O DESAFIO DE PROMOVER A MELHORIA DO DESEMPENHO DAS ENTIDADES DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO DO BRASIL
Para: EPDIS
O DESAFIO DE PROMOVER A MELHORIA DO DESEMPENHO DAS ENTIDADES DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E
INOVAÇÃO DO BRASIL
Petição dos dirigentes das entidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica (EPDIs) do País dirigida ao Exmo. Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Dr. Marco Antônio Raupp.
As entidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica (EPDIs) foram criadas como instrumentos de políticas públicas e financiadas principalmente pelo Estado, visando gerar e viabilizar a transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos que contribuem para a promoção das inovações nas empresas; além de proporcionar melhores condições e maior qualidade de vida à sociedade.
As EPDIs promovem a interação entre a pesquisa básica e as aplicações industriais ajudando a garantir uma exploração mais eficaz do conhecimento gerado por parte das empresas. Em geral, são instituições com capacidade multidisciplinar, providas de especialistas em diversas áreas e que contam com infraestrutura física e laboratorial em condições de realizar pesquisas, prestar serviços com alto valor agregado e desenvolver soluções adaptadas às necessidades específicas dos diferentes setores como saúde, educação, habitação, transporte, agroindústria, segurança, meio ambiente, dentre outros. Contribuem dessa forma com know-how, soluções e avanços em áreas do conhecimento em que o setor produtivo não possui ou não pode arcar financeiramente.
Por serem organizações dinâmicas, heterogêneas na missão e na forma de atuar, com tempos de existência diferentes e culturas distintas, as EPDIs necessitam constantemente se manter atualizadas e ajustadas ao ambiente social em que estão inseridas e dependem fundamentalmente de componentes como conhecimento, estratégia e qualidade, que são a base para o alcance da produtividade e competitividade.
Assim como nas organizações do setor privado, no âmbito do setor público, o caminho definido para vencer esse desafio é o da gestão, ou seja, a promoção da gestão e, por conseguinte a melhoria do desempenho das EPDIs, visando o alcance de suas metas e o pleno cumprimento de sua missão.
Embora a falta de recursos financeiros contribua para dificultar o alcance de metas mais desafiadoras nas organizações em geral, a coragem em incorporar modernas práticas, baseadas no avanço das tecnologias de gestão é o que de fato faz a diferença. A busca permanente pela excelência na gestão é caracterizada como o principal fator de competitividade. A maioria dos países desenvolvidos adotam o Modelo de Excelência em Gestão (MEG), base para a implantação de seus prêmios nacionais.
Ciente disso, a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), como forma de apoiar as EPDIs a superar o desafio da melhoria da gestão conduz de forma exitosa e pioneira, nos últimos 15 anos, o Programa da Excelência na Gestão (PEG). Programa desenvolvido em estreita parceria com a FINEP e que visa aprimorar as práticas de gestão das EPDIs com vistas a torná-las mais eficazes e competitivas. Nesse período o PEG tornou-se um marco para a área de CT&I, beneficiando cerca 600 EPDIs de todas as Unidades da Federação (grifo nosso), uma média de 40 EPDIs por ano.
Visando manter uma base teórica sólida, o PEG considera na metodologia aplicada em relação às boas práticas, os mesmos fundamentos e critérios de excelência disseminados pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e pelo Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública), ambos baseados em um modelo sistêmico da gestão.
Por meio do PEG as EPDIs públicas e privadas não só conheceram o Modelo de Excelência na Gestão como melhoraram significativamente suas práticas gerenciais mediante a participação em todo o ciclo do programa, compreendendo desde atividades de sensibilização e capacitação até a avaliação de cada entidade de acordo com a maturidade da sua gestão. Todo o processo é orientado pelos princípios do aprendizado e melhoria contínua da gestão.
Nos 15 anos do PEG mais de três mil funcionários das próprias EPDIs foram capacitados para atuar diretamente como colaboradores no Programa, contribui de forma destacada para a disseminação de uma cultura de excelência no âmbito das EPDIs beneficiadas.
Tendo em vista o acima exposto e considerando as mudanças recentes da política de apoio financeiro emanadas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da FINEP – financiadora ao longo destes 15 anos do PEG, ameaçam estancar a trajetória exitosa alcançada pelo programa até o momento. Nós, os dirigentes das EPDIs públicas e privadas do País, ficamos extremamente preocupados com o fato.
Na nossa visão, a descontinuidade do programa representaria um duro golpe no processo de aperfeiçoamento contínuo da gestão de nossas instituições, com efeitos danosos nas áreas fim e meio (pesquisa e desenvolvimento, prestação de serviços tecnológicos, ensino, gestão de pessoas, fornecedores etc.) e deixando cair por terra todo o esforço empreendido por anos seguidos na busca pela excelência na gestão.
Não há como contribuir de forma efetiva para promoção da inovação e para o desenvolvimento sustentável do País sem que nossas entidades continuem a buscar, de forma sistemática, a competitividade e a adoção de práticas de gestão de classe mundial.
Nesse sentido, conclamamos o Ministro Marco Antonio Raupp, a buscar no âmbito do MCTI, alternativas financeiras concretas que permitam a ABIPTI a dar continuidade ao PEG e, garantir dessa forma, o pleno cumprimento da missão de nossas instituições, enquanto protagonistas do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
