Carta aberta - Ciclistas de Salvador

Salvador vive um momento diferente quando se fala em mobilidade urbana. Há algum tempo vemos, de forma mais presente e constante, o vai e vem de bicicletas pelos parques, ruas, avenidas e praças de Salvador. O Salvador Vai de Bike é um exemplo disso, tornando possível, para muitos, o acesso às bicicletas, facilitando os deslocamentos para o trabalho, para casa, bem como propiciando momentos de lazer para famílias inteiras. Pessoas saíram do sedentarismo e descobriram nas bicicletas não só um meio de transporte e diversão, mas um meio de iniciar o processo de democratização no trânsito. Outros já usam suas próprias bicicletas, pedalando em busca de um tempo em que ônibus, carros, bicicletas e pedestres convivam de forma harmoniosa no trânsito.
No entanto, todo esse processo de estímulo ao uso de bicicletas como meio alternativo e sustentável de locomoção vem sendo seriamente ameaçado pela violência a que estão submetidos diariamente os ciclistas. Existem bicicletas de todos os valores, e os ladrões sabem disso, fazendo dos condutores alvos fáceis.
Alguns pontos de Salvador já são extremamente conhecidos pelo alto número de ocorrências de roubos a ciclistas. Os assaltos visam não somente a bicicleta, mas também dinheiro e celulares. Além disso, como se não bastasse o prejuízo material, não sou poucos os casos em que o ciclista apanha ou é agredido com facas e outras armas.
Um dos casos mais recente ocorreu no Parque de Pituaçu, no km. 6.5. Os frequentadores do parque sempre tiveram a crença de que, nos horários de maior movimento, o risco de assalto era menor, bem como que pedalar em grupo afastava ainda mais a possibilidade de uma abordagem. Ledo engano. No dia 16/02/2014, por volta de 12:00h, duas pessoas de um grupo de cinco foram abordadas por dois assaltantes. Uma delas sofreu um golpe de facão na mão e ambas tiveram roubados tanto seus pertences quanto as bicicletas alugadas.
No dia 05/02/2014, uma ciclista foi assaltada em Amaralina por dois rapazes. Deram um soco no peito da vítima, que caiu no chão e continuou sendo agredida. A bicicleta, nesse caso, não foi roubada.
São inúmeros casos, como são vários os locais preferidos para as abordagens. Os ciclistas já conhecem de cor os trechos que devem ser evitados em determinados horários e por quem está pedalando desacompanhado: antigo Aeroclube, curva da ciclovia em Amaralina, Av. Visconde de Itaboraí, ciclovia na Praia de Corsário, Boca do Rio, Pituaçu (Circo Picolino), Parque de Pituaçu (km 09, 11, 13 e 14).
Dessa forma, fica claro que é necessária uma ação específica para prevenir as ocorrências com ciclistas, como mapeamento dos locais de maior risco, rondas constantes, investigações para recuperar as bicicletas roubadas, inclusive com o registro específico do roubo a bicicletas, bem como a criação de grupo para apuração dos crimes e identificação dos receptadores.
Assim, como meio de garantir que o movimento em prol da popularização do uso da bicicleta não sofra um abalo por conta dos constantes casos de roubos em vários pontos da cidade, solicitamos uma reunião com a Guarda Municipal, a Polícia Militar, a Secretaria de Segurança Pública, a Secretaria Cidade Sustentável e o Escritório da Copa para que possamos discutir uma pauta e, juntos, elaborarmos um plano de ação em busca de uma cidade mais segura para os ciclistas.
Atenciosamente
Grupo de Ciclistas de Salvador

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