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Solicitação ao Ministério da Congregação Cristã no Brasil - orientações políticas

Para: Ministério e Conselho de Anciães da CCB (por meio do email no site oficial)

Ao Ministério e ao Conselho de Anciães,

Na qualidade de membros [1] da Congregação Cristã no Brasil, comunicamos, por meio desta, nosso desejo por notórios esclarecimentos em relação a pontos recentemente propagados no site oficial da Congregação, em circulares ou em discursos proferidos nos cultos realizados em todo o país.

Particularmente, como explicaremos, gostaríamos de esclarecimentos explícitos, por meio de circular, sobre o conteúdo do tópico de ensinamento 18/2022 [2] bem como sobre as motivações para redigi-lo e propagá-lo amplamente nos cultos por meio da circular 136/2022 [3].

Adiantamos que nos dirigimos aos irmãos do Ministério com muito respeito à antiguidade e à guia do Espírito Santo que sempre esteve presente entre os irmãos; entretanto, considerando que em nossa Congregação não deveria haver, de fato, nenhum tipo de hierarquia, conforme prevê nosso Estatuto [4], nos demos essa ousada liberdade, a fim de que todos os membros da Congregação pudessem ser ouvidos e representados pelo Ministério.

Solicitamos esclarecimentos, pois, como é do conhecimento de todos sobre fatos noticiados nas mais diversas mídias, temos vivido em um ambiente intensamente hostil, violento e, portanto, diabólico. Um ambiente que não suporta o diálogo e que não aceita a diversidade em seus amplos aspectos, quer de pensamento quer de identidades.

Essas violências físicas, verbais ou emocionais, contudo, não têm se limitado aos ambientes externos à Congregação, mas, como o próprio Ministério já emitiu circular [5] e tópicos de ensinamentos, até mesmo entre a irmandade e nas famílias cristãs a hostilidade tem se reproduzido devido, simplificadamente, a uma crença de que só existe um “ideal” político próprio ao cristão.

Louvamos a Deus pela luz dada aos irmãos, ao redigirem que “Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos”, pois, de fato, nenhum governo que seja autoritário, ou violento, ou que pregue ódio aos desafetos, entre outras desvirtudes, deveria ser eleito por cristãos. Nenhum.

Igualmente, jamais deveríamos, como cristãos, eleger governos que proponham a desconstrução das famílias, se entendermos essa “desconstrução” como o impedimento legal de os cristãos continuarem a se casar “entre homem e mulher”, que é como a Congregação entende o casamento aceito por Deus.

Compreendendo dessa maneira o tópico de ensinamento 18/2022 e o conteúdo da circular 136, perceberíamos a luz de Deus sobre todos. Entretanto, o que se nota é que esse conteúdo tem criado ruídos, murmurações, contendas, divisões e facções entre a irmandade e nas famílias, pois, tomam-se conteúdos oficiais como esse e os negligenciam, tornando-os partidários.

Em um ano eleitoral como o que estamos e em um contexto nacional em que a disputa em todas as esferas políticas está polarizada, de maneira que mais importa eleger ideologias baratas do que propostas de governo coerentes e que atenuem a fome e a miséria, em todo lado nos deparamos com artimanhas minando a democracia e a lisura do processo eleitoral. Tira-se do foco o que é importante para todos (educação de qualidade, emprego, seguridade social, segurança pública, saúde, alimentação saudável e segura etc.) ao se criar um inimigo fantasioso ou ao propagar notícias falsas. Faz-se muitos cristãos, ao “combaterem contra o ar”, ferir amigos, familiares e irmãos na fé e, assim, ferir os próprios princípios cristãos e o próprio Cristo.

Não queremos eleger nenhum governo anticristão, de direita ou esquerda, que anseie governar para poucos; também não aceitaremos qualquer governo autoritário, de direita ou esquerda, que elimine o direito de a Congregação ou qualquer outra instituição religiosa professarem suas fés e religiosidades. Todavia, não podemos aceitar que dentro de nossa própria Congregação, nosso bem comum, existam discursos discriminatórios e ofensivos a qualquer grupo de pessoas. Também não deveríamos nos acomodar com o fato de que, pouco a pouco, em nome da instituição da qual somos membros e que, estatutariamente, é apolítica [6], sejam promovidos quaisquer partidos ou ideologias políticas, e menos ainda aquelas que aspiram segregar e marginalizar minorias com as quais, à luz do Evangelho, devemos conviver pacífica e acolhedoramente, no amor de Deus.

