Direito de resposta ao povo de axé
Para: MPF.PRDC
Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2015
Boa noite prezados senhores:
Meu nome é Emilia Assucena, sou ligada ao Movimento Unidos Contra a Intolerância,e tb administro a página da internet da Mobilização Nacional do Povo de Ase Contra a Intolerância, movimentos esses ligados as bandeiras de combate a todo tipo de discriminação principalmente a de cunho religioso. Chegou ao meu conhecimento, duas manchetes publicadas no Jornal Meia Hora, uma de domingo, (não consigo visualizar a data, mas me parece que foi no dia 09/08/2015 com letras garrafais : "Playboy ia tomar Banho de sangue de bode para não morrer" e no dia 11/08/2015 informando "Pai de santo vai em cana na baixada acusado de matar menino de 3 anos".
Fiquei perplexa ao receber essas comunicações. E me gerou uma série de questionamentos. Qual a necessidade de associar figuras do povo de santo a criminosos procurados ou a imagens negativas? O que tem haver o fato de um suspeito de assassinato ser dessa ou aquela religião? Será que se fosse pastor de uma igreja eles também citariam a religião?
Entendo a necessidade da imprensa de informar os seus leitores. Respeito a liberdade de expressão, afinal vivemos em uma democracia. Mas, como membro do candomblé, me sinto incomodada em ver a minha religião tendo seus rituais deturpados de uma forma tão leviana, e principalmente associada a criminosos
. Esse tipo de pratica divulgado pelo jornal, nada tem haver com candomblé. Sei disso porque vivencio no meu dia a dia a prática religiosa do culto aos orixás. Porém aos olhos de um leigo, ou de quem constantemente nos ataca, tal notícia pode ser associada a práticas demoníacas, manchando o nome de todos os seu seguidores. Se, realmente o líder espiritual do local onde ele foi morto iria fazer esse tipo de trabalho, que ele como pessoa responda pelo seu ato.
Denigrir a imagem de um grupo religioso para fins comerciais, é uma atitude irresponsável. Afinal o compromisso de uma imprensa séria é de informar e não deturpar.
Quanto ao caso da manchete do pai de santo suspeito de assassinato, a exposição de sua religiosidade é absolutamente desnecessária. Antes de qualquer coisa é um cidadão sob suspeita de um crime hediondo devido a impossibilidade de defesa da vítima. Que seja apurado e em comprovado o delito que receba as merecidas sanções judiciais. Apenas informo que crimes são cometidos por todo tipo de pessoas ( das mais diversas crenças).
Diante da gravidade dos fatos aqui relatados, no tocante ao prejuízo causado a membros que de fato levam tais religiosidades a sério, e não a utilizam para fins escusos, pedimos apuração das fontes das informações publicadas e também direito de resposta do povo de santo. Estou a disposição em nome dos movimentos que represento, a prestar tais esclarecimentos.
: A presente carta, também foi protocolada no Ministério Público do Estado do RJ, através da ouvidoria e enviada a Federação Nacional dos Jornalistas por email., e também será protocolada junto ao Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro. Desde já, agradecemos pela vossa atenção a este pedido.
Atenciosamente,
Emilia Assucena. (Movimento Unidos Contra a Intolerância/ Mobilização Nacional do Povo de Ase Contra a Intolerância)
Assinam o presente documento:
