Abaixo-assinado Não à Gazeta do Povo: não sustento quem me ofende!
Para: CARTA ENDEREÇADA AO DEPARTAMENTO DE MARKETING DA GAZETA DO POVO
CARTA ENDEREÇADA AO DEPARTAMENTO DE MARKETING DA GAZETA DO POVO
Prezadas senhoras e senhores,
Na condição de consumidores e consumidoras do jornal Gazeta do Povo, manifestamos a nossa indignação perante a coluna do Sr. Carlos Ramalhete, publicada semanalmente no blog do jornal. Já há bastante tempo esse senhor vem publicando textos de cunho homofóbico, lesbofóbico, xenofóbico, elitista e misógino, de modo a ofender homens, mulheres, transexuais e travestis, gays e heterossexuais, que buscam e têm a expectativa de construir uma sociedade mais igualitária.
Citamos, aqui, como exemplos, o texto intitulado “Gambás e alcatras”, de 12 de julho deste ano, em que o colunista comparava as manifestantes que participaram da Marcha das Vadias, realizada em Curitiba, a “carcaças de gambás atropelados” (sic); também “De pintinhos e buraquinhos”, de 23 de agosto, em que consegue num total de seis parágrafos menosprezar as culturas populares, pregar a repressão sexual e se posicionar contra a prevenção da gravidez e dos direitos reprodutivos da mulher e ainda fornecer diversas informações incorretas sobre a legislação brasileira; e ainda o mais recente, “Perversão da adoção”, deste 30 de agosto, em que utiliza termos como “perversão” e “abuso” para se referir a adoção de criança por casais do mesmo sexo, estendendo suas críticas não só a esses casos, mas a qualquer situação familiar que não atenda ao padrão homem-mulher-filhos.
Não é de se estranhar que esse senhor tenha e manifeste tais perspectivas. Com uma busca simples pela internet, é possível encontrar outros textos e vídeos de sua autoria pregando a intolerância contra qualquer religião que não seja a sua – a Católica – além de diversos outros conteúdos ofensivos a mulheres, à comunidade LGBT, pessoas de outros estados e países.
O que é inaceitável é que um veículo de comunicação com a tradição e a circulação da Gazeta do Povo forneça espaço a esse tipo de pensamento, contribuindo para o recrudescimento das relações sociais e para a desinformação acerca das diversas discussões que envolvem os direitos humanos em nosso país, incentivando o retrocesso e o desprezo pela diversidade.
Nós, consumidoras e consumidores, diretos e indiretos, da Gazeta do Povo, somos mulheres, homens, gays, lésbicas, bissexuais e heterossexuais, transexuais e travestis, das mais diversas etnias, provenientes de diversos estados e países, somos ateus, agnósticos, e pertencentes a várias religiões, somos provenientes de famílias que possuem os mais diversos formatos e não pretendemos dar suporte a um veículo que não aceita as nossas diferenças.
Dessa forma, damos início hoje à ação “Não à Gazeta do Povo: não sustento quem me ofende”, em diversas redes sociais, pedindo que amigos, conhecidos e familiares cancelem suas assinaturas do jornal e evitem compartilhar notícias e artigos online, até que o veículo apresente uma retratação pública, e que a coluna do Sr. Carlos Ramalhete seja encerrada.
O foco desta ação não é a punição. Lutamos, sim, para a melhoria de um serviço de comunicação, de concessão pública, que tem por obrigação fornecer informação qualificada e perspectivas diversas e contribuir para o avanço da nossa sociedade, e que não pode, em hipótese alguma, incentivar o atraso e popularizar discursos de ódio.
Sem mais, subscrevemo-nos.