Em oposição ao Evangelho, que ensina a pacificação, a paz com todos, a convivência com o semelhante e até mesmo o amor aos “inimigos”, alguns dos conteúdos que o Ministério tem publicado estão sendo propagados com a seguinte interpretação: as pessoas que não mantêm um casamento como o da doutrina da Congregação, entre homem e mulher, pretendem desconstruir as famílias.

Infelizmente, esse entendimento equivocado, difamatório, preconceituoso e criminoso pode ser obtido, de fato, do tópico de ensinamento 18/2022 que a circular 136 incentiva a propagar.

É por isso que nos dirigimos ao Ministério, pois, assim como nós que assinamos esta carta, diversos membros da Congregação, apesar de seguirem a doutrina, não se sentem representados por esse entendimento que tem sido vinculado ao ensinamento.

Ao relacionar política e direitos de minorias, o tópico de ensinamento afirma que existem partidos (em outros momentos referiu-se a “comunistas” [7], muito associados à esquerda política) cujos programas de governo pretendem desconstruir as nossas famílias, o que é uma inverdade. Ao mesmo tempo, o referido tópico de ensinamento estigmatiza pessoas que mantêm uma família diversa daquela professada pela Congregação sem que estas pessoas, contudo, ofereçam qualquer risco real às famílias constituídas pela irmandade, isto é, entre homem e mulher.

Não apenas nos incomodam os ruídos ou as murmurações que já mencionamos, mas, ainda, o fato de que percebemos, reconhecemos, conhecemos ou até acolhemos diversas pessoas, moços e moças da Congregação, que, por não se enquadrarem no ideal do casamento entre homem e mulher, sofrem perseguições dentro da própria casa, na própria família e, como se não fosse o suficiente, entre a irmandade. Tais pessoas relatam rejeição pela família, ansiedade, depressão, ideações suicidas... e tudo isso apenas por serem quem são e porque, em diferentes casas de oração da Congregação e por meio de diversos de seus membros, repetidamente, ouvem que são “abominações”, ou que têm uma “enfermidade diabólica”, ou que são “a mais baixa depravação do gênero humano” entre outros termos preconceituosos.

Assim, para cercear ruídos e murmurações e corrigir equivocadas e criminosas interpretações de alguns membros, esperamos dos irmãos do Ministério que emitam uma circular, com urgência e abrangência nacional, com esclarecimentos à irmandade, à fim de evitar continuar colhendo esse mal e violento fruto: a divisão da irmandade e das famílias por ideologias políticas e/ou por inverdades.

O que desejamos dessa circular que propomos ser redigida é que ela seja transparente, didática, apolítica e não discriminatória, sendo relevante considerar e apresentar nela os seguintes pontos:

• não há nenhum programa de governo que o Ministério tenha analisado e que, de fato, se oponha a nossa fé e doutrina (no sentido de querer nos impedir de professá-las) ou que se proponha à desconstrução das famílias (no sentido de proibir o modelo de família que a Congregação reconhece como único instruído pela Bíblia);

• não há nada no Evangelho que impeça ou que torne incoerente/pecado votar em um partido de qualquer espectro político, da direita à esquerda, apesar de ser inconveniente votar em candidatos ou partidos que tenham viés autoritário ou extremista (pois, neste caso, poderia haver riscos para a democracia e, conseguinte, para a liberdade religiosa e de culto tanto a nossa como a de outras religiões);

• apesar de a doutrina da Congregação não reconhecer casamentos que não sejam entre um homem e uma mulher, as pessoas do nosso país devem ter assegurado o direito, a liberdade e a dignidade de compor a própria família como queiram e isso em nada diminui o direito de a irmandade continuar a constituir família entre homem e mulher como sempre foi o costume e doutrina na Congregação;

• são pecados graves todas e quaisquer atitudes de ódio, de repulsa ou de preconceito a qualquer pessoa, ainda que não siga a fé e doutrina da Congregação.

Recomendamos, ainda, com base na circular 73/2020 [8], que membros da Congregação que fizerem quaisquer pronunciamentos ou comentários com teor político na Congregação, sejam em orações, testemunhos ou qualquer outro modo, tenham a liberdade de manifestação suprimida, a fim de que a irmandade não seja influenciada por nenhum tipo de ideologia sem cabimento e, tão pouco, por falácias, mentiras e notícias falsas.

Com sinceridade, e acreditando que, verdadeiramente, somos uma Congregação Cristã, isto é, “simples reunião de pessoas, sem qualquer formalismo ou personalismo [...].”, sem “qualquer vínculo com partidos ou ideologias políticas” e que “é vedado aos membros, integrantes do Ministério e da Administração utilizar-se do nome da CONGREGAÇÃO CRISTÃ para fins políticos, eleitorais ou ideológicos.”[9], apresentamos essas nossas preocupações e anseios por esclarecimentos,

Vossos irmãos e irmãs, a irmandade.

__
[1] “Art. 8º. Quem aceitar Jesus Cristo como seu Salvador, e Sua doutrina, conforme consta no “caput” do art. 1º e dos arts. 19, 20 e 21, submetendo-se ao santo batismo, ministrado segundo a fé e doutrina da CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL, é admitido como seu membro e assume uma responsabilidade pessoal para com Deus.” Estatuto. Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/institucional/estatuto. Acesso em: 16 ago. 2022.
[2] Tópico 18 de 2022 – POLÍTICA. “Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos ou proponham a desconstrução das famílias no modelo instruído na palavra de Deus, isto é, casamento entre homem e mulher.” Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/circular?id=136&t=circular&q=elei%C3%A7%C3%B5es&a=2022. Acesso em: 16 ago. 2022.
[3] “Conforme Tópico de Ensinamento [18/2022] publicado na última RGE, em abril de 2022, alertamos o Ministério e a irmandade sobre a orientação ali contida, referente às eleições [...]. [...] Tal mensagem será publicada em nosso site e nas listas de batismos e diversos que são lidas perante a nossa irmandade. Vossos irmãos em Cristo, Indicados do Conselho dos Anciães Mais Antigos do Brasil”. Circular 136. Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/circular?id=136&t=circular. Acesso em: 16 ago. 2022.
[4] “Art. 17. Sendo a CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL, uma comunidade religiosa de doutrina apostólica, fundamentada na Bíblia Sagrada, nela não existe hierarquia; entretanto, é respeitada a antiguidade entre os membros do Ministério, honrada sempre a guia do Espírito Santo, observado o ensinamento apostólico de que aqueles que governam bem, com respeito à Palavra e à Doutrina, sejam tidos em duplicada honra.” Estatuto. Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/institucional/estatuto. Acesso em: 16 ago. 2022.
[5] CARTAS À IRMANDADE – 2021. A Defesa do Evangelho de Jesus Cristo - O pecado da omissão. Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/circular/topicos?ano=2021#t1_9. Acesso em: 16 ago. 2022.
[6] “Art. 1º. A CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL é uma comunidade religiosa fundamentada na doutrina apostólica (Atos 2:42 e 4:33), organizada nos termos do artigo 44, inciso IV da Lei 10.406/02, apolítica, sem fins lucrativos, constituída de número ilimitado de membros, sem distinção de sexo, nacionalidade, raça, ou cor, tendo por finalidade propagar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor a Deus, tendo por cabeça só a Jesus Cristo e por guia o Espírito Santo (São João, 16:13).” ESTATUTO. Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/institucional/estatuto. Acesso em: 16 ago. 2022.
[7] CARTAS À IRMANDADE – 2021. A Defesa do Evangelho de Jesus Cristo - O pecado da omissão. Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/circular/topicos?ano=2021#t1_9. Acesso em: 16 ago. 2022
[8] CIRCULAR Nº 73/2020. ELEIÇÕES - CARGOS POLÍTICOS. Disponível em: https://congregacaocristanobrasil.org.br/circular?id=73&t=circular&q=pol%C3%ADtico&a=2020. Acesso em: 16 ago. 2022.
[9] CONGREGAÇÃO CRISTÃ. Quem somos. Disponível em: https://www.congregacaocristanobrasil.org.br/institucional/quemsomos. Acesso em: 3 set. 2022.




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