Abaixo-assinado Causa Indígena Guarani Kaiowá
Para: Congresso Nacional do Brasill
Confesso que estou meio desesperada por tudo que venho lendo a respeito do descaso brasileiro com os Guarani Kaiowá. Para entender melhor o que vem acontecendo, já que a carta denominada como suicídio coletivo foi apenas o alarme que anunciou um processo massacrante, compareci ao debate “o luto e a luta dos povos indígenas” na faculdade de ciências sócias e filosofia da USP. Participaram na mesa Spency Pimentel (antropólogo), Dora Martins (representante do Juízes para democracia) e Oriel Benites (representante dos Guarani Kaiowá). Foi impossível segurar a emoção e tentar ouvir racionalmente o que eles estavam explicando. Meu coração não consegue compreender porque interesses econômicos conseguem sobrepor às questões humanas. Oriel relatou a situação com muita humildade, agradeceu a solidariedade dos brasileiros, falou que acredita nessa campanha conjunta porque sabe que sentimos a dor de seu povo e demonstrou muita firmeza na luta, que não tem perspectiva de cessar. Esclareceu: “Nós não queremos nos suicidar, já decidimos que não vamos parar de lutar pelas nossas terras, pois diferente dos brancos, não acreditamos que a terra nos pertence, somos nós que pertencemos à terra.”
A violência nas tribos é tamanha que não se consegue mais ver alegria no rosto das crianças. Diferentemente da sua infância, que ainda “tinha rio pra nadar, conseguia sentir o clima de natureza” hoje a preocupação dos pequenos é proteger seus pais dos tiros. Muitas estão traumatizadas e não conseguem nem ir a escola, com medo de que sejam mortas ou que matem os seus. Ele disse que é uma alegria quando encontram uma banana ou laranja pra comer e ficam com isso o dia inteiro, muitos estão vivendo de uma espécie de coquinho (não lembro o nome) que a terra dá. As condições realmente são muito precárias e por isso muitos jovens perdem a esperança e se suicidam. Sem falar nos pistoleiros que matam as pessoas e escondem seus corpos, impedindo as ritualísticas de despedida final, o que os entristece profundamente.
Oriel se questiona: Se hoje tem direito dos animais, não pode maltratar, quer dizer que índio pode? Índio não é nada?
Vale lembrar que os guarani kaiowá são a 2° maior população indígena do Brasil (média de 43.400). Resistindo a 512 anos de exploração e injustiça.
Fiquei me questionando como eles conseguem continuar de pé, com esperança de melhoras diante de um cenário como este. Pensando a partir da minha perspectiva, que muitas vezes fico abalada com coisas fúteis, não sei se eu teria essa força toda, esse amor imenso pelo povo que compõe a tribo. Eles têm outra concepção de vida, de Deus, de natureza, de comunidade. Nós temos que aprender a ser índio, porque nós esquecemos e causamos muito sofrimento por isso...
Temos dívida eterna com esses povos, precisamos nos mobilizar de todas as formas para que essa causa não seja esquecida. Oriel pediu, em nome de todos Guarani Kaiowá, que continuemos com as mobilizações das redes sociais, que escrevamos pra Dilma, apoiemos as organizações que estão à frente, assinemos o que for preciso... ressaltou que a solidariedade é muito importante, mas mais importante é a pressão política pela demarcação das terras e condições dignas de desenvolvimento como saúde e educação para que seu povo possa existir a partir do reconhecimento de sua condição de índio HUMANO e não índio bicho, estranho, nada, por todos setores da sociedade (especialmente o jurídico, que nega toda cultura indígena).
Em suas palavras: “nós sabemos que aquela floresta, aquele rio de fartura não vamos recuperar, mas nós queremos o pedaço de terra que está tomado pelo sangue de nossos antepassados. Tentamos reocupar aquilo que é da gente.”
Pessoas, vamos nos aproximar dessa questão, tomar conhecimento de forma responsável,participar dos debates, fiscalizar as ações do governo, nos reunir, discutir, mobilizar, orar, gritar, chorar, sorrir, o que for preciso pra aumentar e fortalecer essa corrente! Chega de dormir pra este fato, precisamos DESPERTAR PRA VIDA!
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Causa indígena
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