Abaixo-assinado contra a discriminação do MEDCURSO em relação à Medicina de Família e Comunidade
Para: Conselho Federal de Medicina
Assim como a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), também solicito que a empresa Medgrupo, responsável pelo curso preparatório para concursos de residência médica Medcurso, retire os textos e imagens, encontrados na apostila MED sobre o Sistema Único de Saúde, com teores discriminatórios tanto contra o médico da atenção primária de saúde, quanto contra a especialidade de Medicina de Família e Comunidade.
Levando em conta o alcance desse conteúdo entre estudantes de medicina do Brasil, Argentina e Bolívia, países em que há unidades do Medcurso, e que segundo essa própria empresa, 90% das vagas de residência médica no Brasil são ocupadas por egressos do Medcurso, entendo que este tom depreciativo configura produção de juízo de valor desnecessário, valores que permeiam sentidos e escolhas entre os estudantes de medicina e que impunemente, ou não, auxiliam a desvalorizar a Medicina de Família e Comunidade enquanto especialidade.
Os tons depreciativos abordam questões como:
a) equipe multiprofissional, discriminando também a profissão de enfermagem;
b) a fantasiosa associação direta entre médicos da Atenção Primária à Saúde com as recentes experiências políticas de governos socialistas na América do Sul, Venezuela e Bolívia, ridicularizando inclusive essas experiências de forma caluniosa;
c) a suposta relação entre a Medicina de Família e Comunidade a uma baixa complexidade técnico-assistencial;
d) o suposto constrangimento de médicos de família e comunidade diante dos colegas de outras especialidades apenas pelo fato de trabalharem na Atenção Primária à Saúde;
e) a população pobre brasileira, havendo um tom depreciativo e vergonhoso contra essa classe sócio-econômica.
Dessa maneira, solicito não apenas a retirada imediata desse tipo de conteúdo dessa apostila em questão, como também um pedido público de desculpa devido a esse tipo de conduta.