Manifesto Público em Defesa da História do Conjunto Hospitalar do Mandaqui
Para: População de São Paulo usuários ou não do SUS e defensores da história do município e da saúde pública do Brasil. AleSP, Casa Civil do Governo de São Paulo e Governador Tarcísio de Freitas
Manifesto Público em Defesa da História do Conjunto Hospitalar do Mandaqui
Ao Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo,
Via Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo.
Nós, cidadãos e cidadãs, profissionais de saúde, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e defensores da memória e da história da saúde pública paulista, vimos por meio deste Manifesto Público expressar nossa profunda perplexidade e veemente repúdio à proposta de alteração do nome do Conjunto Hospitalar do Mandaqui para homenagear a Bispa Keila Ferreira.
A presente manifestação visa oferecer o devido respaldo histórico, técnico e moral para que Vossa Excelência não sancione o projeto de lei que propõe tal mudança, salvaguardando a integridade da história da saúde pública de São Paulo.
A História e o Legado do Conjunto Hospitalar do Mandaqui
O Conjunto Hospitalar do Mandaqui, desde sua fundação em 1938 como Sanatório Dória, representa um pilar fundamental na saúde pública do estado de São Paulo e, por extensão, do Brasil. Idealizado para atender às crescentes demandas por assistência médica, especialmente no combate à tuberculose, o hospital rapidamente se consolidou como uma referência em diversas especialidades, acompanhando a evolução das necessidades sanitárias da população.
Ao longo de décadas, o Mandaqui expandiu seus serviços, tornando-se um hospital geral de grande porte e alta complexidade, crucial para a Zona Norte da capital e para a rede estadual de saúde. Milhares de vidas foram salvas em suas enfermarias, profissionais foram formados em suas salas de aula e inovações médicas foram implementadas em seus corredores. Sua trajetória é intrinsecamente ligada à construção e ao desenvolvimento do SUS, sendo um exemplo de resiliência e dedicação ao bem-estar coletivo. O nome "Mandaqui" não é apenas uma designação geográfica; é um símbolo de décadas de serviço público ininterrupto, de suor e dedicação de incontáveis trabalhadores da saúde e de um elo indissolúvel com a comunidade que serve. Apagar esse nome é apagar parte da memória viva da saúde pública paulista.
O Absurdo da Proposta e o Desrespeito à Memória
É com espanto que tomamos conhecimento desta iniciativa, que além de desprovida de qualquer apoio popular, de funcionários e usuários, configura um profundo desrespeito à história e à memória de uma instituição vital. A Bispa Keila Ferreira já foi devidamente homenageada com a nomeação do viaduto Bresser, o que já gerou estranhamento na opinião pública. Propor uma segunda homenagem, alterando o nome de um hospital de tamanha relevância histórica e social, beira o descabimento e o disparate.
Nomes de instituições públicas, especialmente hospitais, não são meras placas de identificação. Eles carregam consigo o peso da história, o reconhecimento de um legado construído ao longo do tempo e a identificação de gerações de cidadãos que se beneficiaram de seus serviços. A alteração proposta não se baseia em critérios técnicos, em consulta pública ou em um consenso social, mas em uma decisão alheia aos princípios da administração pública e à sensibilidade popular.
Violação dos Princípios da Administração Pública
A sanção de um projeto de lei que altera o nome de uma instituição pública com o peso histórico do Conjunto Hospitalar do Mandaqui sem respaldo social e técnico pode ser interpretada como uma violação aos princípios da impessoalidade e da moralidade, basilares da administração pública. A história do Mandaqui não é uma questão pessoal, mas um patrimônio de todos os paulistas. Desconsiderar isso é minar a confiança na gestão pública e desvalorizar a trajetória de milhares de pessoas que construíram a saúde pública do estado.
Conclusão e Apelo Urgente
Diante do exposto, e com o mais profundo respeito à sua alta função, solicitamos a Vossa Excelência que, utilizando-se das prerrogativas de seu cargo, não sancione o projeto de lei que visa alterar o nome do Conjunto Hospitalar do Mandaqui.
Preservar o nome do Conjunto Hospitalar do Mandaqui é preservar a história da saúde pública de São Paulo e do Brasil. É reconhecer o valor de uma instituição que, ao longo de quase nove décadas, tem servido com excelência e dedicação à população. É um ato de respeito à memória e um compromisso com o futuro da saúde em nosso estado.
Acreditamos que Vossa Excelência, ciente da importância histórica e social do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, tomará a decisão mais acertada, em defesa do patrimônio público e da vontade popular.
Atenciosamente,