CARTA DE APOIO AO INSTITUTO POLITÉCNICO DA UFRJ EM CABO FRIO (IPCF-UFRJ)
Para: Reitoria da UFRJ, Conselho Universitário da UFRJ, Ministério da Educação
CARTA DE APOIO AO INSTITUTO POLITÉCNICO DA UFRJ EM CABO FRIO (IPCF-UFRJ)
Em meio à grave crise da educação brasileira, um projeto de educação profissional inovador está ameaçado. O Instituto Politécnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Cabo Frio (IPCF-UFRJ), sofre com os contingenciamentos federais do orçamento e pode fechar suas portas, deixando de atender cerca de 250 alunos e 40 docentes em formação.
Tendo em vista o mérito acadêmico e social do projeto, as instituições, trabalhadores e intelectuais da educação abaixo listados manifestam apoio e solidariedade aos estudantes, docentes e funcionários do Instituto Politécnico e solicitam à reitoria, ao Conselho Universitário da UFRJ e às instâncias superiores do Ministério da Educação as devidas providências para que a situação institucional da escola seja solucionada o quanto antes, evitando que o Instituto Politécnico encerre suas atividades.
O Instituto Politécnico foi criado em 2008, como um projeto de extensão, pelo Núcleo Interdisciplinar UFRJ-Mar, em parceria com a Prefeitura de Cabo Frio e a Secretaria Estadual de Educação. Essa escola reflete um projeto político-pedagógico de caráter transformador, defendendo o trabalho como princípio educativo e propondo uma revisão do papel da educação profissional na cisão histórica entre as atividades manual e intelectual na divisão social do trabalho. O Politécnico, além de oferecer ensino médio integrado em três áreas de formação profissional, funciona como um laboratório do Programa de Qualificação de Professores em Educação e Trabalho, e tem se notabilizado por desenvolver metodologias de ensino que possibilitam a integração dos saberes e a unidade entre teoria e prática.
Nesse período, o IPCF-UFRJ tem colecionado bons resultados acadêmicos: em 2013, a escola obteve o melhor desempenho no ENEM entre as escolas públicas de ensino da Região dos Lagos. Atualmente, 34% dos egressos da escola estão matriculados em universidades públicas, outros 30% em universidades privadas (recebendo bolsas do Prouni) e 19% deles atuam nas áreas de formação pelas quais optaram.
A formação de professores também tem resultados importantes: desde 2008, formaram-se mais de 150 docentes, sendo que vários deles defenderam estudos e pesquisas sobre práticas desenvolvidas no IPCF-UFRJ em diferentes programas de pós-graduação: quatro especializações, seis dissertações e uma tese de doutorado (a ser defendida).
No entanto, em 2011, o convênio entre a UFRJ e as secretarias foi rompido de forma unilateral pelos governos Estadual e Municipal. A partir de então a escola passou a enfrentar uma série de graves problemas, e a comunidade acadêmica passou a se mobilizar, junto ao Conselho Universitário, em busca de uma solução institucional pela manutenção do Instituto.
Apesar do compromisso da reitoria, a partir de meados de 2014 os repasses de recursos se tornaram irregulares, situação agravada ainda mais no início de 2015. Hoje, os docentes que atuam no Instituto Politécnico e no Programa de Qualificação estão com suas bolsas em atraso desde fevereiro. Esses atrasos têm comprometido substancialmente o trabalho desenvolvido no Instituto Politécnico e praticamente inviabilizado as práticas inovadoras propostas pelo projeto pedagógico da escola.
Diante do quadro, torna-se urgente um maior apoio da reitoria e do Conselho Universitário da UFRJ para que avance o processo de institucionalização do Instituto Politécnico, regularizando os repasses de recursos e o pagamento das bolsas dos docentes residentes do Programa de Qualificação de Professores em Educação e Trabalho.
