Carta de declaração de voto nas eleições para presidente do Brasil
Para: Sociedade Brasileira
Nossos colegas, trabalhadores na educação pública de Minas Gerais, conhecedores do modelo de gestão PSDBista responsável por sucatear escolas, já nos advertiam em carta aberta: “O que o Aécio fez em Minas não serve para o Brasil”. Aqui, não repetiremos os sólidos argumentos apresentados nesta referida carta, mas diante da atual conjuntura política, sentimo-nos no dever de expor as razões pelas quais repudiamos um eventual governo Aécio Neves.
Na contramão da política externa empreendida pelo governo do PSDB (1995-2002) – caracterizada pela subserviência aos blocos hegemônicos, falta de protagonismo na tomada de decisões do cenário internacional e distanciamento dos projetos de cooperação regional na América Latina – o governo Lula (2003-2010) aprofundou as relações regionais e globais com o Sul. Tal postura significou uma maior diversificação das relações econômicas, inclusive com a passagem histórica da condição de devedores a credores no Fundo Monetário Internacional, além de protagonizarmos a consolidação dos projetos de integração da América Latina.
Neste contexto histórico surge, em Janeiro de 2010, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA); uma das 18 novas universidades criadas ao longo dos doze anos de governo petista. Aqui, em Foz do Iguaçu/PR, na Tríplice Fronteira, acolhemos atualmente cerca de 1400 estudantes. Destes, aproximadamente metade são alunos oriundos de 10 outros países da América Latina. Aqui, estudantes de graduação e pós-graduação da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Paraguai, Perú, Uruguai e Venezuela, além dos estudantes brasileiros, partilham a diversidade cultural latino-americana
Em agosto de 2014, colou grau a turma histórica dos três primeiros cursos de graduação. A maioria deles foram os únicos em suas famílias a possuir um curso superior, corroborando o atestado irrefutável da recente democratização do acesso à universidade gratuita e de qualidade. Nosso público expressa a recente expansão de direitos ao ensino, contemplada por jovens em condições socioeconômicas desfavoráveis. Este cenário universitário democrático só foi possível ser engendrado graças ao ousado investimento do governo federal em educação superior pública feita nos anos do governo Lula e, posteriormente, no governo Dilma; projeto que estaria sob ameaça em um eventual governo do PSDB liderado por Aécio Neves, o mesmo gestor que sucateou a educação pública em Minas Gerais e o mesmo partido que vem fragilizando as universidades estaduais paulistas.
O que nos distingue das novas universidades pertencentes ao sistema federal de ensino é o nosso projeto, cujos princípios são regidos pela integração regional, pela cooperação solidária, pela interculturalidade e pela interdisciplinaridade. A ausência de investimento nos transformaria em uma universidade comum, isto se continuássemos a existir.
Por isso, nós, da comunidade acadêmica da Unila, colocamo-nos para além do muro. Pelos motivos expressos neste documento, entendemos que votar em Aécio é retroceder. Assim, declaramos voto em Dilma no segundo turno das eleições a presidente do Brasil.