Proibição do uso do celular no Colégio Santa Dorotéia BH/MG
Para: Colégio Santa Dorotéia BH/MG
Prezada Direção do Colégio Santa Dorotéia,
Nos reunimos através desse documento com o intuito de registrar um pedido, de nós pais dos alunos do colégio, referente ao uso do celular nas dependências da escola.
O assunto é um recorrente ponto analisado nos dias atuais, e por isso, sabemos todos os inúmeros prejuízos causados a essa nova geração pelo uso excessivo de celular.
Acreditamos que escola é um local de aprendizagem, interação social, bem como de construção de crenças. E assim identificamos que estamos vivenciando um retrocesso, pois a presença do celular encaminha nossas crianças para um desaprendizado existencial, um jeito de ser totalmente voltado para fora, desprovido de relações sólidas, cheio de alegorias. Crenças essas que podem ser sustentadas pela passividade e o não questionamento, indispondo os alunos e tornando-os estranhos aos próprios sentimentos. Acreditamos que nossos filhos vão para escola para aprender muito mais do que os conteúdos pedagógicos. Ali, eles estão aprendendo a socializar, a respeitar o próximo, a conviver em grupo, a compreender as diferenças, a amadurecer conforme seus desafios vão surgindo em suas descobertas, a fazer amigos e crescer!
O ambiente escolar é o primeiro lugar onde nossas crianças podem vivenciar diariamente um novo encontro, podem se reunir e aprender a conviver fora do ambiente familiar.
Hoje, diante desse assunto, a nossa escola preza pela liberdade de escolha dos pais, cada um é livre para decidir se autoriza ou não o uso do aparelho. Mas será que nós, pais, somos realmente livres para tal escolha? Somos intimidados, pressionados ao exercer nossa autoridade, uma vez que somos imobilizados pelo temor de gerar uma falta de pertencimento nos nossos filhos. As angústias são muitas: de um lado as relações sociais, as moradas dos afetos e das amizades, pois reconhecemos que as crianças se desenvolvem a partir da ação sobre o meio em que estão inseridas. Percebemos que a socialização é uma realidade construída, dotada de regras estabelecidas, pois as crianças trocam experiências umas com as outras. Por outro lado, reconhecemos que o aparelho celular é um mediador dessas relações e as transformam em relações líquidas. Até que ponto a escola deve deixar livre essa escolha?
Sabemos que o uso precoce do celular atrapalha o desempenho do aluno, provoca alteração de humor, irritabilidade, dificuldade em relaxar, angústia recorrente, choro excessivo, prejuízo no sono, afeta o desenvolvimento físico e emocional, compromete a visão, causa sedentarismo, atrasa o cognitivo, aumenta a impulsividade, diminui a habilidade de regulação própria das emoções, déficit de atenção, além de ser responsável pela Nomofobia, entre outros transtornos de ansiedade.
Sendo assim, pedimos para que a escola reveja seu posicionamento quanto a permissão de uso de celular pelos alunos do Ensino Fundamental I e II, visto que os alunos do Ensino Médio já teriam mais autonomia, maturidade e controle dessa escolha e de como utilizar essa ferramenta a seu favor.
Somos a favor de que em casos específicos como necessidades de saúde por exemplo, o uso do celular seja regulamentado e assim, permitido naquela determinada situação (de maneira excepcional e devidamente analisada).
Porém, aos demais alunos, não vislumbramos nenhuma necessidade real para que ele possa levar seu celular e utiliza-lo dentro da escola durante o período de aula. No caso de uma necessidade de se comunicar com seu filho fora do horário ou por qualquer outro motivo, a escola disponibiliza vários canais de contato, tais como telefone e email.
Ressaltamos por fim, alguns casos onde já está proibido o uso do celular, para fins de comparação e atualização:
Município do Rio de Janeiro, por meio do DECRETO RIO Nº 53918 DE 1º DE FEVEREIRO DE 2024
Países: EUA, França, Espanha, Portugal, Holanda, México, Suíça e Finlândia.
Portanto, essa carta é um pedido expresso ao colégio para que haja uma proibição clara e rígida do uso do celular nas dependências da escola.
E desde já, agradecemos muito a nossa parceria de diálogos entre escola e famílias, buscando nosso principal objetivo: formar pessoas felizes, realizadas, com coragem, vontade de vencer, generosidade e humanidade.
