Abaixo-assinado Carta Aberta à Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores no Rio de Janeiro
Para: Membros do Setorial de Saúde do PT RJ
Prezados membros da Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores no Rio de Janeiro.
Considerando aliança política como acordo indispensável para alcançar objetivos e tendo em vista que a observação de princípios e bandeiras fundamentais dos partidos envolvidos é o que distingue alianças de simples adesões, o setorial de saúde do PT-RJ vem, há muito tempo, e como é do conhecimento dessa executiva, observando fatos e posturas do governo do Estado que se constituíram em claras agressões a princípios e bandeiras do nosso partido, criando dificuldades e envergonhando nossa militância.
Já em 2010 a maioria dos integrantes deste setorial tinha a firme convicção do quanto difícil seria uma verdadeira aliança com Sérgio Cabral, pois tínhamos a experiência de frustrações dos quatro anos anteriores de governo. É verdade que estivemos juntos na primeira eleição de Sérgio Cabral ao governo do Estado, em 2006. Afinal, naquela oportunidade tratava-se de derrotar a reeleição de uma governadora que, além de posturas muito pouco Republicanas, elegia Lula como o inimigo número um do povo do Rio de Janeiro.
Pensando o Estado do Rio de Janeiro, o Setorial de Saúde do PT reuniu-se, no dia 20 de março de 2010, na sede do SIMPRO, para elaborar propostas a serem incorporadas ao programa de governo do candidato Sérgio Cabral. Não foram poucos aquel@s que, mesmo não confiando, emprestaram o último fio de esperança para se construir uma aliança programática. E, assim, ao final entregamos duas laudas com o que entendemos essencial para o estabelecimento da aliança, ao integrante da Executiva Estadual (vereador Valdek, PT-Niterói) - responsável por acompanhar secretarias e setoriais na elaboração do programa de governo.
O fio de esperança, no entanto, partiu-se ao constatarmos que as duas laudas haviam se transformado em quatro secundárias propostas e que, pior, não haviam sido encaminhadas, pela Executiva, para o programa de Governo. Estava, assim, sepultada a esperança de que havia uma aliança programática.
A insatisfação da militância da saúde no Partido cresceu a níveis críticos quando, em um só movimento, o governo Cabral atropelou bandeiras do PT e encenou deixar nosso partido de joelhos. Tal foi o episódio da votação das OSs na Assembléia Legislativa.
Efetivamente, companheiros:
Não foi para diminuir, ainda mais, a transparência com a administração da coisa pública, que elegemos um governo;
Não foi para não ouvir, e desgastar o controle social na saúde, que fizemos uma aliança para governar;
Não foi para ver o fechamento de importantes serviços públicos, como o hospital Anchieta, hospital São Sebastião, no Cajú, Hospital do IASERJ, os 35 leitos do hospital Estadual de Barra de São João em Casimiro de Abreu, que trabalhamos;
Não foi para ver fechada a Escola Técnica de Enfermagem Isabel dos Santos, importante recursos de capacitação de profissionais de nível técnico para a área da saúde, que mobilizamos aquele fio de esperança na elaboração de um programa de governo;
Não foi para ver utilizados processos de soluções apenas rápidos, cosméticos e desumanos na atenção á saúde mental, que os mais ingênuos emprestaram seu tempo e defenderam, no início, a atual gestão pública Estadual;
Não foi para ver a acelerada privatização na saúde, que emprestamos nossa bandeira;
Não foi para tratar com desrespeito, atingindo o desdém, os profissionais de saúde, quer os da ativa, quer os aposentados - com defasagem salarial de dez anos -, e não ver a implantação do plano de cargos e salários, que emprestamos nossa honra;
Não foi para ver a piora de importantes indicadores de saúde, o aumento dos índices de tuberculose, de sífilis congênita, de letalidade pelo tétano (este diretamente relacionado ao fechamento do hospital São Sebastião), que emprestamos 33 anos de história do nosso partido!
Tudo isso, e muito mais que nossa história de partido abomina, encontramos na atual administração do Estado do Rio, o que nos dá a convicção que este governo faz mal à saúde, e a proximidade dele nos faz fracos perante a militância da saúde e a opinião pública.
Por estas razões, para ficar só no âmbito da saúde, somos pelo imediato, e já tardio, rompimento da aliança PT/PMDB no Estado do Rio de Janeiro.
Atenciosamente,
Setorial de Saúde PT-RJ.