MANIFESTO DO TORCEDOR EM PROL DO FUTEBOL BRASILEIRO
Para: CBF e Governo Federal
Quem é o dono do futebol do Brasil? Essa pergunta, dependendo pra quem é feita pode gerar várias respostas: É da CBF! Da TV! Do Governo! Da Fornecedora de Material Esportivo! Mas nunca, seja quem for que responda este questionamento, vai pensar e dar a resposta certa: do torcedor!
Já passou da hora do torcedor, razão da existência da indústria do futebol brasileiro, ser ouvida e ter participação efetiva na discussão dos rumos do futebol nacional, não só na seleção brasileira, mas principalmente nos clubes, que só existem porque mexem com o sentimento pleno da paixão que todos temos pelo desporto e por nossas equipes. É esse sentimento que faz a indústria da bola arrecadar milhões que permitem sua manutenção. Então, porque é tão difícil respeitar o sentimento do torcedor, se é ele o principal cliente e o principal fornecedor de recursos, de forma direta e indireta, do futebol nacional?
O futebol brasileiro não aprendeu nada com o 7 a 1 de dois anos atrás, na segunda Copa dentro de nosso território, uma mácula na história mais perfeita do futebol no mundo. Afinal, nada mudou. Nossa seleção continua a mesma. A direção do futebol nacional afastada ou presa no exterior. Os jogos acontecem nos piores horários afastando os torcedores dos estádios. As partidas acontecem com transmissão simultânea, não permitindo ao torcedor apreciador do desporto acompanhar ao vivo pela TV dois jogos importantes. Os clubes continuam sofrendo com times formados por veteranos em fim de carreira e por jovens que sobem das categorias de base despreparados para o futebol em alto nível. Sim despreparados. Afinal, há quantos anos não revelamos um craque? Os resultados disso estão aí: estádios vazios, aumento do interesse pelo futebol europeu, baixa identificação dos torcedores com jogadores brasileiros, queda da audiência dos jogos na televisão, entre muitos outros.
Vivemos um país onde reina a cultura do “jeitinho”. Todo mundo que dar um “jeitinho” em sua própria vida e não pensa no coletivo. No futebol, isso se evidência claramente. È dirigente ficando rico, é jogador sendo usado por empresários, são dirigentes roubando medalhas, são acordos por votos, são venda de jogos pra patrocinadores, são emissoras comprando diretores para manter direitos de transmissão, são atletas que passam as pernas nos clubes, tudo isso pensando exclusivamente em seu próprio interesse e não no coletivo. Até exportar esse “jeitinho” conseguimos no futebol, haja vista as recentes denúncias na FIFA sempre envolvendo personagens marcantes na história do futebol nacional. Tá na hora de dar um basta!
Diante desse quadro, convocamos os torcedores do futebol nacional, os amantes da seleção brasileira e dos nossos clubes a agir! Para tanto, criamos o movimento Independência Futebol Clube, que busca salvar nosso futebol do ostracismo que está fadado e assim resgatar a ousadia e alegria do futebol brasileiro.
Para tanto, elaboramos um manifesto com 12 eixos, 12 para marcar que a torcida, considerada o 12 jogador, não pode se calar diante da discussão de sua maior paixão que é o jogo de futebol. Confira:
1 – Política
- Eleição direta para presidente da CBF e dos clubes.
- Criação da Liga dos Clubes.
- Organização do Campeonato Brasileiro exclusivamente pela Liga de Clubes.
- Melhora na relação entre os dirigentes de todos os clubes brasileiros.
- Maior participação dos sócios e torcedores na vida dos clubes.
- Criação de um conselho de notáveis para discutir assuntos importantes inerentes ao futebol brasileiro, com participação de atletas, dirigentes, jornalistas, profissionais e torcedores.
- Participação do torcedor na Agência Reguladora do Futebol do Governo Federal que entrará em vigor.
- Transparência obrigatória nos contratos firmados pelo desporto e suas marcas.
- Transparência obrigatória nas negociações entre clubes e ligas com as televisões.
- Estreitamento da relação dos clubes com os poderes constituídos do país.
- Criação de categoria especial de trabalhador para os jogadores e árbitros de futebol.
- Fomento de uma liga nos modelos norte-americanos como NFL e NBA, com padronização de ações visando o equilíbrio do jogo e melhor comercialização do mesmo.
2 - TV
- Fim da exclusividade de uma emissora de televisão nas transmissões de jogos.
- Maior variedade de jogos transmitidos nas televisões abertas, evitando a polarização de determinados clubes.
