Abaixo-assinado Manifesto do Movimento Pró-aula da Universidade Federal de Pelotas
Para: Representatividade grevista dos docentes da UFPel e Comunidade Acadêmica.
Prezados colegas da Universidade Federal de Pelotas, de demais Universidades em greve e população Pelotense!
Chega uma hora que percebemos que por mais precária e frágil que possa parecer nossa Universidade, ela é sim essencial, não só para seus alunos que vem de todas as partes do País, mas também para toda a comunidade Pelotense.
Sabemos que a UFPel, devido ao ingresso unificado do SiSu, agrega pessoas de diversas partes do Brasil, que migram atrás de qualificação. Salvo exceções, estes alunos não possuem condições de se manter dignamente longe de casa, o que faz a Universidade intervir socialmente, promovendo os serviços de assistência estudantil, que não se resumem a vale transporte, alimentação e auxílio creche apenas, mas que cede moradia (ainda que saibamos de sua péssima condição), serviço clínico, odontológico e psicológico, estes últimos direcionados à toda a comunidade acadêmica prestados pela PROASA e prestados à comunidade Pelotense pelas Faculdades de Medicina e Odontologia.
Todos que fazem uso destes serviços tiveram de alguma forma, cerceados seus direitos constitucionais à alimentação, moradia, saúde e educação.
Não estamos buscando um embate interno entre professores e alunos. Queremos ter a oportunidade de dialogar sem sermos censurados, ironizados e hostilizados pelo fato de nos sentirmos lesados em diversos pontos, que são simplesmente desprezados por quem defende cegamente que greve é o único meio de reivindicação.
Até o momento, já se passaram mais de 100 dias de greve no âmbito nacional, e é nosso dever deixarmos de lado por um momento as utopias e usarmos a sensatez, mudando a estratégia, pois é visto que a greve não assusta nem pressiona, apenas dá uma leve atrapalhada no andar da carruagem.
Diante disso, reunimos um grupo de mais precisamente 600 pessoas, e em constante crescimento, que além de agregar ideias, nos motivaram e deram coragem de lutar pelo nosso direito de estar em sala de aula sem deixar de lado as reivindicações tanto docentes quanto discentes e sem prejudicar os interesses de nenhuma das partes.
A Universidade em atividade se torna mais forte, já que todos seus integrantes estão presentes. Acreditamos que em aula, o diálogo fica mais facilitado e a união se torna mais real. Neste caso, é um compromisso que assumimos com a comunidade, ser braço forte da Universidade, contanto, que nossos direitos não sejam feridos.
Não pretendemos com isto desprezar as reivindicações feitas até o momento, mas tentar da melhor forma, mostrar ao atual governo e aos que virão, que nossa insatisfação, não se resume a salários, goteiras e falta de espaço, somos mais do que pensamentos imediatistas.
Somos necessários. Somos pessoas em quem a sociedade tem interesse imediato. Somos professores, cientistas, médicos, engenheiros, artistas, que não devem se preocupar apenas com seus bolsos, mas em devolver para a sociedade, o quanto antes, tudo que ela está nos oferecendo.
É inaceitável nos tornarmos reféns de uma greve que não está sendo satisfatória e que visivelmente não trará frutos.
E é com esta motivação, de retornarmos às atividades e mantermos mobilizações periódicas, organizadas e com uma visibilidade maior, pois seremos mais numerosos, que na data em que o governo informa oficialmente encerrar as negociações com os grevistas chamamos aos interessados que nos apoiem nesta causa assinando esta petição em forma de manifesto contra a continuidade da greve.
"O erro na verdade não é ter certo
ponto de vista, mas absolutizá-lo e
desconhecer que, mesmo do acerto
de seu ponto de vista é possível
que a razão ética nem
sempre esteja com ele." Paulo Freire
Gratos pela atenção.
Movimento Pró-aula da Universidade Federal de Pelotas.
Pelotas, 31 de agosto de 2012.
