Abaixo-assinado Apoiamos a ação do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro contra as agressões no Viradão Cultural 2013
Para: Sociedade Civil
Nós abaixo assinados apoiamos os encaminhamentos dados pelo departamento jurídico do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro (SindMusi) aos fatos ocorridos no dia 14 de Abril de 2013 no evento Viradão Cultural.
Não podemos tolerar que músicos no exercício de sua profissão sejam desrespeitados e agredidos verbal e fisicamente.
Seguem links das notícias que saíram a respeito:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/04/1263087-musicos-da-abayomy-afrobeat-orquestra-dizem-ter-sido-agredidos-no-viradao-carioca.shtml
http://oglobo.globo.com/blogs/saideira/posts/2013/04/15/o-triste-fim-do-viradao-carioca-no-arpoador-493488.asp
Segue a carta da Abayomy Afrobeat Orquestra dando a sua versão oficial dos fatos:
Nós, da Abayomy Afrobeat Orquestra, viemos por meio desta carta esclarecer o que ocorreu na noite do último Domingo, dia 14 de Abril de 2013, no Palco Jazz do Viradão Carioca, no Parque Garota de Ipanema, Arpoador, e dar a nossa versão do fatos lamentáveis ocorridos.
Antes de mais nada gostaríamos de dizer que ficamos muitos felizes de ter sido convidados a participar do festival. Pra gente é sempre uma imensa alegria e uma honra tocar na rua para o povo, num evento gratuito. Parabenizamos esta iniciativa que esta totalmente alinhada aos objetivos do grupo: levar música para o povo onde o povo está. Por isso aceitamos a proposta financeira simbólica que nos foi oferecida, praticamente uma ajuda de custo, apesar do evento contar com dois grandes patrocinadores. Algumas semanas anteriores, tinha sido maravilhosa para nós também a experiência de tocar num evento independente organizado pelo Coletivo Maré, no complexo da Maré, sem cobrar absolutamente nada de ninguém!
Nosso show no Arpoador, estava marcado para começar às 20h30 e teria uma hora de duração.
Quando chegamos ao local fomos avisado que por conta da chuva do dia anterior tinham decidido inserir duas bandas, que foram canceladas na véspera, na programação do dia e que por conta disso, todos teriam que fazer shows mais curtos. Compreendemos a situação e tiramos duas músicas que tínhamos previsto tocar do nosso repertório, uma música autoral nova, e uma das músicas que tocaríamos em homenagem ao grande artista Marku Ribas recém falecido.
Às 20h30, estávamos pronto pra tocar mas pediram pra inserir umas das bandas antes. Apesar disso prejudicar muito três integrantes do grupo que tinham um compromisso profissional marcado após o horário previsto para terminar nosso show, aceitamos a proposta pois entendemos a situação, porque achamos que seria bom para o evento que fossemos encerrar a noite como estava programado, e porque nos garantiram que o show que iria entrar seria bem curto terminando no máximo às 21h30 e que poderíamos com certeza estender nosso show até às 23h.
Durante o show que acontecia no horário que estávamos programado, muitas pessoas do público vieram nos procurar ansiosas pra nos ver tocar, preocupadas se realmente iria acontecer nosso show, pois assim como um senhora que aparentava ter mais de 60 anos, muitos tinham ido lá especialmente pra nós ver.
Às 21h30 o show anterior ao nosso continuava com permissão deliberada pela produção do evento que insistia para não nos preocuparmos pois poderíamos tocar tranquilamente até às 23h. Pacientemente aguardamos o término do show, e fomos autorizados a subir no palco somente às 22h. Foram necessários pelo menos uns 20 minutos para efetuar os ajustes técnicos para o inicio do nosso show. Começamos a tocar por volta de 22h20. Às 22h45 estávamos tocando a penúltima música do nosso repertório quando 4 ou 5 seguranças se posicionaram na frente da mesa de monitor, numa clara intenção de tentar intimidar a banda, enquanto a produção nos ordenava encerrar imediatamente nosso show contrariando tudo que havia sido acordado anteriormente. Decidimos emendar na última música, para agilizar o fim do show, com uma música emblemática do nosso repertório que tinha sido escolhida especialmente para o encerramento.
Faltavam apenas 4 minutos para encerrarmos a música quando o som foi cortado e logo em seguida a luz do palco apagada.
E o respeito com o público? E o respeito com a banda que estava trabalhando? E o respeito ao acordo entre produção e banda?
Ainda tentamos argumentar, mas a equipe de som, alguns seguranças e outras pessoas ligadas a produção invadiram o palco de forma absolutamente agressiva conforme o público todo presente pode observar. Estava deflagrada a violência e o desrespeito contra a gente e contra o público que saiu de casa para ver um show de música e não um show de horrores.
O que se sucedeu depois disso foram agressões e ameaças a membros da banda. Fomos agredidos com empurrões e ofensas. Nosso baterista, foi puxado com força da bateria enquanto ainda estava tocando. Nosso Guitarrista, levou um soco no peito e foi ameaçado, os seguranças eram incentivados por um produtor do evento que aparentava estar totalmente descontrolado a bater e botar pra fora aqueles vagabundos, segundo suas palavras.
A agressão se intensificou nos bastidores. Membros de outras bandas e companheiras dos músicos que expressavam sua indignação foram agredidos física e verbalmente!!
Fomos ofendidos e desrespeitados como nunca podíamos imaginar que aconteceria. Todos da equipe do palco Jazz nos trataram com desrespeito e deboche, e fora as agressões fomos humilhados publicamente, diante de um público indignado com a falta de respeito demonstrada por essas pessoas despreparadas para lidar com artistas que estavam ali para exercer o seu trabalho dignamente.
Depois de muita confusão fomos a delegacia de polícia prestar queixa do ocorrido!
Estamos tomando todas as atitudes cabíveis dentro da lei para que possamos fazer valer nossos direitos.
Não queremos acusar ninguém injustamente, muito menos gerar mais violência, que é exatamente a razão para tudo isso ter explodido!
É com espanto que ficamos sabendo que uma outra banda, a Tupiniquim Jazz Orquestra que tocou neste palco no mesmo dia teve seu show interrompido deliberadamente, e também foram postos para fora do palco de forma violenta. O Bonde Som que tocara dois dias antes também foi interrompido de forma deseducada!
No entanto um episódio lamentável como esse pode gerar um movimento tão importante como o que está ocorrendo com a mobilização e a união de diversas pessoas que se sensibilizaram pelo ocorrido e que estão fartas do descaso como as coisas são feitas no Rio de Janeiro, e com a impunidade.
Nós somos artistas e exigimos todo o respeito a que temos direito.
Desejamos que esse episódio possa gerar uma onda de conscientização.
Queremos ainda deixar claro que em nenhum momento incentivamos ou incitamos qualquer tipo de violência. A violência e o desrespeito partiu exclusivamente da equipe de produção. Fomos tomados sim de uma revolta e um sentimento de indignação perante o comportamento assustadoramente agressivo dessa equipe que cuidava do evento, mas em nenhum momento alguém da banda agrediu física ou verbalmente alguém dessa equipe.
Com a palavra nosso mentor Fela Anikulapo Kuti:
"A música é nossa arma!"
"Afrobeat No Go Die!"
Axé!!
Estamos juntos!
ABAYOMY AFROBEAT ORQUESTRA"