Abaixo-assinado Contra a Cessação do Atendimento Social prestado na comunidade do Coque através da Unidade Recanto Feliz.
Para: Diretoria de Média Complexidade do IASC - Instituto de Assistência Social e Cidadania; Secretaria de Assistência Social; Prefeito da cidade do Recife
Nós, abaixo assinado, viemos por meio deste demonstrar nossa preocupação no que diz respeito ao fechamento do Espaço de Fixação Recanto Feliz, na última sexta, dia 23 de março de 2012, sem prévio aviso, localizado na Ilha de Joana Bezerra na comunidade do Coque, que atualmente atendia aproximadamente 60 crianças e adolescentes que não possuíam direitos garantidos e necessitavam do serviço para manter alimentação, evitar envolvimento com drogas e possibilitar que os pais trabalhassem durante o dia para manter a família. Algumas dependiam totalmente da assistência prestada pelo espaço, com alimentação básica, lazer, esportes, cultura e literatura, mesmo sendo vítimas de riscos sociais, vulnerabilidades e demais conflitos existentes da comunidade.
O espaço foi fechado por ordem da Diretoria do IASC (Instituto de Assistência Social e Cidadania) autarquia da Secretaria de Assistência Social do Recife - PE, com a justificativa que, em caráter emergencial, o prédio seria cedido temporariamente para algumas famílias desabrigadas. Como estava localizado em uma área cedida pelo SDS, o IASC foi impedido de levar as famílias para o local e no momento há uma negociação pra saber se o espaço continuará ofertando serviços da Assistência ou retorna oficialmente para a SDS. Os servidores foram informados que mesmo permanecendo com o IASC, o local não receberá mais crianças no formato que já trabalhava e até agora nenhum posicionamento ou encaminhamento foi feito com as crianças. As famílias não foram comunicadas e a necessidade de um equipamento como aquele é fundamental, mesmo com seus problemas de estrutura.
A população da comunidade do Coque, na Ilha Joana Bezerra, está indignada pela forma arbitrária que houve a cessação das atividades.
Foi dado uma justificativa de que a casa, cedida solidariamente há anos pela Secretaria de Defesa Social, seria readequada para receber atendidos do CREAS, população de rua e desabrigados. Fato que NÃO ocorreu, na segunda, dia 26 de março de 2012. Especula-se que a SDS não permitiu a readequação e mudança de projeto, e a entrada dessa população. É sutil perceber que o órgão prefere como era antes realizado o atendimento. Do mesmo jeito que a comunidade do Coque prefere o atendimento voltado aos adolescentes e crianças.
Vale lembrar que é nesta unidade que era atendido o caso de Lucas Kauã, sequestrado em 04 de setembro de 2010, que ganhou repercussão nas mídias pernambucanas.
Link da matéria: http://pe360graus.globo.com/noticias/policia/investigacao/2010/10/28/NWS,523246,8,298,NOTICIAS,766-DHPP-REVELA-DETALHES-SOBRE-SEQUESTRO-MENINO-LUCAS-KAUA.aspx
Até o presente momento, não temos projeto social que ampare os antigos usuários do Espaço Recanto Feliz. Crianças e adolescentes voltaram a viver em ruas, catando lixo, abusadas ao trabalho infantil semiescravo e perdendo totalmente a sua infância.
A comunidade do Coque exige providências e intervenção urgente dos órgãos competentes, para voltar o projeto Recanto Feliz, ou transferir os meninos/as para outros projetos sociais. Não queremos é que essa situação permaneça. Queremos o que foi tomado: uma infância humana ofertada aos usuários atendidos.
Queremos por fim, sensibilizar a comunidade no que diz respeito ao trabalho preventivo que era prestado em nome das crianças que estavam emocionalmente envolvidas e familiarizadas.
Equipe de Funcionários do Recanto Feliz.