Abaixo-assinado Moção de APOIO ao CEPE/UFV pela retirada do livro "Violetas e Pavões" de Dalton Trevisan, como objeto de avaliação do processo seletivo do CAP-COLUNI/UFV 2013
Para: À Reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares e demais membros do CEPE/UFV
Por determinação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, em reunião realizada no dia 3 de setembro de 2012, o livro "Violetas e Pavões"(2009), do escritor Dalton Trevisan (Editora Record), foi retirado da prova de seleção do Colégio de Aplicação COLUNI daquela universidade.
Dalton Trevisan é aclamado pelo seu público e pela crítica e, por isso mesmo, recebeu o "Prêmio Camões" em Lisboa (2012), honraria maior da Literatura Portuguesa. No entanto a colocação de uma obra sua com "Linguagem mordaz, diálogos incomuns e exacerbado erotismo", conforme a sinopse da obra, para adolescentes de 13-14 anos vai contra os princípios e valores de nossas famílias.
Sabemos que a educação de um cidadão se faz, primeiro, em casa. Depois, nas escolas e na sociedade. Acreditamos que a maioria das famílias brasileiras é contra a exposição de seus filhos, e os de outrem, no início da adolescência, a situações e linguajar que, via de regra, não se vive ou se ouve dentro da própria casa. Parece-nos que a inclusão de tal obra, e a revolta de alguns pela sua proibição pelo CEPE, confunde liberdade de expressão com libertinagem.
Não precisamos expor nossos filhos a mais violência, mais sexo, mais palavreado de baixo calão. Isso tudo já está na tv, nos jornais, nas bancas de revistas, nas ruas - produzido por instituições privadas. Não precisamos, e nem queremos, obrigar nossos filhos e os de outros, a ler uma obra escrita por quem já era muito adulto, tinha a mente formada e tinha seus valores bem estabelecidos quando a criou.
Qualquer um deve ter o direito de ler a obra de Trevisan, mas ser obrigado a fazê-lo em uma instituição de ensino pública e em idade inadequada é também uma forma de censura - a censura à liberdade das famílias de decidirem a que tipo de literatura seus filhos serão expostos a partir do uso do dinheiro público.
Entendemos que sexo, erotismo, drogas e violência fazem parte de nossas vidas e de toda sociedade humana. Mais cedo ou mais tarde, toda pessoa será exposta a esses fatores. Logo, não somos contra sua discussão, em hipótese alguma. Também não somos contra a liberdade de expressão. Porém somos a favor de material apropriado a cada faixa etária.
Para se compreender o mundo e relações inter-pessoais há inúmeras outras obras que abordam sexo, drogas e violência, que não fazem uso de linguagem e contextos inapropriados para cidadãos que acabaram de sair da infância. Adequar obras literárias ou qualquer forma de arte à idade de cada pessoa não macula nem prejudica nossa sociedade. Pelo contrário, a protege, na medida em que dá tempo ao tempo para que as pessoas decidam por ter acesso a conteúdo adulto quando forem adultas.
Como pagadores dos impostos que bancam o ensino público, vimos por meio desta APOIAR EXPRESSAMENTE A DECISÃO DO CEPE /UFV por retirar a obra supracitada da relação de livros exigidos para o exame de seleção para o COLUNI / UFV em 2012. Estamos certos que o quadro altamente seleto de doutores e pós-doutores do COLUNI e da UFV tem plena capacidade de sugerir obras que não atentem aos valores da família, seja ela de que classe social, raça, cor, opção sexual, religião ou partído político for.
Queremos, também, nossos valores e opiniões respeitados e não tratados como crime por uma horda que insiste em dizer que moral é falsa-moral, que somos "caretas", "ditadores" etc. O resultado da perda de valores em nossa sociedade está nas ruas - não precisamos instigar isso ainda mais, especialmente em instituições de ensino.
"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons. ... O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos - Martin Luther King".
"O que a vida quer da gente é a coragem " - Riobaldo - Grande Serão: Veredas.
Parabéns ao CEPE e à UFV pela corajosa decisão que, saliente-se tem pleno respaldo no Estatuto da Criança e do Adolescente.