Abaixo-assinado não à negação da existência da alma humana
Para: humanos
Vamos dizer não à negação da existência da alma humana!
A existência da alma humana não é um figmento da imaginação, desenvolvido para nos amparar do frio existencial, mas uma realidade que muitos não querem discutir por ter perdido confiança, com boa razão, nos sistemas religiosos prevalecentes.
As infinitas discussões sobre este assunto têm afastado as pessoas da procura de uma resposta convincente, permanecendo assim numa angustia interior que leva à apatia e alienação, negando a essência da vida e aprofundando o sentido de inutilidade e desespero, frente à entrega diária à banalidade e às brutalidades sociais. Sem rumo, o individuo perde seus referenciais por não se oferecer a oportunidade de sentir e apreciar sua própria transcendência.
Mas o que é que nos oferece maior alegria, ao ponto de experimentar a condição do mais alto grau de satisfação e sentido de plenitude, do que o sentimento puro logo depois de ter ajudado alguém em apuros? Será que nós criamos isto? Este sentimento também é fictício, artificial, ou faz parte de uma urdidura interna real e indescritível, porém bem viva dentro de nós?
Tendo procurado literalmente além dos 7 mares, cheguei às praias de um novo conhecimento que, por sua profundidade, coerência e beleza me arrebatou e levantou aos pináculos de uma percepção aguçada, quando cheguei a ler:
"Havendo criado o mundo e tudo que nele vive e se move, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absoluta e soberana, se dignou conferir ao homem a distinção e capacidade incomparáveis de conhecê-Lo e amá-Lo - capacidade esta que há de ser vista como o impulso gerador e o desígnio primário que baseia toda a criação." Dos Escritos de Bahá’u’lláh.
Entre todas as alternativas possíveis da existência e condição humanas, comprovadas ou não, porque não aprofundar e testar esta? Se estiver dotado de tal capacidade incomparável de vir a conhecer e amar um Ser superior - e se este conhecimento e amor me são oferecidos por meio de um sentimento concreto de indescritível alegria ao ajudar alguém sem ser solicitado -, não posso considerar isto como evidencia ou confirmação da minha busca por sentido? E também, não faria sentido que uma entidade criadora pudesse ter um impulso que gerou a criação e experimentasse um desígnio original, primário? Seria tão terrível esta possibilidade? Mais um figmento da nossa imaginação?
E o que seria, dentro disto, a realidade e natureza da alma? Novamente o referencial aqui está na obra de Bahá’u’lláh:
"Sabe tu, em verdade, que a alma é um sinal de Deus, uma jóia celestial cuja realidade os mais eruditos dos homens não conseguiram apreender e cujo mistério mente alguma, por aguçada que seja pode esperar jamais desvendar."
Enfrentar o mistério é, talvez, o ato mais corajoso e sensato do qual o ser humano seja capaz. Reconhecer suas limitações também exige coragem, temperada com sabedoria. Nem tudo pode ter uma explicação, tanto menos uma teoria simplista ter a pretensão de explicar algo que transcende explicação, mas que encontra ressonância na sensação de plenitude que podemos experienciar nos momentos mais sublimes. A complexidade impera nos ecossistemas e na organização cósmica, na ordem impressionante da natureza, será que ela não está excedida na realidade da existência humana?
A alma,revela Bahá'u'lláh:
"Entre todas as coisas criadas, é a primeira a declarar a excelência do seu Criador, a primeira a Lhe reconhecer a gloria, a aderira à Sua verdade e a primeira a curvar-se em adoração diante dELe."
Como é que a consciência humana, a mente racional, pode negar a existência dos sentimentos mais nobres e puros que permitem que nós entreguemos nossa vida e a ofereçamos a uma causa?
Este campo de treinamento, chamado vida, exige que nos enfrentemos o desconhecido, mas que apliquemos, sem dúvida, os rigores da razão. Ao mesmo tempo esta mesma razão não pode negar a existência dos mais profundos sentimentos humanos, evidenciados historicamente por figuras imponentes, dotados de raros poderes e conhecimentos, que modificaram bilhões de pessoas por milênios, os grandes Educadores Universais, as figuras messiânicas que pontuaram nosso percurso coletivo. Khrishna, Zoroastro, Buda, Maomé, no oriente, Abraão, Moisés e Cristo na cultura ocidental, se nos impõem com sua coerência de vida e ressonam os mesmos princípios espirituais eternos. Todos, invariavelmente, foram perseguidos, expostos ao escárnio social, junto com seus seguidores imediatos, todos descortinaram para nós mundos outros, aumentaram nossas susceptibilidades e percepções, nos ensinaram sobre a transcendência.
E se, de fato, existisse uma vida após a morte? Seria tão absurdo pensar nesta probabilidade? Pois é exatamente isto que todos eles nos disseram, tentaram nos ensinar, alertar! Porque todos se deixariam torturar e perseguir, mesmo tendo demonstrado poderes incomuns e completa coerência entre seus ensinamentos e suas vidas, e nos ensinariam inverdades, que sentido haveria nisto?
"Assim como ele se preparou no mundo do ventre, adquirindo os poderes necessários para esta esfera de existência, da mesma maneira, os poderes indispensáveis à existência divina devem ser atingidos potencialmente neste mundo." ‘Abdu’l-Bahá
Presos como estamos, no ventre da mãe natureza, pouco ou nada sabemos, na nossa condição fetal, do que nos espera após esta etapa. O propósito da vinda e do sofrimento destes maravilhosos educadores tem sido unicamente para nos alertar da nossa condição e do legado da transcendência à qual não temos apenas direito, mas privilegio e não opção, mas reconhecimento e esforço em dela usufruir.
Ao mesmo tempo eles têm nos propiciado princípios e elementos necessários e suficientes para desenvolver uma matriz social em constante evolução, vindo a envolver em seu tempo, a globalidade da raça humana, para a governança do planeta, seus povos e seus recursos com justiça e equilíbrio.
Unidade em visão e propósitos, eis a meta de uma humanidade que, hoje privada da sua transcendência pelo materialismo e racionalismo limitado e limitante, clama por sentido e justiça, ambos ao nosso alcance se nos levantarmos para assumir nossa condição privilegiada.
Portanto, vamos dizer não à negação da existência da alma humana!