CONTRA O USO DE FOGOS DE ARTIFÍCIO COM ESTAMPIDO E ARTEFATOS PIROTÉCNICOS RUIDOSOS EM QUELUZ/SP
Para: Prefeitura Municipal de Queluz
Sabemos que há 145 anos, a tradicional queima de fogos no São João de Queluz/SP encanta moradores e visitantes. O dito maior São João do Vale, ainda que carregue essa forte tradição, pode e deve passar por reformulações para acompanhar as discussões e novas demandas da sociedade.
De acordo com a autora Luvizotto (2010), a tradição é conjunto de sistemas simbólicos passados de geração pra geração, devendo ser compreendida como algo dinâmico e não estático, para, assim, organizar o mundo para o futuro. Para Hobsbawm e Ranger (1997), citados por Luvizotto (2010), toda tradição é uma invenção que surgiu em algum lugar do passado, podendo ser alterada em algum lugar do futuro. Percebe-se, a partir disso, a necessidade de se reavaliar algumas práticas retrógradas ainda vigentes no município de Queluz/SP.
A 145ª Festa de São João Batista de Queluz teve, em seu encerramento, mais de 20 minutos de queima de fogos; sendo parte da atração, também, muitos foguetes, que fazem barulho pra nada, já que não tem efeitos visuais para além da fumaça.
O barulho causado pelos fogos e rojões em muito afeta a saúde física e psíquica de idosos, doentes, bebês e crianças; além de comprometer a saúde de diversos animais, domésticos e silvestres como cães, gatos e aves, cujo aparelho auditivo é bastante sensível, levando muitos deles ao óbito.
Além disso, é muito importante pontuar como é recorrente pessoas que manuseiam esses materiais se acidentarem, perdendo dedos, mãos ou sofrendo queimaduras.
É possível festejar e comemorar sem agredir! Já são fabricados, nos dias atuais, os chamados fogos “de vista”, que produzem efeitos luminosos sem explosões.
Em maio deste ano, o prefeito Bruno Covas (PSDB) sancionou um projeto de lei (nº 97/2017) que proíbe o uso de fogos de artifício ruidosos na cidade de São Paulo. Cidades como Santos, Ubatuba, Campos de Jordão e Campinas também tem leis similares desde o ano de 2017. Por que motivos Queluz viraria as costas para esta proposta?
Essa petição pública tem o intuito de servir como pontapé inicial para um projeto de lei que vete o uso de fogos de artifícios ruidosos, rojões e outros artefatos pirotécnicos com efeito sonoro no município de Queluz/SP.
O texto final poderá contemplar, também, maiores especificações sobre os fogos com ruídos de baixa intensidade, e prever multa aos infratores.
É chegada a hora de rever algumas práticas a fim de acompanhar e promover a reflexão crítica sobre os costumes e cultura da cidade. Somente assim será possível, de fato, DESENVOLVER QUELUZ.
REFERÊNCIAS
LUVIZOTTO, CK. As tradições gaúchas e sua racionalização na modernidade tardia [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. Disponível em: http://books.scielo.org/id/cq8kr/pdf/luvizotto-9788579830884-06.pdf. Acesso em: 25 jun. 2018.
RONCOLATO, M. Por que a cidade de São Paulo proibiu fogos de artifício barulhentos. Nexo Jornal [online], [s.l.], 23 maio 2018. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/05/23/Por-que-a-cidade-de-S%C3%A3o-Paulo-proibiu-fogos-de-artif%C3%ADcio-barulhentos. Acesso em: 25 jun. 2018.
IMAGEM DE CAPA RETIRADA DA PÁGINA DA PREFEITURA NO FACEBOOK.
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