- Diversificação de horários de jogos, permitindo mais transmissões de partidas em momentos diferentes do dia e da semana.
- Transmissão dos principais Campeonatos Estaduais e Regionais para o Brasil inteiro.
- Espaço mais igualitário para os clubes nas grades de programação das televisões.
- Transmissão de jogos da Série B e C.
- Transmissões obrigatórias de jogos de futebol feminino.
- Mais espaço aos clubes da Séries B e C nas grades de programação das televisões.
- Maior visibilidade aos patrocinadores dos clubes nas televisões.
- Valorização de todos os clubes nos contratos de transmissão.
- Transmissão de jogos pela internet.
- Transmissão aberta a todas as emissoras de campeonatos regionais de segunda divisão e da Série C do nacional.
3 - Futebol Arte
- Criação, por parte da CBF, do Padrão Brasil, uma base de conceitos de formação de jogadores a serem utilizados em todas as categorias de base da seleção e dos clubes.
- Implantação, por parte da CBF, de escolinhas de futebol, seguindo o Padrão Brasil, espalhadas pelo País, em parcerias com Estados e municípios dentro de uma política nacional de valorização e inclusão social do futebol.
- Realização de seminário anual com os principais nomes do futebol brasileiro debatendo a prática do mesmo e acompanhando o que é desenvolvido dentro de campo no país e no exterior.
- Criação de programa de incentivo a constante atualização dos profissionais do futebol brasileiro.
- Promoção de palestras pelo Brasil com os principais nomes do futebol a fim de distribuir melhor pelo país e fomentar a indústria do futebol.
- Programa de intercâmbio obrigatório entre os profissionais de clubes do Brasil.
- Criação de lei que não permite saída de atletas do país antes dos 23 anos.
- Obrigatoriedade dos atletas de categorias de vase jogarem futsal e campo até os 14 anos.
- Implantação de aulas de freestyle nas escolinhas nacionais a fim de desenvolver o talento e trazê-lo para os campos.
- Criação de prêmio para os clubes que valorizarem em suas equipes a verdadeira vocação do futebol brasileiro que é o drible e o futebol ofensivo.
- Criação do Prêmio “Mané Garrincha” para o melhor drible do Brasil em jogos oficiais e em peladas, valorizando a participação do torcedor e vinculando a paixão pelo futebol ofensivo.
- Construção do Centro de Futebol Arte, para aprimoramento constante do talento individual do jogador.
4 – História
- Criação do Museu do Futebol Brasileiro itinerante.
- Maior valorização e participação de ex-jogadores nos clubes, na CBF, nas ligas e em toda estrutura.
- Programa de auxílio da CBF e do Ministério do Turismo, com fomento pelo BNDES, para que os principais clubes do Brasil criem ou modernizem seus museus.
- Recriação da Seleção Brasileira Master, composta por ex-craques da Seleção Brasileira, nos moldes da que já foi mantida pelo saudoso jornalista Luciano do Valle.
- Programa de incentivo do Ministério da Cultura e do Esporte para a realização de documentários que envolvam o futebol e a história dos principais ídolos deste desporto.
- Programa de incentivo do Ministério da Cultura e do Esporte para o lançamento de livros biográficos que envolvam o futebol e a história dos principais ídolos deste desporto.
- Criação de datas em todos os clubes para valorização de ídolos, inclusive com ações promocionais nas partidas, com prêmios para caracterizações e a presença dos mesmos mostrando o respeito ao passado.
- Criação por parte da EMBRATUR de pacotes turísticos de futebol que englobem jogos, museus e bate-papos com atletas que construíram ou que ainda constroem a história de nosso futebol.
5 - Futebol Feminino
- Fortalecimento do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e dos campeonatos estaduais com as principais marcas do futebol nacional participando de maneira obrigatória da Liga de Futebol Feminino.
- Manutenção das principais jogadoras no país a fim de valorizar a competição nacional, criando atrativo para a mesma.
- Fim da Seleção Permanente de Futebol Feminino, valorizando o trabalho dos clubes.
- Incentivo aos clubes que mantém a modalidade no País.
- Preliminares ou segundo-jogo após as partidas do futebol masculino a fim de atrair público e facilitar transmissões televisivas.
- Maior apoio das empresas privadas e estatais.
- Maior investimento em estrutura para o futebol feminino, com CTs próprios e o desenvolvimento de profissionais especializados.
- Criação de escolinhas de futebol feminino espalhadas pelo país, custeadas pela CBF, Ligas e Clubes.
