Somos homens e mulheres filiados e filiadas ao Partido dos Trabalhadores do Piauí. Homens e mulheres do campo e da cidade, estudantes, quilombolas, feministas, LGBTs, sindicalistas, agentes de pastoral, ativistas culturais, do litoral e do interior.
Acreditamos em outra forma de organização da economia e da sociedade que coloque no centro o bem estar das pessoas, que não coloque o lucro acima da vida e do meio ambiente, que a produção e a distribuição do produto do trabalho estejam sob controle da classe trabalhadora. Seguimos sonhando e lutando por uma sociedade socialista.
Defendemos a solidariedade internacional com todos os povos oprimidos do mundo, contra o capitalismo, o imperialismo, o neoliberalismo, o colonialismo, o fascismo, a favor da autodeterminação dos povos e da integração da grande pátria latino-americana.
Lutamos pelos direitos da classe trabalhadora. Direito a salario digno e a uma jornada de trabalho justa. Direito ao descanso e à aposentadoria. Direito à Educação, Saúde, Moradia, Cultura, Transporte, Lazer e alimentação saudável.
Lutamos pela libertação política, social e econômica do povo negro, que construiu a riqueza do mundo através de sua mão-de-obra roubada e ainda hoje são espoliados pelo racismo estrutural que marca a nossa sociedade.
Lutamos pelo direito das mulheres, de acesso a educação e ao mercado de trabalho de forma justa, por sua liberdade social e política, por seus direitos sexuais e reprodutivos.
Lutamos por uma ampla reforma agrária e uma sólida política agrícola, para que o povo camponês tenha acesso a terra, a crédito, a assistência técnica e a mercados, com qualidade de vida e seguridade social.
Lutamos em defesa dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, ribeirinhos, quilombolas, povos de terreiro, quebradeiras de coco, em defesa das suas terras, da sua cultura, do seu modo de vida.
Denunciamos o capitalismo predatório que destrói o Planeta e povos inteiros, provocando as crises climáticas, sociais e econômicas. Lutamos em defesa da natureza e todas as vidas que a habitam, por um novo tipo de desenvolvimento que seja ambientalmente sustentável e socialmente justo.
Gritamos bem alto contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia, a intolerância religiosa e toda forma de opressão, preconceito e exploração que transforma a diferença em desigualdade.
Militamos no Partido dos Trabalhadores por acreditar no seu papel de organizador do povo brasileiro e entender que ele segue sendo a grande referência da maioria dos lutadores e lutadoras espalhados por todo o país. Apesar dos erros, dos vacilos, da moderação, o PT segue sendo um patrimônio da classe trabalhadora, instrumento de luta por direitos políticos e sociais, de combate a desigualdade e defesa da democracia real e efetiva.
Compreendemos que o papel do PT enquanto partido dirigente é de orientar a atuação dos seus filiados em todos os espaços que ocupam, sejam nos mandatos parlamentares ou executivos, nos governos ou no movimento social. Precisamos interromper o processo de parlamentarização do partido, que pode nos transformar em uma mera legenda eleitoral ou federação de deputados, um partido que só aparece nos anos pares e cujos eleitos se consideram proprietários do mandato e não trazem nenhum retorno para a construção do partido e sua base.
Entendemos a importância de nossa presença no governo federal e na administração de estados e municípios. Festejamos os avanços conquistados a partir desses espaços ao tempo em que advertimos sobre as limitações da atuação exclusiva no campo institucional em um cenário em que a maioria dos espaços de poder estatal, no legislativo, no judiciário e no executivo, em todos os níveis, segue sob controle da direita e com forte influência da extrema direita.
Justamente por isso entendemos que a estratégia democrático-popular que orientou a ação do PT até meados dos anos 90 permanece válida e atual, e precisamos resgatá-la para garantir que, ao mesmo tempo em que o partido disputa eleições e ocupa espaço institucional, o partido continue a organizar o povo e promover a luta social, sem a qual as vitórias eleitorais tornam-se cada vez mais insuficientes.
Defendemos que o PT amplie a sua presença nos territórios, nas organizações do povo, retorne a suas bases sociais, às comunidades, aos sindicatos e as associações, aos locais de estudo, trabalho e moradia, aos bairros e às periferias das cidades.
No Piauí desde 2002 vamos a cada eleição ampliando mais o nosso arco de aliança, englobando partidos de centro e centro-direita. Nestas eleições de 2024 fomos além: lideranças políticas de centro e de direita foram trazidas para dentro do partido, muitas vezes passando por cima da posição dos companheiros e companheiras que constroem o partido nos municípios, inclusive com intervenção e dissolução dos diretórios.
A democracia partidária, um princípio tão caro para o PT desde a sua fundação, vai sucumbindo diante de interesses que levam o partido a perder sua identidade como representante da grande massa trabalhadora.
E ainda assim estamos assistindo, não sem certo espanto, deputados e deputadas do PT sentirem-se a vontade de subir nos palanques de adversários dos petistas, alguns declaradamente bolsonaristas, diante de uma Executiva Estadual que, em maioria, se omite, apesar de ser tão valente contra os pequenos, em um processo que também é resultado de uma base partidária que não consegue se organizar para questionar tais posturas.
Corremos dois grandes riscos: perder mesmo nessas condições e sermos desmoralizados; ou vencermos e sermos descaracterizados. O modo petista de governar e de legislar, a grande marca que nos tornava tão diferentes no meio de tantos partidos iguais, vai virando peça de museu.
Mesmo diante desse cenário difícil, nos recusamos a capitular ou desistir. Reivindicamos a tradição de luta e resistência de tantos companheiros e companheiras que entregaram a vida para transformar a dura realidade do Piauí e do Brasil. Somos herdeiros de Esperança Garcia, Mandu Ladino, Antônia Flor, Paulo de Tarso, Francisca Trindade, Clóvis Moura, Sueli Rodrigues e Nêgo Bispo.
O povo piauiense fez do Piauí o estado brasileiro que mais demonstrou força nas urnas para derrotar o governo fascista de Bolsonaro, nas eleições de 2022. Precisamos mostrar essa força também nas ruas, através da organização popular, para além das eleições.
Por tudo isso, para resgatar o sentido forte de ser petista, de ser divergente e contestador, de não baixar a cabeça para as injustiças, de não aceitar a desigualdade como algo impossível de mudar, estamos nos reunindo no QUILOMBO TRINDADE VIVE para discutir nossa atuação no PT do Piauí e na mudança de rumos que precisamos implementar em nosso partido aqui e em todo país.
Em novembro, mês da consciência negra, vamos realizar uma grande Plenária Estadual para avaliar as eleições e debater sobre o futuro. O PT não pode se tornar apenas o administrador do possível. Precisamos voltar a ser os portadores da esperança, inspiradores da utopia e do sonho: uma estrela que brilha alto.
Venha conosco nessa jornada. SOMOS COMEÇO, MEIO E COMEÇO (Nego Bispo).
Teresina-PI, 06 de setembro de 2024, Dia Estadual da Consciência Negra no Piauí, Ano 254 da Carta de Esperança Garcia
Você, companheiro e companheira dirigente, militante, filiado, filiada ou simpatizante do Partido dos Trabalhadores que tiver interesse em assinar esse manifesto envie um e-mail para
[email protected] (Regina), mande um whatsapp para (86) 9-9552-2790 (Sara)
