Pela liberdade e recuperação dos direitos civis da Professora e Jornalista franco-brasileira Manuela Lavinas Picq presa no Equador
Para: Presidente da República do Equador, Rafael Correa
Do: Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ
Excelentíssimo Senhor Rafael Correa
Presidente da República do Equador
Garcia Moreno N10-43 entre Chile y Espejo
Código Postal: 170401/ Quito – Ecuador
Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2015
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Viemos manifestar nossa preocupação com a situação sofrida pela Professora Manuela Lavinas Picq, da Universidade San Francisco de Quito, cujo trabalho como pesquisadora e professora admiramos. Fazemos parte de uma rede de institutos de estudos avançados, entre os quais o da Universidade de Princeton, onde ela foi pesquisadora, e estamos atentos ao trabalho dela de interconexão entre diferentes países de nossa América Latina.
Esperamos que Vossa Excelência venha a atuar no sentido de garantir os direitos civis da Doutora Manuela Picq e desautorizar o processo de privação de liberdade e de deportação por ela sofrido. Sua presença e atuação profissional no Equador deveria ao nosso ver ser motivo de incentivo por parte do Estado equatoriano ao invés da hostilidade policial por que passou. O vínculo estável com seu companheiro Sr. Carlos Pérez Guartambel -- líder indígena de renome internacional e ele próprio atingido por ferimentos graves decorrentes de intervenção policial aplicada com força desmedida -- é outra comprovação de seu engajamento profissional e emocional com o povo equatoriano e com suas populações autóctones.
Como instituição de promoção de intercâmbio universitário de todos os povos, e em particular dos povos latino-americanos em toda a sua diversidade; como instituição que apoia as ações afirmativas em benefício das populações afrodescendentes e dos povos autóctones no território brasileiro, vemos com preocupação o desrespeito aos direitos indígenas e a repressão acionada pelo Estado contra aqueles que protestam contra tal desrespeito. Sua intervenção no sentido de reverter estas ações repressivas e restaurar a tolerância com relação a defensores dos direitos dos povos indígenas será uma ação cuja grandeza será reconhecida pelas instituições de promoção do saber entre os povos, como as universidades, e instituições de direitos humanos.
Atenciosamente,
José Sergio Leite Lopes
Diretor do Colégio Brasileiro de Altos Estudos – CBAE
Professor do Museu Nacional - UFRJ
Beatriz Alásia de Heredia
Diretora-Adjunta do Colégio Brasileiro de Altos Estudos – CBAE
Professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais - UFRJ