Centro Paralímpico Esportivo Palestra Itália de Ribeirão Preto
Para: Atletas PCD; professores de Educação Física; médicos e fisioterapeutas; massagistas etc; população em geral, principalmente dos morados do bairro Campos Elíseos
Bem cultural: Palestra Itália, rua Padre Euclides, n. 543, bairro Campos Eliseos, Ribeirão Preto, SP.
Fundado em 1917, majoritariamente descendentes de imigrantes italianos, que chegaram as terras ribeirãopretana por conta do café, o clube Palestra Itália ajudou a forjar o espírito acolhedor e amistoso que se tornou marca do ribeirãopretano.
Um clube forjado por amigos para amigos voltado a promoção do direito ao lazer, da convivência, eventos culturais, formaturas de grupos universitários etc. Durante décadas foi um ponto de referência e convivência, até que nas últimas duas décadas, juntamente com outros clubes da cidade, passou a enfrentar sucessiva perda de público e de renda.
O imóvel é um patrimônio histórico-cultural reconhecido pelo CONPPAC - CONSELHO DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE RIBEIRÃO PRETO, sob a gestão do Presidente dr. Lucas Gabriel Pereira, advogado.
O imóvel encontra-se em uma posição geográfica privilegiada na cidade, lugar de acesso fácil por todas as vias que dão acesso a cidade. Diante desse fator de suma importância no campo da Mobilidade Urbana e, em deferência a história e memória cultural da imigração italiana em Ribeirão Preto, foi que o Conppac resolveu tombar o imóvel como patrimônio cultural do município.
No dizer de Jacques Rancière: “O tempo da história não é apenas o dos grandes destinos coletivos. É aquele em que qualquer um e qualquer coisa fazem história e são testemunho da história” (“Figuras da História”, 2018, p. 60.).
E, para não se tornar um patrimônio cultural ocioso, pensando no resgate e Preservação da Memória projetando o progresso de Ribeirão Preto, foi que o pres. do Conppac, dr. Lucas Pereira, teve a ideia da indicar o imóvel à Secretaria de Esportes de Ribeirão Preto, para intervir e dar uma nova destinação social ao imóvel, transformando-o em um CENTRO PARAOLÍMPICO ESPORTIVO DE RIBEIRÃO PRETO, para receber, acomodar e treinar esportistas paraolimpicos - pessoas com deficiência.
É que uma das maiores dificuldades para lidar com patrimônio cultural é dar uma nova destinação social que redefina o uso do bem, visando alcançar o maior benefício, resguardando a memória constitutiva de um povo. No caso do Palestra Itália, sua área geográfica preenche condições suficientes para se tornar um Centro Paraolímpico, e assim sendo, inscrever o nome da cidade de Rib. Preto nas grandes competições mundiais, recebendo atletas, jornalistas e turistas de todos os cantos; treinando e enviando atletas para campeonatos e torneios mundiais, além das Paraolimpíadas.
Não obstante os benefícios suso apontados, que uma vez em funcionamento irá corroborar para trazer turistas e aquecer as finanças municipais, gerando mais empregos e investimentos na cidade, principalmente no setor hoteleiro, bares e restaurantes, o Centro Paraolímpico poderá servir de espaço para testes e desenvolvimento de novas tecnologias Fisioterapia Motora e quejandos, em parceria com as Universidades de Ribeirão Preto, com a criação de novos laboratórios de recuperação clinica de atletas e de pacientes PCD etc.
Outro benefício a ser implementado com a transformação em Centro Paraolímpico é no campo da Segurança Pública, principalmente dos moradores do bairro Campos Elíseos nas proximidades do clube.
Não só na Seg Pública, mas também na valorização dos imóveis no entorno do parque; na abertura de novos bares e restaurantes no entorno do clube para atender a demanda com o centro paraolimpico.
