minha filha.
Cito ainda, que durante toda discussão os responsáveis presentes permaneceram calados, fui a única que expus minha insatisfação com o ocorrido. Porém, após o Diretor se retirar da sala, os que estavam presentes se mostraram favoráveis ao meu ponto de vista começaram a se manifestarem favoráveis as comemorações dessas datas.
Diante do exposto, proponho a realização de uma assembleia com todos os principais interessados, que são os pais ou responsáveis pelos alunos de todas as escolas municipais da cidade de Sorocaba, para juntos discutirmos, votarmos e, decidirmos se continuaremos ou não a comemorar esse tipo de data nas escolas. Haja vista que ainda vivemos em uma democracia e a vontade da maioria deve sempre prevalecer (respeitando e acolhendo as condições dos demais).
SE VOCÊ CONCORDA QUE DEVEMOS RESGATAR ESSA CULTARA NA CIDADE DE SOROCABA, ASSINE ESSA PETIÇÃO E COMPARTILHE!