Apoio aos deputados Jean Wyllys, Chico Alencar e Glauber Rocha
Para: Jean Wyllys, Chico Alencar e Glauber Rocha
Gostaríamos que esta manifestação de apoio aos deputados Jean Wyllys, Chico Alencar e Glauber Rocha, denunciados no Conselho de Ética e na Corregedoria do Congresso Nacional, fosse não só uma demonstração cabal dos absurdos produzidos pelo congresso mais conservador eleito pós-ditadura militar, como também para enfatizar o lugar fundamental de resistência por eles sustentado neste momento crucial da nossa história.
Foram aprovados pelo Congresso diversos projetos, em plenário ou em comissões, que apontam uma guinada ultraconservadora do ponto de vista social, seja trabalhista ou de costumes, como a terceirização do trabalho, a redução da maioridade penal, o retorno à família nuclear, biológica e patriarcal e a retirada das parcas conquistas dos direitos das mulheres – como o aborto após estupro e a métodos anticonceptivos (pílula do dia seguinte). Foram vitórias capitaneadas pelo inescrupuloso e hipócrita deputado Eduardo Cunha e seus asseclas, deputados conhecidos pela sigla BBB, bancada (bancados?) da bala (indústria armamentista), do boi (ruralistas) e da bíblia (fundamentalistas religiosos).
Mas o poderoso chefão sofre um abalo ao não conseguir conter as denúncias, provas e toda sorte de improbidades que contra ele se evidenciam. Estando formalmente denunciado no Conselho de Ética e investigado no STF, tem sua hegemonia frontalmente abalada. Cunha e Cia tentam calar as vozes denunciantes que sempre estiveram na linha de frente na investigação de atos e fatos ilícitos, se opondo a perspectiva neofascista que ameaça a vida nacional.
Jean Wyllys, Chico Alencar e Glauber Rocha são deputados que denunciam a corrupção endêmica que assola diversas instâncias dos poderes constituídos. Contudo, o mais incomodativo e radical é que eles não são reféns do discurso moral, não se restringem ao maniqueísmo primário do bem contra o mal e não apregoam soluções somente punitivistas ou saneadoras para a vida política. Pensam do ponto de vista estratégico, do jogo de forças e da qualificação das diferentes representações populares. Não cedem ao apelo fácil dos consensos manipulados, das “maiorias barulhentas”, estão atentos aos dizeres minoritários, às falas estancadas e ao gestual dos sistematicamente calados.
Como o conservadorismo neofascista pode suportar corpos e falas que produzem estranheza ao espuriamente constituído? Um deputado que se autodenomina homossexual num congresso branco, falocrático e misógino pode ser chamado de escória, mas um deputado denunciado por desvio de verba não pode ser chamado de ladrão, pois a ladroagem é uma prática consentida e compartilhada por parte dos “homens” do parlamento.
Parece que não nos cabe neste momento produzir a defesa desses descabidos ataques, ou detalhar os podres meandros que levaram Jean Wyllys, Chico Alencar e Glauber Rocha ao Conselho de Ética ou à Corregedoria do Parlamento, e sim sublinhar a gravidade do momento político em curso, quando um projeto conservador ganha votos e panelaços, e vozes minoritárias como a desses deputados, porém de potência assustadora e reveladora, são cada vez mais incomodativas e, por isso, sofrem golpes de intimidação.
Contem conosco como parceiros nesta luta necessária.
Assinaturas (atualizado em 03/12/15):
Débora Abramant
Leila Maria Bruck Ripoll
Isabella Fernandes
André Cezar
Renaud Leenhardt
Vitor André Pinto de Arruda
Paula Ströher
Atenéia Rocha França de Araújo
Luiz Carlos Lacerda
Laura Samy de Castro
Maicon Cunha
Ricardo Valias
Joelson Gusson
Fernando França Cocchiarale
Alexandre dertonio de Mello
Ana Maria Barcellos Bertoni
Ana Carolina Passos
