As câmeras capturam a raiz do problema?
Para: Prefeitura de Gravataí e Secretaria Municipal de Educação (SMED)
Com o objetivo de tomar medidas preventivas relacionadas à onda de violência nas escolas, nós, alunas do Ensino Fundamental do Cenecista de Gravataí, elaboramos este manifesto.
A violência nas escolas é um tópico muito atual no Brasil e no resto do mundo, apesar de ser praticamente ignorado pelas coordenações de todas as instituições do país. Nos últimos 20 anos, ocorreram 13 ataques, mas nos últimos 8 meses, esse número aumentou para 9. Isso desencadeou uma onda de violência em todo o país, finalmente tornando esse assunto importante aos olhos dos órgãos competentes.
No município de Gravataí, assim como em qualquer outro, houve uma falta de ações realmente eficazes para prevenir essas brutalidades. De acordo com o psiquiatra Timothy Brewerton, 87% das pessoas que cometem massacres são vítimas de bullying e alimentam seu desejo de vingança. "O bullying pode ser considerado a chave para entender o problema e um enorme fator de risco, mas outras características são importantes, como tendências suicidas, problemas mentais e acessos de ira. Não acredito em um estereótipo ou perfil para um potencial assassino nas escolas".
Ou seja, a falta de importância dada pelas escolas e prefeituras à saúde mental pode levar a situações como essa, resultando em uma falta de empenho e disposição para oferecer um acompanhamento de qualidade aos alunos que estão passando por dificuldades e precisam de apoio. Uma pesquisa realizada pela Agência Brasil em 2019 mostrou que, dos 260 mil estudantes questionados em todo o Brasil, 65% gostariam que sua escola contasse com um profissional de psicologia.
A falta de preparo das prefeituras e ações de imediato não resolveram nada. É evidente que ainda não foi pensado em uma abordagem que não cause desespero nos estudantes, mas que seja eficaz. Ainda está sendo desenvolvido pelo deputado Rogério Morro da Cruz (PMN) um projeto que propõe várias ações para instituir um "Protocolo Nossa Escola Segura". Entre elas, está a realização periódica de simulados de resposta a emergências. Isso demonstra muito bem o medo que os leva a criar projetos que na teoria podem funcionar, mas na prática causam pânico.
Além das ações já realizadas pela Prefeitura de Gravataí diante da iminência dos últimos ataques em outros municípios, como o monitoramento por meio de mais de 200 câmeras distribuídas nas escolas municipais, embora essas câmeras ainda não capturem a essência desse problema extremamente complexo, é necessário também monitorar a condição mental dos alunos. É preciso tornar obrigatória em cada escola a presença de um profissional dedicado a acompanhá-los e identificar qualquer ameaça que possa gerar complicações no futuro.
O acolhimento na escola, família e comunidade é de extrema importância, e os planos de prevenção a ataques devem ser uma prioridade daqui para frente nas escolas. A solução que deve ser implementada agora é promover campanhas de conscientização, apoio psicológico em todas as escolas, elaborar métodos de proteção e criar um ambiente seguro, no qual os alunos não vivam com medo, mas estejam preparados para enfrentar situações desafiadoras.
Manifestamos nossa indignação com a prefeitura de Gravataí e exigimos medidas cuidadosamente planejadas, que vão além de soluções superficiais e óbvias, investindo nas raízes do problema.
Assinado por Vitória Elias e Helena Gonçalves.