Abaixo-assinado CARTA ABERTA À COMUNIDADE DA UnB
Para: Comunidade da UnB e Distrito Federal
CARTA ABERTA À COMUNIDADE DA UnB
Prezados professores, estudantes e técnicos da Universidade de Brasília, consideramos de extrema relevância os fatos ocorridos na última reunião do CONSUNI, realizada no dia 7 de junho, no auditório da reitoria, transmitida, ao vivo, pela UnBTV. Como muitos não tiveram oportunidade de presenciar ou de assistir à sessão, passamos ao relato sobre como o Presidente do CONSUNI, o magnífico reitor Ivan Camargo, conduziu os trabalhos de forma autoritária, desrespeitosa e contrária ao que reza o estatuto da entidade bem como ao decoro que deve ser mantido entre pares na academia.
Um dos temas da pauta da reunião era a reativação do Conselho Diretor, órgão que teve suas funções paralisadas em 2008, momento de grave crise da UnB que, para resumir, acabou na deposição do então reitor Timothy Mulholand. À época, o Conselho Diretor foi incansavelmente denunciado por estudantes, professores e técnicos como um órgão espúrio, cuja atuação de seus integrantes permitia falcatruas de diversos níveis.
Óbvio, portanto, que a iniciativa do Reitor bem como de sua equipe e de seus apoiadores, suscitaria dúvidas e desconfianças, reacendendo questionamentos feitos há cinco anos. Alguns, muito importantes, por traçarem um minucioso retrospecto sobre o que ocorreu à época, sobre os significados políticos da reativação do Conselho Diretor bem como sobre suas implicações para a autonomia universitária, como os de autoria do professor Michelângelo Trigueiro, publicados no sítio da ADUnB.
Tão logo o parecer do relator da reativação do Conselho Diretor, conselheiro Noraí Rocco, foi submetido à apreciação do plenário, a professora Cristina Brandão( Faculdade de Tecnologia), pediu vistas ao processo, com a alegação de que o mesmo continha diversas inconsistências. Sem conseguir complementar seus argumentos, já que o prazo dado a cada conselheiro para se expressar era de apenas três minutos, a conselheira pediu reinscrição, entretanto, o presidente do CONSUNI, monocraticamente – sem consulta ao plenário – decidiu que isso só ocorreria após a primeira rodada de inscrições.
Findas as primeiras inscrições, o presidente do Conselho queria passar imediatamente a votação do pedido de vistas, dado que o mesmo foi contestado por outro conselheiro. A professora Cristina e outros integrantes do Conselho tiveram que insistir para que ela e a pessoa contrária ao pedido vistas pudessem defender seus posicionamentos, como é de praxe em tais ocasiões. Visivelmente contrariado, o presidente cedeu dois minutos para cada, o que, é claro, não é suficiente para tecer argumentos sólidos.
Prosseguiu a votação, cujo resultado foi de 41 votos contrários ao pedido de vistas contra 25 a favor. Diante do fato, os conselheiros favoráveis ao pedido de vistas retiraram-se em massa do auditório. O presidente, por sua vez, conclamou para a votação do parecer de Noraí, ao que Cristina pediu verificação de quórum. Neste momento, totalmente descontrolado, o reitor começou a gritar com a conselheira, negando-lhe a contagem. A conselheira saiu aos prantos da sessão, sentindo-se agredida moralmente pelo reitor, que desrespeitou as normas do convívio acadêmico e porque não dizer, de um mínimo de civilidade. O presidente do Conselho Superior da UnB simplesmente realizou a contagem de votos favoráveis ao parecer, não solicitou os votos contrários e muito menos as abstenções, ou seja, não cumpriu o rito para aprovação de qualquer objeto posto para deliberação.
Diante de tudo isso, reafirmamos que a sessão passada do CONSUNI merece reflexões por parte dos membros da UnB. Por que a pressa em votar a reativação do Conselho Diretor? Porque não houve um amplo debate na comunidade universitária para que a mesma fosse esclarecida sobre as implicações políticas e institucionais da reativação do conselho? Sem dúvidas, em seu primeiro embate, a nova reitoria demonstrou incapacidade de diálogo e de promoção da democracia. Dessa forma, concluímos com o alerta para que a comunidade procure saber mais sobre o CD. A nosso ver, ele fere a autonomia obtida pelas universidades públicas brasileiras, obtida com a promulgação da Constituição de 1988.
CONSUNI SIM! CONSELHO DIRETOR NÃO!