Pela mudança das regras de apoio do ICA para os pequenos produtores e produtoras

O ano de 2020 é um ano tumultuoso, de protesto, sobrevivência e reivindicação da cultura em Portugal. Nesse sentido, escrevo este texto.

No final de Janeiro de 2020, decidi reabrir a produtora, mas desta vez sozinha, para poder ter autonomia nos meus projectos, algo que me orgulha muito visto que a “Terremoto Produções LDA” é a primeira produtora europeia que trabalha conteúdos LGBTI+ e de minorias.
Desde então, já submeti vários projectos junto destas entidades mas não consegui obter aprovação num único dos vossos concursos. Acredito que os meus projectos não são maus ou pecam por falta de qualidade, já que todas as curta-metragens que fiz, estão e estiveram em festivais internacionais e já fui vencedora em dois, Shangai Pride e HIVID ( Itália).

Deixo aqui alguns exemplos:
Winner Xangai Pride, Bebop TV, LGBTQ Short Film Festival, Winner Hivid Against Stigma, Essential Stories, FLICKFAIR, The VIRUS of Hate, Make Art Not Wear Teaser Future Film Festival, Canada’s Yes! Let’s Make a Movie Film Festival, Grounded Film Festival, Enfoque Unidos Short film Festival, Best of Latin America Short Film Festival, KASHISH Mumbai International Queer Film Festival, Proto & Co, Poy Latam, Al Thaqalayn Film Festival, Prato Film Festival, Mequinensa International Film Festival, Sei Stories 2021, Cortisonic International Short Film Festival, Dance Film Festival Prague, Nos vemos en 16:9, Side Reel Film Festival, Japan world’s Tourism Film Festival, IE short Film festival, Youth Diversity Film festival, CLAM, Catalonia Social Film Festival, New Generation Film Festival, Zeitimplus Shortfilm, cartoon Club, AnifestARGJIRO2021, Journeys Into Film, Launceston International Film festival, NIF CONTEST BIELLA, Istanbul International Experimental Film Festival, Go Mental! International Short film Festival, Color’s of Love International Queer Film Festival, Umano Cinema Shorts - Film festival, San Francisco Greek Film festival, International Science Film Festival of India, SPLIFF film Festival...
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Curiosamente, quando verifico a lista de aprovados nos vossos concursos, constato que sempre são os mesmos que ganham, grandes produtores/produtoras.?
Levanto assim algumas questões:
- Vale a pena reivindicar algo que não é para um bem comum? Por exemplo, durante a 1ª vaga da pandemia, apenas alguns privilegiados continuaram trabalhando. Não acho que seja errado, acho é errado que a maior parte dos artistas que vimos em protesto são os mesmos que sempre continuaram a trabalhar!?
- Porque são sempre grandes produtoras/produtores os contemplados nos concursos do ICA? Será que os projectos, guiões ou conteúdos são assim realmente tão bons, tão aliciantes para vocês e para o público, ao ponto de desconsiderarem pequenas produtoras? Será que uma pequena produtora não conseguiria até ter projectos melhores, guiões mais dinâmicos, conteúdos mais aliciantes e mais atractivos que as maiores? Acredito que, infelizmente, os profissionais do ICA não dão a devida e merecedora atenção aos pequenos criadores. 
- Mas será que as grandes produtoras não começaram também por ser pequenas??

Acho que seria proveitoso dar algumas sugestões mais inclusivas, para tentar ajudar centenas de colegas de profissão a terem alimento na mesa:?
- Se o contemplado num concurso for um/uma grande produtor/produtora, teria que co-produzir com um/uma pequena produtor/produtora obrigatoriamente. Assim, nós “pequeninos” poderemos também gerar portefólio e receita para produzirmos, já que sem as nossas obras, não temos portfólio, e sem isso não somos aprovados em concursos.
- Exijam que as equipas, tanto técnicas como artísticas, sejam revezadas. Dessa maneira, vários profissionais poderiam trabalhar, misturando gerações mais novas e mais “velhas”, e gerando profissionais qualificados, com experiência, e com capacidade de serem remunerados com dignidade pelo seu trabalho.
- Exijam que os projectos sejam inclusivos: todos precisam trabalhar independentemente da etnia, género ou preferência sexual!
- Promovam concursos com menores valores de produção, ao invés de darem valores tão altos. Fraccionando mais, mais produtoras terão a chance de ver os seus projectos aprovados. Consequentemente haverá trabalho para mais pessoas, mais conteúdos produzidos e mais conteúdos a darem visibilidade à cultura portuguesa no mundo.?
Vi um post recentemente em que se relatava que só após 40 anos, um homem conseguiu aprovar o seu guião no ICA. É inacreditável e lamentável em todos os sentidos das palavras…?
Agradeço o tempo que tiraram para ler este pedido/desabafo. Se queremos ter um mundo mais justo, devemos pensar que todos nós precisamos de ter oportunidades, e que se não for assim, muitos continuarão apenas sobrevivendo.
Se concordarem com algumas destas ideias, assinem esta petição.

Pela cultura e pela arte!

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