Atribuição do Nome de Celina Faro Kaperaviczus para uma Escola Pública
Para: Público da Zona Norte de São Paulo
O presente abaixo assinado tem por objetivo levar ao conhecimento de autoridades de Educação da Prefeitura de São Paulo o histórico profissional da Professora Celina Faro Kaperaviczus, falecida no dia 20 de junho de 2024, aos 87 anos, com o intuito de atribuir seu nome a uma Escola Municipal da Zona Norte de São Paulo, como forma de homenagear esta educadora pioneira no Bairro do Tremembé.
Celina Faro Kaperaviczus, nasceu em 9 de janeiro de 1937, na cidade de São Paulo, no bairro do Tremembé da Cantareira, filha do Sr. Manoel Pereira Faro e da Sra. Helena de Freitas Faro e casada com Antonio Luiz Kaperaviczus, tendo a filha Stefanie, o filho Alexandre, 5 netos e 6 bisnetos.
Formou-se como normalista na Escola Normal Nossa Senhora de Lourdes do Colégio Ateneu Brasil, localizado no Bairro da Vila Mariana em São Paulo. Na sequência, se graduou em Pedagogia com habilitações em Administração Escolar, Supervisão e Orientação Escolar pelo Instituto de Ensino Superior Senador Flaquer.
Em 16 de janeiro de 1956, foi criado o ensino primário municipal com a lei n° 4.903/56, momento no qual juntamente com sua inseparável amiga Vera Arnoni Scalquete passavam de casa em casa no bairro do Tremembé conversando com as famílias e convidando as crianças para irem para a escola.
É importante ressaltar que essa primeira escola do bairro do Tremembé foi construída em terreno doado pelo pai de Vera Arnoni Scalquete, Sr Antonio Arnoni, tendo inicialmente o nome de Escolas Agrupadas do Tremembé, sendo que mais tarde, em um moderno prédio, recebeu a designação atual de Escola Municipal de 1° Grau Prof. Noé Azevedo, carinhosamente conhecida por “Escolinha da Dona Vera”.
Foi assim que essa dupla de educadoras implantaram o ensino no bairro do Tremembé, lutando com todas as dificuldades imagináveis jamais desanimaram e deixaram para as gerações futuras um legado de luta, abnegação, coragem e sobretudo o amor pela arte de ensinar.
Cabe ressaltar também a participação da Prof. Celina de forma ativa na Associação de Pais e Mestres das escolas em que trabalhava, liderando diversas iniciativas para arrecadar fundos para os alunos menos afortunados. Foi assim que a quermesse da Escola Noé Azevedo, no bairro do Tremembé se tornou famosa, amealhando a participação das famílias e dos professores que fizeram, durante muitos anos, a alegria de pais, alunos, professores e de toda a população do bairro.
Não se pode também deixar de lembrar a sua atuação e incentivo à frente da fanfarra da Escola Municipal Professor Noé Azevedo na qual a escola foi bi-campeã nacional no concurso de fanfarras.
Na sua vida pessoal e familiar o que mais se viu foi uma pessoa preocupada com o próximo, temente e devota a Deus, e sempre pronta a socorrer aqueles que mais precisavam.
No dia 20 de junho de 2024, a Professora Celina então com 87 anos e após lutar por oitenta dias com uma doença avassaladora, partiu para uma nova jornada. Aqui para nós que continuamos ficaram lições de amor, abnegação, empatia, amizade e sobretudo coragem.
E para finalizar, não poderia deixar de relatar um diálogo de minha mãe com um médico da equipe de neurocirurgiões, que tentava explicar para minha ela, no hospital, que as suas chances na cirurgia eram muito pequenas. Depois de um pequeno silêncio aquela pequena professora mais uma vez libertou o gigante que tinha em seu coração e disse para o médico: “Então o Senhor está me dizendo que a minha única opção é ir para casa morrer? Se existe uma pequena possibilidade de fazer a cirurgia eu quero tentar”. Diante de tamanha coragem não restou para equipe médica outra opção que não fosse atender o seu pedido. Mamãe foi operada, se recuperou por aproximadamente três semanas, e conseguiu passar junto todos nós um último e maravilhoso Dia das Mães.
Recordo-me aqui das palavras de São Paulo que retratam muito bem a vida de Dona Celina: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”.
Ao finalizar este relato, acredito que para alguém que dedicou sua vida à educação e ao cuidado com o próximo, nada mais justo do que prestar-lhe uma última homenagem, atribuindo o nome de uma Escola da Zona Norte de São Paulo com o nome desta destemida Educadora.
Muito obrigado!
Alexandre Faro Kaperaviczus