6 - Seleção Brasileira
- Técnico eleito pelo voto popular para ciclos de Copa do Mundo, com mandato de quatro anos.
- Técnico da seleção principal não é da Olímpica.
- Estilo de jogo baseado no que há de mais moderno no futebol mundial, aliado as principais características do futebol brasileiro: alegria, dribles e ofensividade.
- Mais jogos em território brasileiro, diversificando Estados e Estádios.
- Treinos abertos ao público.
- Sessões de autógrafos aos torcedores.
- Valorização dos jogadores que atuam no futebol brasileiro.
- Constante intercâmbio dos profissionais de futebol com os principais clubes e seleções do mundo.
- Diminuição do preço dos ingressos para as partidas.
7 – Futebol de Base
- Visitas mais frequentes de representantes da CBF pelos clubes do Brasil, a fim de verificar as novidades e o nível do futebol praticado pelas categorias de base dos clubes.
- Criação de campeonatos brasileiros e regionais de todas as categorias.
- Implantação do Padrão Brasil em todas as categorias.
- Conscientizar os clubes sobre a necessidade de investir na educação dos jovens, obrigando os clubes a manterem escolas em sua estrutura.
- Realização de campeonatos para garotos em cidades onde o futebol é menos desenvolvido no País.
8 – Marketing
- Mudança da visão que os clubes têm do torcedor: devem ser vistos como consumidores.
- Campanhas pela conscientização do torcedor para a compra de produtos oficiais e melhor fiscalização.
- Venda de Namming Rights dos estádios e competições.
- Transformar a ida do torcedor ao estádio em verdadeiros espetáculos, com shows e eventos no intervalo e antes das partidas.
- Ampliação dos produtos licenciados dos clubes, com venda cassada como faz as ligas norte-americanas.
- Excursões dos clubes (com equipes de base ou equipes B) para cidades do interior do país, a fim de divulgar os clubes e o próprio futebol brasileiro.
- Adoção de empresas parceiras, com apenas uma marca na estampada na camisa, ao invés de patrocinadores que tornam os uniformes macacões de automobilismo sem resultado para as marcas.
- Fortalecimento do vínculo dos ídolos com os clubes, através de produtos diferenciados.
- Criação da Agência Exportadora do Futebol Brasileiro para venda de produtos e transmissões dos torneios do país para o exterior.
9 – Calendário
- Fim dos jogos em horários que não atraiam torcedores aos estádios, como 22 horas.
- Distribuição de partidas ao longo da semana e de horários, permitindo maior audiência televisiva.
- Adequação ao calendário europeu, a fim de evitar saídas durante o meio das competições.
- Melhor elaboração dos Regionais e Estaduais.
- Período disponível para os clubes excursionarem no exterior.
10 – Estádios
- Maior segurança para os torcedores dentro e nos arredores dos estádios.
- Criação do Espaço Família, com ingressos populares.
- Obrigatoriedade de Espaço Kids, para crianças, em todos os estádios a fim de permitir aos adultos acompanharem ais tranquilos as partidas.
- Criação de espaço para estacionamento de bicicletas e motocicletas.
- Apoio dos governos para a modernização dos estádios, através de linha de financiamento do BNDES.
- Padronização no nível dos serviços oferecidos durante os jogos (compra de lanches e bebidas, acesso ao estádio, localização do acento comprado, entre outros).
- Introdução de segurança privada, os chamados Stewards, ao invés do uso da Polícia Militar.
11 - Campeonatos
- Introdução de regra que permita apenas uma troca de técnico por clube por competição.
- Introdução da tecnologia para diminuir erros de arbitragem dentro do que é permitido pela FIFA.
- Julgamentos de expulsões e punições mais rápidos.
- Transmissão ao vivo pela internet dos julgamentos do STJD e do TJD.
- Punições com perdas de pontos e mandos para clubes cujas torcidas promoverem atos de racismo, vandalismo ou violência antes, durante ou depois dos jogos.
12 – Arbitragem
- Profissionalização dos árbitros.
- Introdução de mais um árbitro no campo de jogo, fazendo com que sempre tenha um juiz perto dos lances.
- Punições a árbitros que cometam erros.
- Transmissão ao vivo pela internet de todos os sorteios que definem os árbitros da rodada.
- Instituição da súmula eletrônica antes dos jogos, indicando quais atletas estão aptos legalmente para as partidas.
Convidamos todos os amantes do futebol brasileiro a assinarem nosso manifesto e a participarem de nosso movimento.