Carta aberta à LAACA
Para: Liga Atlética Acadêmica de Comunicações e Artes
Carta aberta à LAACA (Liga Atlética Acadêmica de Comunicações e Artes)
Prezada LAACA,
Compreendemos o JUCA - Jogos Universitários de Comunicação e Artes - como um campeonato universitário entre as atléticas das faculdades de comunicação e artes que tem como principal objetivo fomentar o esporte universitário e realizar a integração das e dos estudantes participantes. Contudo, podemos observar, pelas edições anteriores à este ano, que este mesmo ambiente apresenta altos índices de opressões como: atitudes machistas, LGBTfóbicas e racistas, praticadas e direcionadas aos seus próprios participantes, sejam estas atitudes individuais e/ou coletivas (ex: hinos opressores), o que prejudica seus objetivos principais.
Viemos, então, por meio desta carta aberta, apresentar nosso pedido de que, a partir deste momento, a LAACA se posicione contra quaisquer atitudes opressoras, sem omissão ou isenção de sua responsabilidade como organizadora dos Jogos. Pedimos também que as Atléticas integrantes do JUCA, juntamente com a Liga, realizem campanhas de conscientização e de combate às opressões. Levando em conta os momentos da prática esportiva, seja dentro ou fora da praça esportiva, e também em suas festas e outros espaços de integração.
No próprio evento - JUCA 2016 | #jáéJUCA - criado pela LAACA, houve a exposição de diversos descontentamentos por parte das alunas e alunos participantes dos Jogos sobre atitudes vivenciadas em outras edições, e também sobre a articulação de uma página, chamada JUCAts, que objetifica e expõe mulheres, colaborando, assim, para a legitimação de um ambiente hostil e inseguro para as participantes do JUCA, dentro e fora de campo.
Além disso, colocamos de antemão nossa vontade de articulação, por meio de coletivos feministas, LGBTs e negros, baterias organizadas, Atléticas simpatizantes e/ou estudantes simpatizantes com a causa, para o combate e exposição de tais opressões dentro do Inter até um efetivo posicionamento da LAACA em relação a situação. Assim, fazemos um apelo para que todas as faculdades que compõe o JUCA, suas Atléticas, baterias e coletivos, construam conosco medidas autônomas para termos visibilidade a estas questões e criarmos um ambiente menos opressor.
Reconhecemos as iniciativas por parte da Liga em combater as opressões. Pudemos verificar, nesse ano de 2016 pela primeira vez, a presença de punições no regulamento esportivo da LAACA contra “ofensas de qualquer ordem de preconceito ou injúria por parte de atletas, representantes da AAA, comissão técnica ou dirigentes dentro do campo de jogo”; além de reconhecermos um empenho inicial em sua comunicação com o público, incluindo campanhas como o uso da “#JUCAsemopressão” e respostas à comentários homofóbicos. Contudo, compreendemos que esse esforço da Liga pode ser ampliado, em conjunto com as Atléticas, atletas, baterias e quaisquer participantes do JUCA.
Uma das formas de se posicionar de forma condundente é apresentar punições justas e para além do campo de jogo, a qualquer pessoa que tenha tais atitudes (racistas, machistas e/ou LGBTfóbicas), sejam estudantes comuns, atletas, ritmistas, componentes das Atléticas ou da Liga. Compreendemos que as punições fazem parte de um conjunto de medidas essenciais para a manutenção e criação de um ambiente estável, além de desestimular outras pessoas que pretendessem ter o mesmo tipo de atitude.
Por fim, ressaltamos que o combate à qualquer ordem de opressão se dá diariamente e é de responsabilidade de todos, pois quando nos omitimos perante tais situações estamos compactuando com os opressores.
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