Feito a descrição das razões que culminaram o tombamento com a proposta de reuso do bem cultural, vejamos o resumo da descrição dos Anais do processo de tombamento na Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto - PMRP 2024/058501: No dia 01 de janeiro de 1917, na sede da Rua Amazonas, em reunião presidida e secretariada por Ernesto Squilaci, foi deliberada em assembleia geral a fundação oficial do PALESTRA ITÁLIA ESPORTE CLUBE, dirigido transitoriamente por Squilacci até março, quando uma diretoria foi constituída, em 22 e 23 de março de 1917, composta por: Presidente Eduardo Galli; Vice-Presidente: Nelo Andreotti; 1º Secretário: Ernesto Squilaci e 1º Tesoureiro: João Testa.
O segundo terreno visto, de propriedade do sr. Henrique Martelli é aquele onde hoje está instalado o Palestra Itália. O valor pedido era 5 contos de réis pela área, sem barganhas. Ernesto Squilaci, descobriu que o sr. Martelli era torcedor do Palestra Itália Paulistano, e valendo-se disto como argumento, “pós lhe a conversa” e acabou barganhando a compra do imóvel por 4 contos de réis. Concluído o negócio, estiveram no cartório o Sr. Alexandre Buchianelli, Presidente e Henrique Palocci, Tesoureiro, para lavratura e recebimento da escritura do imóvel adquirido.
Um muro foi contratado ao pedreiro pascoal Inocêncio, com alicerce feito em mutirão pelos próprios associados, os quais, também, com sacos de estopa, arrancaram grama na comporta que existia ao lado das dependências da Cia. Antarctica e os replantavam, as vezes até a meia-noite, sob a luz do luar, formando o campo de futebol na nova área adquirida. Como havia muitas cabritas nas imediações, a cada noite um membro do grupo palestrino era destacado para “ficar de guarda”, não permitindo que as cabritas destruíssem o campo plantado. O clube seguiu funcionando, trocando suas diretorias periodicamente, e ampliando seu quadro associativo, o que lhe permitiu construir arquibancadas e vestiários. Com a declaração de guerra brasileira a Itália, a denominação “Itália” foi excluída da denominação do clube, e logo depois, por obrigação legal, o nome todo do clube teve que ser alterado, passando a se denominar “Operário Esporte Clube”, seguindo suas atividades sociais e esportivas e procurando ampliar seu patrimônio, notadamente com a aquisição de outros terrenos no entorno, o que permitiu a construção de uma piscina para competições, logo depois no pós guerra.
O presidente Getúlio Vargas criou um órgão para assessorar os esportes, e a possibilidade de desapropriação de imóveis para sua prática. O então Operário E. C., aproveitando desta legislação, solicitou a desapropriação de imóveis do entorno de sua sede, o acabou ocorrendo amigavelmente, salvo um caso que preciso de intervenção judicial, ao longo dos anos seguintes. Em1958, vencendo a embate judicial, era preciso que o time depositasse, em cartório, o valor da desapropriação, o que se tornou um drama para ser efetivado, pois os recursos não existiam.
O então humilde time de futebol com piscina, se tornou um clube social, esportivo e recreativo, com recepção, setor administrativo, restaurante, choperia, copa, cozinha no térreo e no 1º andar, salão social amplo, área de estar, salão de jogos, sauna, sala de musculação, berçário, dois bares, lanchonete, ginásio de bochas, quadras para vôlei e bola ao cesto, campo de futebol, pista para atletismo, piscina semiolímpica para competições, piscina de recreação, piscinas
infantis, tanques para prática de vôlei aquático, parque infantil, vestiários masculino e feminino adulto e infantil, amplo solárium, quadras de tênis, paredão para treinos, consultório médico, farmácia de urgência, almoxarifado, oficina mecânica, área para churrasco e lazer e ampla área ajardinada. Posteriormente, foi adquirida uma área para além da rua Sergipe, e construída uma passarela por sob aquela rua, para acessá-la.