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Reparação do painel de Carolina, Gama e Rebouças na E.E. Maria José

Para: Direção da Escola Estadual Maria José; Diretoria Regional de Ensino Centro-Sul

À direção da Escola Estadual Maria José
À Diretoria Regional de Ensino Centro-Sul

A comunidade do Bixiga, organizações e os artistas do grafite que assinam esta carta vêm questionar o apagamento do painel que retratava figuras de referência da história da resistência negra brasileira, destacadamente nas áreas da Literatura, do Direito e da Arquitetura.

A destruição da homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus, ao advogado Luiz Gama e ao arquiteto André Rebouças, além do apagamento de outros grafites que traziam referências afro-diaspóricas, é um exemplo de como o racismo opera em nosso país.

A prática do silenciamento da história é um instrumento de dominação de determinados grupos sociais, especialmente das populações negras e indígenas. Não podemos esquecer que a cidade se comunica, também, por símbolos que compõem narrativas de fortalecimento de um povo.
Certamente a direção da Escola manifestará que não houve intencionalidade racista e que era necessário renovar a pintura da instituição de ensino. Mas além de não ter buscado restaurar as homenagens já postas, a Escola optou por substituí-las por painéis infantilizados e com representações majoritariamente de crianças loiras (o que está longe de expressar a composição populacional brasileira). Configura-se, assim, a prática do epistemicídio, que se confronta com a legislação em vigor. Na capital que se denomina "Farol do combate ao racismo" o episódio é ainda mais gritante.

As figuras de Carolina, Gama e Rebouças não eram mera pintura, mas parte de um processo de reeducação de nosso povo e nossas crianças numa perspectiva não colonial. As três personalidades ilustres evidenciavam à maioria de estudantes negros que vivem no Bixiga, território legado pelo Quilombo do Saracura, e estudam na escola que existiram em nossa História não apenas as vítimas da escravidão transatlântica. O painel era a materialidade do reconhecimento de pessoas negras que foram determinantes para que a escravização de seres humanos hoje seja crime e repudiada pela sociedade, bem como para que a população negra não seja vista somente como descendentes de pessoas que foram escravizadas, apartadas de suas histórias pré-colonial, de conquistas e de transformações sociais. Destacamos que a Escola tem um papel fundamental neste processo.

Num momento em que o debate sobre o racismo e a mobilização em defesa da preservação da memória negra no bairro e pela preservação do legado do Quilombo do Saracura e do Vai-Vai toma vulto no território, soa ainda como uma confrontação a essa luta a opção por mais um apagamento negro.

Nesse sentido, a fim de assegurar o que está previsto na Base Nacional Curricular e da Lei 10.639/2003, demandamos a restauração do painel antirracista, que a Escola estabeleça diálogo com a comunidade, e que, no futuro, a unidade se organize para que não mais ocorram tais práticas. Ao contrário, que a E.E.Maria José promova ações para o reconhecimento da contribuição negra ao próprio fazer da instituição, como no caso de Tia Jenny, mulher negra que contribuiu nos cuidados e na formação de centenas crianças do bairro como inspetora na Escola, além do seu papel fundamental na Pastoral Afro da Paróquia de Nossa Senhora Achiropita.




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Esta petição foi criada em 09 março 2023
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