Abaixo-assinado Cardápio vegetariano no restaurante universitário da UERJ.
Para: Nutricionista do restaurante universitário e Reitoria.
A UERJ é uma universidade plural que vem tentando se adequar e inserir em seu cotidiano todas as formas de manifestação culturais. Parte desse contexto que nós, os abaixo-assinandos, julgamos que deve passar por reformulações é o cardápio do restaurante universitário, de modo a respeitar as necessidades de vegetarianos, veganos e daqueles que desejam consumir carne com menor periodicidade.
No cardápio semanal oferecido pelo restaurante universitário, de 23 a 27 de setembro de 2013, há apenas na quinta-fera uma opção vegetariana como prato principal (e nenhuma opção vegana). Para todos os outros dias as opções de alimentação estão reduzidas para nós, quando é servido carne no almoço e jantar.
Como base deste argumento não há apenas questões culturais e de foro íntimo. Segundo recomendações nutricionais da Harvard School of Public Health[1], não é considerado como uma alimentação balanceada um cardápio que oferece carne duas vezes ao dia, todos os dias, sem opção de prato principal para aqueles não desejam comer carne:
"Use com moderação carne vermelha, carne processada e manteiga: Estes alimentos estão no topo da Healthy Eating Pyramid porque eles contêm grande quantidade de gordura saturada[...]. Comer muita carne vermelha e carne processada tem sido associada ao aumento do risco de doenças cardíacas, diabetes e câncer de cólon. Por isso, é melhor evitar carnes processadas e limitar a carne vermelha para não mais do que duas vezes por semana".
Um estudo publicado pela "New England Journal of Medicine" [2], com uma amostragem de 120.877 pessoas, indica: "Mudança de peso foi mais fortemente associado com a ingestão de batatas fritas (+766 g), batata (+580 g), bebidas adoçadas com açúcar (+453 g), carnes vermelhas não processadas (+430 g) e carnes processadas (+421 g) e foi inversamente associado com a ingestão de legumes (-100g), cereais integrais (-167g), frutas (-22g), nozes (-258g) e iogurte (-371g)".
Outro estudo publicado pelo "The American Journal of Clinical Nutrition" [3], encontrou uma associação positiva entre a diabetes tipo 2 e o consumo diário de mais de 50g de carne vermelha. No bandejão de UERJ cada porção de carne tem certamente mais de 50g e, como as mesmas opções sendo servidas no almoço e jantar, sem opção vegetariana de forma regular, esse valor pode ser largamente superado em um único dia.
Estudo publicado pela Harvard School of Public Health [4], com amostragem de 84.136 mulheres, encontrou uma associação positiva entre doenças cardíacas e o consumo de carne vermelha como fonte proteica.
Nós, os signatários, respeitamos aqueles que desejam comer carne todos os dias. Somos a favor da possibilidade de escolha e, justamente por isso, gostaríamos de ter também a possibilidade de escolher uma alimentação que não tenha carne ou que não tenha produtos de origem animal.
Atualmente, há três "ilhas de buffet" no restaurante universitário, e sugerimos que uma delas seja convertida de modo a ter opções vegetarianas e veganas. Essa mudança poderia inclusive reduzir os custos da alimentação, uma vez que a carne costuma ser a opção mais cara do cardápio. Isso também aumentaria as opções para aqueles que gostariam de reduzir o peso [2].
Como uma reformulação a ser feita no futuro, gostaríamos também de solicitar a avaliação de ser implementado um café da manhã para aqueles que chegam cedo à UERJ.
Cordialmente.
Alunos da UERJ.
Referências:
1 - Harvard School of Public Health: http://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/pyramid-full-story/
2 - Mozaffarian, Tao Hao, Rimm, et al; Changes in Diet and Lifestyle and Long-Term Weight Gain in Women and Men; New England Journal of Medicine; 2011. http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1014296
3 - Pan A, Sun Q, Bernstein AM, at al; Red meat consumption and risk of type 2 diabetes: 3 cohorts of US adults and an updated meta-analysis; The American Journal of Clinical Nutrition; 2011: http://ajcn.nutrition.org/content/94/4/1088.full
4 - Pan A, Sun Q, Bernstein AM, at al; Major dietary protein sources and risk of coronary heart disease in women; 2012: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2946797/