Famílias contra o racismo!
Para: Escola Parque
Nós, mães, pais, alunos e ex alunos, comprometidos com uma educação ética, crítica, inclusiva e antirracista, abaixo-assinados, gostaríamos de expressar nossa profunda preocupação e indignação diante de uma situação que exige atenção imediata da escola.
Recentemente, recebemos o conteúdo de uma conversa ocorrida em um grupo de WhatsApp entre alunos da escola, com declarações racistas e extremamente preconceituosas direcionadas a um colega negro. Os prints dessa conversa circulam entre a comunidade escolar e deixam evidente não apenas a presença do racismo, mas também o silêncio de alguns e a naturalização dessa violência.
Diante disso, gostaríamos de entender quais medidas a escola adotará frente a esse episódio, considerando que racismo é crime (Lei 7.716/89), uma grave violação dos direitos humanos, e deve ser combatido com seriedade por qualquer instituição que se proponha a formar cidadãos conscientes, empáticos e éticos.
A situação se torna ainda mais delicada ao lembrar que acabamos de sair da Semana de Enfrentamento ao Racismo, promovida pela própria escola, cuja programação foi amplamente divulgada nas redes sociais, com posts e stories cheios de atividades de conscientização e práticas antirracistas. Sem dúvida, uma iniciativa necessária, mas que agora exige coerência prática. O que se faz diante de atos racistas concretos mostra, de fato, o que a escola pensa sobre o racismo.
Como reforça Djamila Ribeiro em seu Pequeno Manual Antirracista, livro que muitos alunos acabaram de ler, o enfrentamento ao racismo exige ações permanentes, não apenas discursos simbólicos. Ser antirracista inclui posicionar-se, responsabilizar agressores, acolher as vítimas e trabalhar pela transformação da cultura institucional.
O silêncio diante dessa situação é, também, uma forma de violência. A escola precisa deixar claro, com suas ações, que não há espaço para o racismo em seus corredores, ainda que ele se manifeste em ambientes digitais. A escola precisa ser um ambiente de segurança social.
Aguardamos retorno da direção com clareza sobre as medidas adotadas e com a expectativa de que essa seja uma oportunidade de aprendizagem para toda a comunidade escolar — especialmente para os que insistem em tratar o racismo como piada ou “brincadeira”.