Carta de apoio dos Profissionais da Educação de Contagem, alunos e pais de alunos ao Professor Ivanil Gomes
Para: Exmo. Sr. Prefeito e Sr(as) Vereadores(as) do Município de Contagem
Nós, abaixo assinados profissionais da educação da Rede Municipal de Ensino de Contagem, estudantes e pais de estudantes dessa Rede de Ensino, expressamos nosso descontentamento e nossa indignação diante de fatos que tem sido vivenciado na escolas de nossa Cidade.
O último fato ocorrido, que é detonador da presente carta, é o processo administrativo em desfavor do Professor Ivanil Gomes. Ao chegar para o trabalho no dia 07 de agosto de 2014, na Escola Municipal Paulo Cézar Cunha, onde atua como diretor, o professore recebeu uma Citação e foi informado de que estaria afastado da direção pelos próximos 60 dias e que respondia a um processo administrativo, juntamente com a vice-diretora da escola.
Consideramos que um processo administrativo que não deixe claros os motivos para ser instaurado, é vergonhoso para esse município e desrespeita não só ao trabalhador exposto a tal situação, mas a todos aqueles que trabalham na Rede Municipal de Contagem.
O processo está baseado em fatos que não se sustentam: Um abaixo assinado produzido nove meses antes da denúncia; um boletim de ocorrência lavrado seis meses depois do episódio referido ( quando foi necessário chamar a polícia para fazer ocorrência de uma situação em que um aluno havia quebrado o patrimônio público). Além desses dois fatos, o que mais está anexado justificando o processo são frases soltas e desconexas sobre o que alguém "teria" visto ou ouvido, sem no entanto apontar existência de alguma prova de que os trabalhadores citados teriam incorrido em alguma falta que justifique não só o processo, mas o afastamento enquanto se desenrola o referido processo. E não param por aqui os absurdos: Todo o coletivo da escola é apontado no processo como profissionais sem proposta de trabalho pedagógico, sem vocação para o exercício do magistério e como meros "paraquedistas" que caíram na escola por acaso.
Nós não aceitamos que situações como essas se desenrolem sem a transparência necessária. Transparência é um dos princípios da gestão pública. A sensação que nos passa é de que o professor está sendo punido não pelo fato de ter feito um boletim de ocorrência ou porque tenha cometido qualquer falta administrativa , mas sim porque se mobilizou durante a campanha salarial, não omitiu as mazelas do poder público e os efeitos que elas produzem na educação dos estudantes. Em nenhum momento o Professor Ivanil usou de artifícios condenáveis ou se escondeu para realizar as críticas necessárias e por essa razão foi perseguido ainda durante a campanha salarial, sendo citado pelo Secretário de Educação em Audiência Pública ocorrida em escola da Regional Nacional sem lhe ser dado sequer direito de resposta. O professor pode se defender na ocasião devido ao fato de as pessoas presentes ao evento o apoiarem e garantirem a ele o direito de esclarecer as acusações feitas pelo Secretário. Ao findar-se o movimento e retornar a rotina de trabalho na escola, o professor Ivanil se vê preso a um processo administrativo que não se sustenta e pelas circunstâncias em que isso ocorre, parece muito com uma ação de retaliação por sua atuação e suas críticas à gestão. Importante que não nos esqueçamos que todos nós temos direito de expressar nosso descontentamento, de fazer críticas, de publicar nossas opiniões. Não podemos imputar aos profissionais que não escondem a real situação da Educação nesse momento em nosso município a culpa pelo estado em que ela se encontra. Temos direito de dizer a verdade, de mostrar a verdade a quem queira vê-la, sem com isso sofrer ações de retaliação e sermos tratados como os culpados pela situação.
Diante disso, expressamos nosso apoio ao professor Ivanil Gomes, que lutou e luta por uma Educação melhor para todos(as), não apenas para sua escola. Damos nosso apoio a um profissional que não escondeu a cara, que assumiu os atos que fez, que foi transparente, que acreditou estar em uma luta onde todos reconheciam o direito do outro a se expressar, respeitando os princípios de um Estado Democrático de Direito, mas que agora se vê processado injustamente, afastado do cargo antes de ter o processo julgado, numa tentativa de ter calada sua voz e sua luta. O professor Ivanil e todos os profissionais da Escola Municipal Paulo Cézar Cunha não estão sozinhos. Todos nós que assinamos essa carta estamos junto a eles e esperamos ver a administração desse município, nas pessoas do Sr. Prefeito e dos(as) Srs(as). Vereadores(as) se posicionarem contra as arbitrariedades que temos vivenciado na Educação.