Abaixo-assinado Abaixo assinado pela restauração, preservação e uso cultural da Fazenda Colubandê.
Para: Prefeitura de São Gonçalo / Governo do Estado do Rio de Janeiro / Superintendente do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
ABAIXO ASSINADO PELA RESTAURAÇÃO, PRESERVAÇÃO E USO CULTURAL DA FAZENDA COLUBANDÊ.
Fazenda Colubandê a mais importante exemplar da antiga arquitetura rural brasileira. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 23 de março de 1940, a Fazenda Colubandê foi construída no século 17 por Catarina Siqueira, proprietária do Engenho Nossa Senhora de Mont’Serrat, depois Engenho Colubandê e, hoje, com o nome de fazenda. Em meados do século da sua construção, Catariana Siqueira vendeu a fazenda para judeu Benamun Benevitis, que foi convertido ao cristianismo recebendo o nome de Ramires Duarte Leão. Leão não utilizava o culto de um só produto em sua fazenda, chamado de monocultura, como era de costume na época. Dessa forma, o engenho foi um dos mais produtivos do País e utilizou mão-de-obra escrava. Apesar de ter sido convertido ao cristianismo, Leão não deixou de praticar o judaísmo, ele veio para o Brasil e trazia judeus perseguidos de outros países para uma localidade próxima ao engenho. Ao longo do tempo, outras pessoas se tornaram proprietárias e, em seu piso, gasto pelo tempo, é possível ver uma sepultura onde imagina-se estar enterrado Antonio de Souza, provável vigário da capela ou arrendatário da fazenda. Esse era um procedimento comum na época e seguido até meados do século 20. De seu altar foram furtadas, na segunda metade do século 20, as imagens de Nossa Senhora de Santana e São Joaquim, talhadas em madeira e décadas do século 18.
A fazenda tem prestigio de ser uma das casas mais autenticamente brasileiras, o que pode ser constatado comparando-a com as reproduzidas nos inventários da Academia de Belas Artes de Lisboa e na publicação Arquitetura Popular em Portugal, destaca o escritor e arquiteto. No inicio do século XVI a área onde hoje é compreendido o Município de São Gonçalo foi desmembrada pelos Jesuítas e mais tarde doada ao colonizador Gonçalo Gonçalves. Em 1617 foi edificada a Capela em homenagem a Nossa Senhora de Mont’Serrat. Em 1720, os então proprietários da Fazenda, após realizarem um reforma, oferecem a Capela a Nossa Senhora de Sant’Ana, que perdura até os dias de hoje.
Adormecida ao passar dos longos anos que a distanciam da época e da construção, a Capela de Sant”Ana que completa a importância da Fazenda, registra ainda, o espírito catolicista do povo português. Dentro do estilo colonial. A Capela tem em seu altar dois painéis de azulejaria original portuguesa, retratando, à direita, o pedido de casamento de São Joaquim à Sant”Ana (a vó de Cristo) e à esquerda, Sant’Ana ensinando Maria a ler, a capela é encimada por um frontão triangular, dominado por colunas ao lado, no qual encontra-se uma torre, com teto abobadado, possuindo abertura e contendo o sino, que replicava (hoje não existe mais este sino). A Capela de Nossa Senhora de Sant’Ana foi reformada pela última vez em 1805. O Corpo do padre holandês está sepultado desde 1750 na capela e o local possui dois painéis raros em estilo rococó.
A casa grande da Fazenda Colubandê, conta com 26 cômodos na parte de cima e 12 cômodos no subterrâneo, onde os escravos dormiam. O local ainda conta um orquidário e um painel em frente à piscina, obra da pintora Djanira.
A Fazenda Colubandê, atualmente, ocupando 122.141 m2 de área verde, no estilo de construção autenticamente colonial, erguendo-se em terreno teso, a Fazenda de típica varanda portuguesa, sustentada por colunas de ordem toscana, telhas canal, portas e janelas avermelhadas, incrustadas por gonzos originais, enfileiram-se evidencias aos grandes cômodos da historia casa que é evidentemente barroca. Tendo em suas dependências inferiores (subsolo), cômodos que se destacam por suas sombrias e tristes masmorras, no castigo proporcionado pelo senhor das terras.
Apesar de sua importância histórica, a Fazenda Colubandê está abandonada pelos governos Municipal, Estadual e Federal. Com este manifesto, defendemos a restauração e preservação da Fazenda Colubandê, por respeito à memória histórica do país, de São Gonçalo e de seus mais de 1.000,000 de habitantes (segundo dados do IBGE/2011). Ideia central é que a Fazenda Colubandê seja um espaço reservado para a valorização da memória do município de São Gonçalo, lugar esse que seria destinado para o reconhecimento da historia do município, do enriquecimento cultural da comunidade gonçalense.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é que a sociedade civil deseja que a Fazenda Colubandê seja um MUSEU, que por definição segundo o ICOM (Internacional Concil of Museums, uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade.